SitRep BolsoNazi – ABR/2017, por Arkx
– o Golpe de 2016 marca o fim do sistema de poder gerado pelo processo de saída da Ditadura Civil-Militar (1964/1989), com a redemocratização inconclusa desembocando numa Nova República tão arcaica quanto a atual Nova Política Bolsonariana;
– a Guerra de Famiglias não encerrará antes de se estruturar um novo sistema de poder, processo que se arrasta desde o Golpeachment (2016);
– após o Golpe de 2016 não mais resta qualquer legitimidade no poder constituído e as instituições entraram em colapso progressivo;
– com o véu constituinte em farrapos, Executivo, Legislativo, Judiciário estão despidos de qualquer poder emanado do povo, alinhados a serviço de um único poder: o setor dominante brasileiro. com o centro de seu núcleo formado pelos banqueiros e rentistas, exportadores de commodities (agronegócio, pecuária, mineradoras) e o Capital Transnacional Financeirizado;
– manipuladas por todo tipo de fraudes, as Eleições de 2018 longe de restaurar qualquer legitimidade aos poderes constituídos apenas aprofundaram sua decomposição;
– o poder que dá o golpe, não é o poder que consolida o golpe. um golpe se institui pela força e só um contra-golpe pode superá-lo, ainda que seja para consolidá-lo sob outra de correlação de forças e gestão executiva;
– para ter um mínimo de legitimidade, e portanto ser minimamente funcional, um novo sistema de poder exige um nível de participação popular, exato o que o setor dominante brasileiro não mais admite. sendo assim, o novo sistema de poder necessariamente tende a se configurar como um Estado de Exceção;
– enquanto o novo sistema de poder não se estabiliza, as diversas facções em luta, desde o STF até a Lava Jato & Associados, passando pelo Bolsonarismo e pelos Generais, disputam entre si não apenas pela função de gestores executivos da crise do Capitalismo no Brasil, como, principalmente, por uma necessidade de sobrevivência;
– para o setor dominante não importa a preponderância de qualquer das facções em luta, desde que todas operacionalizem o mesmo projeto neo-colonial e semi-escravagista, extirpando do Brasil qualquer vestígio de soberania popular;
– ainda assim, uma das facções leva nítida vantagem sobre as demais: os Generais. por outro lado, este mesmo grupo militar é também o que dispõe da maior relativa autonomia frente ao setor dominante, por serem os “profissionais do violência”, detentores do monopólio do braço armado do Estado;
– no momento o grupo militar (os Generais) configura-se como um rígido quadrado incapaz de equacionar o dinamismo da crise brasileira: o “legalista” Villas Boas, o “nacionalista” Heleno, o “racional” Mourão e o comandante de ligação com o Deep State (Etchegoyen);
– após as sucessivas intervenções militares, o estado de calamidade pública do Rio de Janeiro, e não apenas na área de segurança, é a prova tangível do despreparo dos Generais para gerir a complexidade de um Brasil em escombros;
– para os Generais já não há nenhuma outra escolha a ser feita: ou uma Ditadura aberta ou o alinhamento com a Nação e o Povo;
– não haverá nenhuma solução para o Brasil que passe pela inviável restauração de algum mítico centro democrático. ao contrário, já passou há muito o momento de nos livrarmos em definitivo das ilusões com a Democracia Liberal Representativa. nenhuma pax nos salvará;
– enquanto afundamos mais e mais no caos, a Teocracia Neo-Pentecostal, inclusive seu ramo militar, acalenta tomar parte do Armagedon: a guerra do fim do mundo entre os eleitos de Israel e todos os ímpios da Terra;
– não contem com a misericórdia de Deus. pois Ele está farto de nós;
– com a Ex-querda perdida no tempo e no espaço, o protagonismo segue com a crise, ela própria impondo sua dinâmica ao curso dos fatos e fazendo com que todos, incluindo nosotros, continuemos sendo atropelados pela conjuntura;
– enquanto a Ex-querda se debate em suas insuperáveis ilusões eleitorais e institucionais, para nosotros a questão é: como se destitui um poder?
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