Música: WolfMother

 

Wolfmother – Hangout Festival 2014

https://www.youtube.com/watch?v=d_88nYSkn4g

 

 

Crítica: Wolfmother vive um novo tempo no disco ‘New Crown’

  •  GUSTAVO SAMPAIO/NA MIRA
  •  05/05/2014 às 12h59

Sem nunca perder a realeza, banda entrega um disco bem roqueiro e sem firulas.

 

SÃO LUÍS – Os quase 10 anos que separam a estreia da banda australiana Wolfmother em 2005, com o disco homônimo, do recém-lançado “New Crown” mostram uma estrada cheia de reviravoltas no grupo liderado pelo vocalista e guitarrista Andrew Stockdale. A banda quase acabou, restando apenas o vocalista meses antes do lançamento do segundo disco, “Cosmic Egg“, em 2009. Nesta nova década, não só Andrew buscou aventuras singulares em uma carreira solo, como decidiu reviver o gás da estreia no terceiro disco de estúdio do Wolfmother.

New Crown” consegue, em pouco mais de 45 minutos, garantir uma bela audição. Sai a atmosfera pop de “Cosmic Egg” para entrar as pancadas cruas que observamos lá no começo do grupo, ainda, em “Wolfmother EP”, lançado em 2004, com “Dimension“, “Woman” e “White Unicorn”. O lado mais comercial do grupo, entretanto, se concentrou em outro registro: “Keep On Moving”, lançado ano passado por Stockdale (“Somebody’s Calling”, “Long Way To Go” e “Year Of The Dragon” são alguns dos destaques).

Neste álbum, apenas o terceiro da carreira, entram Ian Peres e Vin Steele, baixista e baterista, respectivamente. Outra novidade do grupo é que ele foi lançado de forma independente, com Stockdale como produtor. Para um grupo quase fadado ao fim inevitável, o músico consegue revivê-lo de forma quase primorosa.

Referências

As referências às influências do grupo são óbvias e explícitas, mais uma vez. “How Many Times” é uma grata pancada Led Zeppeliana. A faixa foi uma boa escolha para o abre-alas do disco, seguindo pela sombria “Enemy Is In Your Mind”, com traços de Black Sabbath que soam mais sinceros aqui que em tantos outros grupos que bebem da mesma fonte.

“Heavy Weight”, o primeiro single deste registro, muito provavelmente, não vai ficar na sua cabeça como “Woman”, “California Queen”, “New Moon Rising”, “The Joker And The Thief” e como tantas outras. E aí está a beleza deste álbum. Stockdale não faz esforços para emplacar canções, letras e riffs, o que mostra um amadurecimento bem grande depois do fracasso comercial de “Cosmic Egg“. “New Crown” soa tão despretensioso que talvez apenas a frase “Can you tell me where to find this new crown?”, da faixa-título, soa marcante.

E isto nem chega a ser um defeito. Stockdale e cia. concentram esta nova fase do grupo nas harmonias, nos solos de guitarra e em canções tão dissonantes da carreira do grupo, que mostram um futuro promissor, principalmente, em faixas como “She Got It” e na setentista “I Don’t Know Why”. Tem erros? Sim. A fracassada “I Ain’t Got No” esboça um Rolling Stones descartável. “My Tangerine Dream” busca na geração do indie rock uma salvação, lembrando alguns momentos de The Subways e The White Stripes, mas não escapa de um senso comum arrastado.

Wolfmother demorou quatro anos para lançar o segundo disco e outros cinco para este terceiro. Exigir que a banda não demore tanto tempo para lançar o próximo disco pode ser um desejo quase inevitável. Mas tentar entender o tempo deles pode ser uma boa alternativa. Afinal, o tempo lhes foi um ingrediente necessário para que a banda não se tornasse apenas “mais uma banda do século XXI”. E é aí que está o tempero fresco de “New Crown“. Aproveite.

http://imirante.globo.com/namira/sao-luis/noticias/2014/05/05/critica-wolfmother-vive-um-novo-tempo-no-disco-new-crown.shtml

Redação

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