Syriza: Frente Popular para a austeridade

Enviado por Antonio Ateu

Syriza: Frente Popular Para a Austeridade

Do PCO.org

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As eleições gregas levar ao poder um governo de esquerda pró-imperialista para conter a bancarrota do regime político

As eleições gerais na Grécia deram a vitória ao Syriza, que ficou com 149 deputados, dois abaixo da maioria absoluta. Syriza se aliou com o direitista Partido dos Gregos Independentes (ANEL), com o objetivo de garantir a maioria parlamentar. Mas na realidade, o verdadeiro vencedor foi a abstenção que atingiu 40%.

A vitória de Syriza está impulsionando outros grupos da ala esquerda do regime, principalmente nos países mais atingidos pela crise capitalista, como na Espanha (Podemos e Izquierda Unida) e na Irlanda (Sinn Féin).

Os fascistas do Autora Dourada ficaram em terceiro lugar, com 17 deputados, e pouco mais que 6% dos votos.

O Partido Comunista (KKE) passou de 12 para 15 deputados com mais de 5% dos votos.

Os socialdemocratas do PASOK (Partido Socialista Grego) ficaram reduzidos a um partido nanico com 13 deputados, 20 a menos que na legislatura anterior. A direita que encabeçava o governo anterior, a Nova Democracia, ficou com 76 deputados, três a menos que nas eleições de 2012.

Na primeira declaração, Alexis Tsipras, o novo primeiro ministro, afirmou que “o povo deu um mandato claro” ao Syriza, “depois de cinco anos de humilhação” e assegurou que vai negociar com os credores uma “nova solução viável” para a Grécia. Em outras palavras, se submeteu a manter os compromissos que foram alinhavados no último período nas visitas à City de Londres, ao monte Athos para pedir apoio à reacionária igreja ortodoxa. A direitização de Syriza inclui a incorporação de ex-membros do PASOK e até da deputada Rachel Makri, que chegou ao parlamento pelo partido da direita, Gregos Independentes.

O presidente francês, François Hollande, foi o primeiro a convidar Tsipras para uma visita de estado.

A política do imperialismo está mantida

A chamada troika, a União Europeia, o BCE (Banco Central Europeu) e o FMI (Fundo Monetário Internacional), rejeitaram a redução da dívida grega. Um dos membros do conselho executivo do BCE, Benoît Coeuré, declarou ao jornal alemão Handelsblatt, respeitar “o resultado da eleição democrática, mas também temos de ter em conta o que foi acordado anteriormente. Devemos cumprir as regras, o seu desrespeito foi a principal causa da emergência da crise do euro”.

“É absolutamente claro que não podemos concordar com qualquer redução da dívida que inclua os títulos detidos pelo BCE. Tal é impossível por razões legais”.

A agência qualificadora de riscos Standard and Poor’s alertou o novo governo que poderá rebaixar o rating da dívida grega antes do próximo dia 13 de março, conforme inicialmente estava previsto.

Christine Lagarde, diretora chefe do FMI, declarou ao jornal francês Le Monde, que “existem regras internas na zona euro a serem respeitadas”, que “não podemos fazer categorias especiais para tal ou tal país” e que a Grécia tem ainda “reformas profundas” a fazer.

O ministro das Finanças da chanceler alemã Angela Merkel, Wolfgang Schauble, declarou cinicamente que “ninguém obriga a Grécia a nada mas os compromissos assinados mantém-se válidos e tudo que foi feito nos últimos anos foi para ajudar a Grécia”.

A bancarrota do governo direitista da Nova Democracia passa pelo enorme repúdio da população aos planos de austeridade. Esse partido foi a grande responsável, com a ajuda do banco norte-americano Goldman Sachs, por ter fraudado a contabilidade fiscal, escondido o déficit público e o tamanho real do endividamento que provocou a disparada dos juros e a bancarrota do País em 2009. Durante o último governo do PASOK, que foi substituído pelo “tecnocrata” imposto pelas potências imperialistas, Lucas Papademos, a Nova Democracia se apresentava como oposição aos planos de austeridade. Em 2010, chegou a expulsar os deputados que votaram a favor do primeiro plano de “resgate”. Em 2012, criticou o segundo plano de “resgate” e se recusou a participar do governo de Papademos. De fato, tentava preservar a direita grega da crise terminal. O papel sujo foi deixado para o partido LAOS (Concentração Popular Ortodoxa), que participou do governo Papademos, e nas eleições passadas obteve apenas 1,58% dos votos, menos que os 2,9% obtidos em maio, focando fora do parlamento.

Syriza: uma política de submissão ao imperialismo

A Syriza não somente rebaixou o próprio arremedo de programa como jogou no lixo a possibilidade de reformas mínimas. O único “compromisso” possível do imperialismo com o Syriza é continuar espoliando o povo e os trabalhadores gregos.

As alternativas para Syriza são submeter-se ao imperialismo ou promover a suspensão do pagamento da dívida, tal como o fizeram vários governos latino-americanos na década dos 1980.

Com o objetivo de conter o enorme descontentamento das massas, Syriza está tentando colocar em pé alguns programas assistenciais, englobados no chamado Programa Salônica, que inicialmente deveria ser aplicado nos primeiros 100 dias de governo, mas que passou a ser considerado para quatro anos. O programa oferece comida de caridade e energia elétrica para as 300 mil famílias mais pobres, ao custo de 1,9 bilhões de euros, além de 750 euros mínimos mensais para aqueles que tenham convênios coletivos. Mas é um programa muito limitado, muito pouco perante a tremenda crise que tomou conta da sociedade grega. Os trabalhadores de período parcial ou por horas não têm direito a participar.

Na tentativa de aumentar o emprego sem romper os acordos com o imperialismo, Syriza tenta excluir os investimentos públicos das restrições do Pacto de Estabilidade e Crescimento da União Europeia e aumentar o investimento público europeu financiado pelo Banco Europeu de Investimento em 4 bilhões de euro. Os “incentivos ao emprego” na pequena e média empresa, bem como os subsídios ao custo da energia na indústria colocam como condição a criação de novos postos de trabalho. O programa de garantia de habitação promete pagar parte da renda de pequenas casas a 30 mil famílias. A assistência de saúde e farmacêutica seria livre para desempregados sem subsídio. Um cartão especial para transportes públicos foi prometido para os desempregados de longa duração. Os impostos dos combustíveis e para aquecimento nas residências pretendem ser reduzidos. Foram prometidas mudanças nas faixas dos impostos, com maior “progressividade”, a recuperação dos direitos trabalhistas perdidos com o memorando imposto pelo imperialismo, assim como os acordos coletivos, suspendendo-se as demissões em massa e “injustificadas”, e combatendo a evasão fiscal.

François Hollande foi eleito na França em cima da mesma política, mas fracassou de maneira avassaladora para aplica-la. O imperialismo impõe o direcionamento do grosso dos recursos, e de maneira crescente, para os grandes bancos. O espaço para investimentos públicos é cada vez mais reduzido.

Syriza: a ala esquerda da frente popular

Syriza surgiu a partir dos “movimentos antiglobalização”, no início da década passada, que cresceram em cima da palavra de ordem  “Outro mundo é possível”, que agora foi mudada para “Por um governo da Esquerda”.

Syriza é uma frente constituída por doze organizações que está tramitando a transformação em partido político para beneficiar-se das 50 vagas adicionais no caso de tornar-se o partido mais votado nas próximas eleições. A corrente maioritária é o Synaspismos, a ala eurocomunista que saiu do KKE (Partido Comunista Grego) após a queda da União Soviética. O SYN, ou partido “Coligação da Esquerda”, é membro da presidência do PEE (Partido de Esquerda Europeu), tem um programa tipicamente socialdemocrata que reivindica apenas melhorias na UE (União Europeia), sem questionar o caráter imperialista. Em 1992, votou a favor do Tratado de Maastricht no parlamento grego.

As outras organizações que compõem a Syriza são a AKOA (Esquerda Comunista Ecológica e Renovadora), membro observador do PEE; a dita trotskista DEA (Esquerda Internacionalista dos Trabalhadores), próxima da IST (Tendência Socialista Internacionalista) fundada por Tony Cliff; o DKKI (Movimento Democrático Social), corrente que saiu do PASOK em 1995; o KOE (Organização Comunista da Grécia), de inspiração maoísta; a mandelista Kokkino (Vermelho); os Ecosocialistas da Grécia; os Cidadãos Ativos (corrente fundada por Manolis Glezos, herói da Resistência); o KEDA (Movimento pela Esquerda Unida na Ação), cisão do KKE em 2000; Rizospastes (Radicais), cisão dos Cidadãos Ativos, que tem um discurso baseado no patriotismo; Omada Roza (Grupo Rosa, esquerda radical); e o APO (Grupo Político Anticapitalista), autodenominada trotskista.

As principais propostas de Syriza, que agora foram no fundamental deixadas de lado, são o fim dos planos de austeridade impostos pela troika, uma auditoria internacional sobre a legitimidade da dívida pública e uma nacionalização parcial do sistema financeiro mantendo em pé os mecanismos especulativos imperialistas. Syriza abandonou a bandeira da saída da União Europeia e o questionamento da dívida pública.

A crise do regime parlamentar burguês demonstra que os trabalhadores não conseguem ser enfrentados por meio da canalização institucional dos protestos. A ala esquerda da frente popular, com a Syriza à cabeça, mas da qual também participa o KKE, apesar da fraseologia pseudo-revolucionária, busca aproveitar o alto grau de descontentamento popular para aumentar a representação no parlamento e o controle burocrático dos sindicatos, e está se transformando no mecanismo de contenção que deverá ser ultrapassado pela ascensão das massas trabalhadoras contra as políticas da burguesia grega e o imperialismo.

A ala esquerda da frente popular é um dos principais componentes da política das potências imperialistas e da burguesia grega na tentativa de canalizar a ascensão das massas populares pelas vias institucionais. O aprofundamento da crise capitalista no País levou a fragilizar os mecanismos de contenção dos trabalhadores gregos que os ultrapassaram em várias ocasiões nas várias greves gerais e protestos que têm acontecido nos últimos anos e poderão ainda vir a ser quebrados no próximo período conforme for aumentando o confronto com os vários setores que compõem a esquerda da frente popular, que não conseguirão suportar abertamente as políticas impostas pelas potências imperialistas sem atacar ainda mais as massas trabalhadoras gregas.

http://www.pco.org.br/internacional/syriza-frente-popular-para-a-austeridade/absi,a.html

 
Redação

10 Comentários

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  1. Texto de absurdo doentio.

    Fui aluno de Ernest Mandel, em Berlim e, tenho absoluta certeza, o velho, mas perspicaz trotzkista 

    estaria revirando seu corpo no túmulo, nauseado com esse panfleto, fosse minimamente relevante 

    esse tal “PCO”. Zero à esquerda que é, numerica e ideologicamente falando, Mandel apenas dá de ombros

    – esquerdismo infantil é isso: cega. 

  2. Putz, a direita ganhou tambem

    Putz, a direita ganhou tambem na Grecia, mas menos mal, 40% se absteve  . . . . . . k k k k k . . . . . . agora é só aguardar os Estados Unidos explicar para os gregos o que vem a ser democracia . . . . . bizarro não ???!!! . . .  democra-CIA

  3. Ai ai…
    ….Quando eu digo

    Ai ai…

    ….Quando eu digo que uma das maiores virtudes do atual governo é se equilibrar entre uma esquerda que defende uma ruptura total com o “mercado” e uma direita que defende a entrega total….

    E ainda tem gente que insiste em tratar o PT, o PT, o PT como se fosse o PCB ou mesmo o DCE ou Gremio estudantil dos tempos de escola…

    Se a voz desse pessoal – dos dois lados – não fosse tão desproporcional à representação real seria pra rir.

    O único dado relevante do texto – que só tem proveito científico – foi sobre a participação eleitoral. Do mesmo quilate dos níveis de abstenção aqui nas últimas eleições e mesmo dos EEUU quando somente 35% participaram das eleições para renovação do Congresso.

    Tudo resultado da campanha antipolítica patrocinada pelos meios de comunicaçao, pela plutocracia, e pela cleptocracia.

     

  4. A velha ortodoxia de sempre!

    A grande vantagem da democracia pluripartidária sem restrições a nenhuma tendência é que se vê a ortodoxia dos partidos nanicos e se entende os seus defeitos.

    Qual seria a proposta para o PCO para a Grécia, romper com tudo e com todos e implantar na Grécia a república popular marxista, num primeiro momento, junto com os armadores os turistas fugiriam da Grécia e sem dinheiro para importar alimentos e outros artigos de primeira necessidade 20% da população grega morreria de fome! Isto seria o início, depois disto viria um golpe militar de extrema direita que mataria mais 10% da população….

    Não ter noção é algo grave! Mas com a democracia se enxerga com clareza as posições de cada um.

  5. Já vi membros do Syriza

    Já vi membros do Syriza exporem a proposta do partido antes da eleição, vi pessoalmente, ninguém me contou. Minha impressão é que é uma mistura de neodesenvolvimentismo com tentativa de ressucitar a falecida social democracia européia; de trotskysmo, maoismo, marxismo ou qualquer coisa que se identifique como revolucionária ficou apenas a retórica. OK,  a situação grega é desesperadora e requer ações emergenciais. Mas no debate em que eu estava presente ficou claro, inclusive para muitos europeus jovens de esquerda que estavam presentes lá, que o eurocentrismo abundava na fala do Syriza, eram incapazes de pensar qualquer coisa além da Europa!. Nenhuma palavara sobre o papel da China e dos BRICS na economia mundial e como isso afeta a Europa, nenhuma palavra sobre o imperialismo dos EUA e a destruição física e econômica que ele vêm provocando no mundo. EM resumo é um nacionalismo ou eurocentrismo de ‘esquerda’; trabalhadores de todo mundo? esqueça , o Syriza não tem nada a ver com isso. Tanto é assim que o Syriza fez uma coligação como um partido nacionalista de extrema direita, o Partido dos Gregos Independentes, um partido racista, com profundas ligações com os militares gregos. E pior: o partido ficou com o Ministério da Defesa. Não a toa  Marine Le Pain, uma das políticas mais habilidosas da Europa hoje, saudou a vitória do Syriza, afirmando nas entrelinhas que estava do mesmo lado que eles na ‘negação’. Essa é a ‘nova política’ a união da ‘nova direita'(sic) com a ‘nova esquerda’ (sic) contra ‘tudo que está aí’.

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