O ano em que o futebol brasileiro bateu no fundo do poço

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Perder a Copa foi o de menos. O duro foi o vexame em casa. Mas em 2014 teve outros acontecimentos relevantes (além do 7 x 1) no ambiente do futebol brasileiro que nos leva a crer que chegamos ao fundo do poço.

A venda nebulosa de Neymar ao Barcelona foi um deles. Uma das mais caras negociações no mundo da bola, não se sabe até agora quanto cada um levou. A única certeza é que o grande prejudicado (adivinhem?) foi o Santos, que reclama hoje não ter dinheiro para pagar os salários de seus atletas medianos. Prova contundente de que vender jogador ao Exterior nem sempre favorece o clube brasileiro.

Com MBA em Gestão e Marketing Esportivo, título no qual se gabava de possuir, o presidente do Botafogo Maurício Assumpção provou que profissionalização no futebol não passa necessariamente pela sala de aula. Além de derrubar o clube para a segunda divisão, o dirigente é acusado de quebrar financeiramente o Botafogo.

O ano 2014 foi marcado pelo enterro do técnico de futebol no Brasil com a ideia ultrapassada de que o talento individual ainda pode sobrepor a qualquer esquema tático. Felipão e Parreira são exemplos dessa visão anacrônica. O futebol moderno tornou-se muito mais rápido e dinâmico, altamente disciplinado e primordialmente coletivo dentro de campo. Ponto!

Este ano também revelou de forma clara o descompromisso do jogador brasileiro com a seleção. Na era dos selfies na web e da autopromoção, se multiplicaram os cases de marketing individual (o mais conhecido é o de David Luiz, mas tem outros na lista), enquanto as categorias de base dos clubes penam para pinçar um craque para valer.

A cobertura da imprensa esportivo da Copa do Mundo foi ruim, com raras exceções. Avaliou mal o megaevento, não cruzando dados básicos de infraestrutura para esse tipo de acontecimento – para um jornalismo acostumado a cobrir Copas do Mundo, foi uma tragédia. Prestou-se ao oba-oba, ao ufanismo, com pouco equilíbrio analítico. Tentou se recuperar na reta final, mas já era tarde.

O histórico futebol da primeira divisão voltado às massas viveu em 2014 seus primeiros dias de agonia. Ingressos em alguns jogos nas novas arenas passaram a ser vendidos a peso de ouro, numa escalada jamais vista de cobrança de entrada para assistir a uma partida de futebol. É visível nas arquibancadas de jogos da primeira divisão uma mudança gradativa do perfil do torcedor para uma turma mais abastada.

O resultado da temporada mostra que a Série A do Campeonato Brasileiro de 2015 será disputada por 18 clubes da região Sul-Sudeste, um do Centro-Oeste e um do Nordeste. Nunca aconteceu isso desde que a competição passou a ter 20 clubes e a ser realizada por pontos corridos. Será um Campeonato Brasileiro menos nacional. Assim como acontecia nos anos 1950, 1960. Parece até que retrocedemos!

Redação

18 Comentários

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  1. E não nos esqueçamos do caso

    E não nos esqueçamos do caso Héverton, que começou no finalzinho de 2013 mas se arrastou até a Copa…

    Quanto à predominância do “sul maravilha”, o norte-nordeste precisa se rebelar contra a diferença de poder econômico, senão os clubes da região passarão os próximos 100 anos no máximo brigando pra não cair na Série A.

    Está na hora do governo tomar as rédeas da situação e promover uma liga homogênea (em $$$$$$), regionalizada e com mata-mata, como nos E.E.U.U. (por quê lá o mata-mata funciona e aqui não?)

    Tirar o doce da boca da Globo não é difícil, o exemplo mora ao lado (Argentina).

    Por mais que a platinada se esforce em fazer os clubes deverem cada vez mais $$$$$$ a ela, jamais conseguirá alcançar o credor nº 1: o próprio governo.

    Mas não, em vez de usar as dívidas como poder de barganha o governo resolveu perdoá-las de graça!!! De graça!!! Sem nada, absolutamente nada em troca!!!

    Por essas e outras já desapeguei do futebol, foi muito, muito difícil mas fui desintoxicado com sucesso…

     

     

      1. A Portuguesa já está

        A Portuguesa já está condenada. Sem a cota milionária da Série A o clube não tem como pagar suas dívidas mais milionárias ainda. Vai agonizar como vem acontecendo com o Guarani.

        Mesmo na elite não havia dinheiro para montar o time. Com 40 mil reais (!!!!!) de cota na Série C a tendência é a extinção.

  2. Brasil atrasado e corrupto…

    Reflexo do país atrasado e corrupto.

    Nos EUA onde o futebol ainda é recém nascido, os estádios estão lotados.

    A gestão do Cruzeiro parece ser uma luz no fim do túnel.

  3. tô nem aí…(é

    eu tô nem aí…

    (é tudo figuração)

    minha pátria futebol

    é o meu parmera

    oras bolas! chafurda

    bem no fundo do poço:

    arena é uma beleza!

    time uma tristeza…

    sem demora, na moral

    a voz do povão te batiza!

    até que dias melhores virão…

    ALLIENS PARK

     

     

  4. É grande a tristeza de ver o

    É grande a tristeza de ver o esporte nacional sendo massacrado. Alegria mesmo, só a do meu Coritiba na final do mundial de clubes… via Footbal Manager, obviamente.

  5. É o fundo da fossa…

    Não é o fundo do poço, pois lá pode-se encontrar água ou até petróleo.

    Na situação em que se encontra o futebol brasileiro só se vê mer…

    Portanto é o fundo da fossa.

  6. Futebol desigual como é o Brasil

    O futebol brasileiro reflete a desigualdade nacional: o Sul/Sudeste rico e historicamente recebendo os maiores investimentos e os clubes, principalmente “Flabosta e Merdintias”, os queridinhos da Rede Roubo recebendo as maiores cotas televisas. Resultado: Norte e Nordeste terão em pouco tempo o seu futebol em 2ª ou 3ª divisão. Estou no mesmo time do J Alberto que escreveu ái em cima nos comentários da coluna: “Por essas e outras já desapeguei do futebol, foi muito, muito difícil mas fui desintoxicado com sucesso…”

  7. Bom  artigo, Augusto. Na

    Bom  artigo, Augusto. Na minha opinião a única saída para o futebol brasileiro é que todos os clubes tenham DONOS, e que eles saiam da dependência do sistema Globo. Isso por si só já faria o futebol dar um levante enorme. 

    1. Ao Francy

      Tem que realmente sair da dependência total da televisão. Lá fora os clubes ganham muito dinheiro com direitos de tv, mas faturam muito também com venda de ingressos, produtos licenciados, dentre outros itens.

  8. Flamengo está bem.

    Flamengo está bem. Corinthians está bem.

    Como assim fundo do poço?

     

    Estas reportagens saem fazendo declarações que não fazem o menor sentido. Os clubes estão numa situação melhor que a de um passado recente. A briga pelos direitos televisivos fez aumentar em 400% sua receita. Então, pergunto novamente, fundo do poço?

     

    O que está para cair é o modelo do seculo passado de 4 times grandes por cidade. Isso é ridículo. 

    No Rio pelo menos um dos 4 deixará de ser grande. Botafogo, Fluminense ou Vasco.
    Em SP a situação é atenuada pelo fato de o santos ser de santos. Palmeiras é que talvez tenha mais dificuldade.

    Sobre a seleção brasileira, estamos indo pelo mesmo caminho com o jeito gaucho de jogar bola. Nunca ganharam poha nenhuma, não jogam futebol brasileiro e ainda cagam regra. São os maiores responsáveis pela atual situação TÉCNICA de nosso futebol.

     

  9. o “povo” do zagueiro David Luiz
    Não houve declaração mais patética que o desabafo do zagueiro David Luiz ao pedir “desculpa ao MEU povo”. Tem que ser muuito petulante para dizer que o “povo” brasileiro lhe pertence. Nem D.Pedro I, no alto de sua arrogancia chegou a declarar “MEU POVO”.Ridículo é a campanha publicitária do refrigerante, em que o beque é protagonista, veiculada após a sua infeliz declaração e do vexame contra os alemães.
    A propósito, ninguém sente falta desse cara, mesmo que o Brasil ganhasse a Copa.

  10. Eixo Rio Sampa
    Agora que o eixo rio sampa ta mal,não fatura titulos,parte grande de seus times tem que se reconstruir,tsnto no futebol quanto no financeiro.E os times de Minas bem a frente,seguidos dos gauchos e com uma copa nordeste indo bem,logico não rendendo o dinheiro que os clubes do sul ganham.Tambem é evidente que não ha nenhum clube que esta no azul,mas a crise no futebol brasileiro ja vem de longe e não é por causa do vexame na copa ser uma das razôes de ser,apenas que a crise arrancou ate as mascaras das adiministraçôes desastrosas,mas porque o eixo rio dampa esta nu,e agora que vem dizer que estamos no fundo do poço ??
    Me faz rir muito esta “constatação”cara palida,saudaçôes de Minas.

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