Sem água, síndicos serão sacrificados no lugar de Alckmin, por Augusto Diniz

Os condôminos, os mesmos que reclamam de tudo e de todos, poderão sacrificar os síndicos de prédios com a iminente falta d’água em São Paulo.

Mesmo que se diga que o problema é da Sabesp, o administrador do condomínio será o primeiro a ser massacrado sobre o que fazer durante o inevitável racionamento.

Primeiro, o perguntarão se estão economizando água para obter desconto na conta no final do mês – sabe-se que a primeira preocupação do condômino é ter mais por menos; nesse caso, ter menos por menos ainda.

Depois, o questionarão sobre quais medidas estão sendo tomadas, se o zelador deixou de limpar as áreas comuns com água, se as torneiras andam bem fechadas etc.

Óbvio, insistentes avisos para economizar água estão sendo distribuídos desde o primeiro semestre do ano passado (o mesmo período em que o governo do estado disse estar tomando providências para resolver a situação). E, claro, os funcionários estão há quase um ano orientados sobre o uso restrito da água.

Nesse cenário, resta ao síndico dizer aos condôminos, mais uma vez, que devem continuar poupando o precioso líquido, principalmente nos horários e dias em que a famigerada pressão de água diminui – ou passará a nem existir.

É para evitar que a cisterna esvazie no momento de restrição da entrada de água da rua. Agindo assim, automaticamente se terá água na caixa lá em cima do prédio, diminuindo os riscos de falta d´água nos apartamentos.

Mas um brilhante condômino dirá: “Vamos fazer um poço para tirar água”. Tudo bem, vai custar pelo menos uns R$ 50 mil ou muito mais para se extrair água potável do lençol freático ainda não contaminado de São Paulo.

E quem vai pagar pela instalação do poço, por que o caixa do condomínio não tem nem um terço do dinheiro para perfurar o solo em busca de água.

Além do mais, é preciso dizer que o recurso disponível estava sendo guardado para outras obras prioritárias no prédio, e também para as inúmeras obrigações condominiais criadas ao longo dos anos para alimentar a indústria do condomínio.

Outra solução para evitar a falta d’água é comprar carro-pipa, mas quanto precisaremos? E, de novo, como se pagará? E até quando? Por muito tempo?

Sem resposta a boa parte das indagações finais do condômino, já que muito dependerá de decisões aprovadas nas famigeradas assembleias de moradores do condomínio, da Sabesp e da indústria da falta d’água (o sertão brasileiro a conhece de longa data), caberá ao síndico se recolher calado ao seu apartamento frente a amoral situação que lhe foi imposta.  

Na condição de síndico de meu prédio há quatro anos, só me resta dizer a mim mesmo: “Alckmin, o Sr. está de parabéns!”

Redação

14 Comentários

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  1. Culpados

    Sabe aquela individualização da água, com empresa credenciada pela SABESP, e que faria com que cada condômino recebesse a conta diretamente da SABESP, e que ninguém quer pagar porque acha caro. A CONTA DA ECONOMIA BURRA CHEGOU.

    Ou todos acham que os inadimplentes estão preocupados com preço de caminhão pipa? Em economizar água então nem pensar. Eles não pagam mesmo.

      1. Em breve os cofres da

        Em breve os cofres da companhia ficarão tão vazios quanto a Cantareira. Tchau, tchau distribuição de lucros para os acionistas acariciados durante décadas pelo Geraldinho Terraseca. 

      2. Esse é um dos mapas da mina

        Esse é um dos mapas da mina para o chuchu não passar incólume, taca-lhe ações em cima da Sabesp! (a não ser que elas caiam na mesma vara do Kamel…)

  2. quero ver o alquimista

    quero ver o alquimista conseguir criar um solucionador de conflitos

    em decorrencia das barbaridades, omissões e absurdos cometidos

    por ele até agora, os quais vão sobrar pra todo mundo.

  3. Quando a coisa fica feia…

    … passam a mostrar pobres na TV economizando água, e os babacas como sempre abrem suas casas, se sentindo  exemplos e valorizados nessa hora; não veem que estão sendo amordaçados a aceitar o inaceitável.” Enquanto existir cavalo, São Jorge não anda a pé”.

  4. Pois é, o Geraldo não é

    Pois é, o Geraldo não é eleito e releito por ter fama de síndico austero e competente? O codomínio São Paulo com suas dondocas da cobertura e seus incautos das kitinetes vão poupá-lo até quando? A Datafalha não vai fazer pesquisa de popularidade enquanto durar a seca? Tenho curiosidade por saber a quantos anda o nível de “informação” dos condôminos, nessa terra “dos mais dinâmicos e mais letrados”, segundo FHC

  5. mas será só isso ?!

    … todo mundo fala da eminente falta de agua mas ninguem  – nem os proponentes do pior cenario, se explicam quanto ao tratamento dos esgotos.  nem a midia se ligou no fato.

    pela proposiçao de 5 x 2 estao impondo aa populaçao que estoquem esgoto em seus apartamentos por cinco dias …  

    ja nao chega ficar cinco dias sem para tomar banho e higiene pessoal ainda seremos as celulas que darao retorno aas doenças dos seculos 18 e 19. ?

    é este o ultimo cenario ?!

  6. É de fácil solução: é só

    É de fácil solução: é só lembrar que a falta d’água deve-se à falta de luz, ao apagão do governo do PT. Se o condômino retrucar que não houve falta de luz é só lembrá-lo que ele deve se informar mais pois esta notícia saiu em todos os jornais. Se ainda assim ele objetar, é só dizer que o condômino não deve perder a esperança pois o governador resolverá o problema dentro em breve pois ele já afirmou que não há racionamento ou falta d’água. 

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