Fernando Horta
Somos pela educação. Somos pela democracia e mais importante Somos e sempre seremos Lula.
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Festim e catchup, por Fernando Horta

Festim e catchup, por Fernando Horta

Existe um tipo de cinema que é cultuado pelo inverso. Nos filmes de estilo “trash” o mais absurdo, mais inverossímil, mais amador convencido de grandiosidade leva os maiores aplausos. Pois o Brasil, e em especial a PGR, passaram, e muito, deste ponto. A operação abafa está completa. Se tudo o que a PGR dispõe são os áudios circulantes, Janot acaba de forçar até o mais legalista e justo ministro do STF a anular todas as delações e ilações feitas pela equipe de Brasília. Na realidade TODO o instituto da delação premiada se mostrou indecente e inútil para a prestação jurisdicional correta, mas como todos sabemos, manobras linguísticas serão usadas para manter a espúria perseguição a Lula e salvar todos os outros.

Não se esperava que entre as forças para “estancar a sangria” estaria Janot, mas com o absurdo de hoje ficamos a pensar que o imbróglio Temer-Janot seja apenas jogo de cena. Esta é mais uma faceta das ferramentas do judiciário. Juízes e promotores podem, deliberadamente, conduzir processos e investigações para nulidades totais, parecendo, a quem não conhece Direito, que eles estão “lutando bravamente” para fazer justiça. Moro é acusado disto o caso Banestado, Protógenes Queiroz no caso da Satiagraha (embora delegado) e um sem número de outros casos conhecidos Brasil afora.

Se o procurador-geral acreditava que deveria retirar os benefícios de Joesley a partir do entendimento, fundado na gravação, de que ele não teria contribuído com tudo o que sabe, não deveria ter publicizado a gravação em si, nem dado entrevistas “alarmado” com um conteúdo que não traz absolutamente nada de concreto. As ações de Janot só servem de munição para Gilmar Mendes e para “alertar os gansos”. Janot age como o marido de uma conhecida anedota que, ao se aproximar de casa, passava a tocar bem alto a buzina.

Claro que o que Janot faz é imitar os métodos da República de Curitiba. Mas Janot não percebe que seus alvos não interessam à imprensa, ao judiciário e – muito menos – aos empresários. As práticas judiciárias ilegais não são “para todos” e provavelmente não vão nunca tornarem-se um filme ruim. Vão é ser denunciadas com maestria e verve nas câmeras da TV Justiça por quem estiver se sentindo “ofendido” ou com sua “honra atacada”, que exigirá nada menos do que a nulidade de tudo e o banimento da prática de “justiça de holofotes”. Claro que só “a partir de agora”. O que foi feito para retirar uma presidenta eleita e perseguir Lula “não há como ser desfeito dentro da boa técnica do direito”.

A pirotecnia de Janot serve a Temer, Aécio, Gilmar e todos os outros envolvidos neste tipo de delação. Usarão a falta de cuidado (ou ignorância?) do procurador para dizer que “justiça não se faz de cambulhada”. No que terão total razão. A 18 dias de terminar seu mandato, Janot limpa a casa para Dodge. Tudo será arquivado ou afastado das possibilidades de uso durante o novo mandato. Uma forma de “engavetar” mostrando, e de tornar o “direito à informação” da população na causa da não prestação jurisdicional satisfatória. E poucos dar-se-ão conta de tais inversões.

Precisamos reformular todo o judiciário. De cima a baixo. Precisamos de mais accountability e precisamos responsabilizar os agentes jurídicos por suas ações. Não é fácil construir um sistema assim e que garanta que se possa “fazer justiça”. Fica claro, entretanto, que o sistema atual fracassou, em todos o sentidos. A fala de Fux, dizendo que o judiciário “vai salvar a nação” é mais um exemplo da megalomania que tomou conta de muitos operadores do direito. Enquanto se furtam da única ação que poderia começar a desfazer este caos – o julgamento de mérito do impeachment – ficam todos de bravatas pueris. Uns vestindo camisetas e se saudando como super-heróis, outros virando popstar em frente às câmeras e todos totalmente perdidos e alheios ao que seriam suas funções primordiais.

O judiciário não tem nada a oferecer ao país de melhor do que a política. Deveria parar de criminaliza-la. Deveria voltar-se ao seu umbigo e perceber o que parte da população já percebeu: como tudo neste país, ele é argentário, clientelístico, ineficiente e caro. Jucá poderia muito bem ter dito “com Janot, com tudo” que não estaria errado. Nada mais nos causa repulsa, nada mais nos causa vergonha. Somos governados, nos três poderes, pelos piores e menos preparados de nós. E, infelizmente, “a suruba” e as malas de dinheiro não são para todos. Nem as leis, a propósito. 

Fernando Horta

Somos pela educação. Somos pela democracia e mais importante Somos e sempre seremos Lula.

6 Comentários

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  1. Qdo há cerca de  um ano atrás

    Qdo há cerca de  um ano atrás montamos um coletivo e fomos para uma esquina da cidade panfletar, conversar, fazer performanes, teatro, etc., enfim tudo  que nos fosse possível para denunciar o golpe e a ”ponte para o futuro”, o povo nas ruas me deu uma foto marailhosa de parte, muito importante, do que somos. Era a nossa primeira saída e só tínhamos uns panfletos da FUP, (Federação Única dos Petroleiros). E eu gritava: ”o pré sal é nosso, o pré sal é nosso” e as pessoas passavam e diziam” pré sal o q é isto?’  Não estava imaginando q tivessem alguma informação mais aprofundada do q seria ”isto” mas, o povo q passa todos os dias pelo centro  de Fpolis, notem bem, de Fpolis, cujos índices não são os piores, exceto a audiencia da Globo q deve ser grande e, q por isto mesmo iamginava q saberiam o q é ”pré sal”. Naquele momento enteNdi o quanto será duro e longo para que a vida das classes trabalhadoras seja mais do q trabalhar para sobreviver e mal. E humanos nossa fome é de muito mais de um pedaço de pão. Como ainda diz um amigo  ”é mole ou  ‘quéis’   mais?

    1. Perfeito. Nós que andamos

      Perfeito. Nós que andamos entre o povo, andamos de ônubus, trabalhamos junto com eles, sabemos que não tem a menor consciência do que está acontecendo. Compram a versão da globo e só. Por isso me desanimo quando alguém fala “só o povo nas ruas” conserta o golpe. Como o povo irá para as ruas? Só há uma lideranca politica de esquerda neste país e a direita sabe bem qual é e como combatê-la.

  2. Será que o ‘historiador’ lê meus comentários!?

    Há um ano comento aqui: é falso o embate entre rodrigo Janot e Gilmar Mendes; eles jogam no mesmo time, defendem e apóiam o mesmo grupo político, o do PSDB. Janot e GM sempre estiveram irmanados na trama golpista. A verborragia com que se atacam nos palcos do PIG/PPV não passa de jogo de cena. O mesmo alerta eu fiz quando a PGR consorciou-se à Globo, à JBS e ao DoJ, nessa delação que agora subiu no telhado. As ORCRIMs institucionais, sobretudo a Fraude a Jato – que engloba PF, MPF e PJ, instituições cooptadas pelo alto comando internacional do golpe, que fica nos EUA – e o PIG/PPV, liderado pela Globo, JAMAIS estiveram contra ‘MT’ e a camarilha que o acompanha e apóia. Essas ORCRIms são responsáveis por ‘MT’ ocupar hoje o Planalto.

    No 2º parágrafo o autor admite exatamente o que tenho afirmado.

  3. Festim diabólico e catchup

    O fechamento sólido:”Somos governados nos tres poderes pelos piores e menos preparados de nós”, e chega a grana neles, pois o argentarismo, ou a plutocracia, nunca falou tão alto neste pobre e infeliz país.

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