Como nasce uma escola: formação continuada amplia aprendizagens de professores e estudantes

Do Centro de Referências em Educação Integral

Na quarta reportagem da série Como nasce uma escola?, o Instituto Casa Viva Educação e Cultura, de Belo Horizonte, conta ao Centro de Referências em Educação Integral como lida com a formação continuada dos professores.

 

Por Ana Luiza Basilio do, Centro de Referências em Educação Integral

São apenas cinco meses de existência. E entre tantos processos em estruturação, uma certeza: investir no desenvolvimento integral e contínuo dos professores é fundamental para a viabilidade do Instituto Casa Viva, de Belo Horizonte (MG).

Isso também fica evidente na fala de uma das professoras associadas, Aline Primo: “a gente entende a formação continuada como um processo contínuo e permanente”, atesta. Nesse momento, a instituição se encontra, como ela explica, ajustando o que é planejamento e o que é desejo, e se estruturando para, em breve, incorporar o processo na íntegra.

“Entendemos que a formação continuada se estrutura em dois pontos principais: um externo à escola, em que os professores têm apoio para conduzir pós-graduações ou outros cursos de interesse; e outro comum à instituição, que deve se pautar na vivência e na diversidade encontrada todos os dias em sala de aula”, reflete.

O primeiro modelo ainda não está contemplado na realidade do Instituto Viva. Aline conta que há pouco conseguiram estruturar um planejamento financeiro a partir do modelo de instituição sem fins lucrativos pelo qual optaram desde o início. Portanto, a ideia de que as verbas arrecadadas pela instituição sejam revertidas para a sua própria manutenção – como bolsas para alunos carentes e apoio em formação de professores – ainda não foi totalmente colocada em prática.

Esforço interno

Por outro lado, há um empenho para que as aprendizagens dos professores se diversifiquem na própria instituição, também levando em conta as especificidades de cada estudante. “Nossas crianças e adolescentes têm características muito diferentes que a base teórica sozinha não dá conta de contemplar”, observa Aline. Para ela, é fundamental que esses conhecimentos se amparem nas vivências, em espaços que prezem pelo encontro de práticas, discussão, revisão e atualização delas.

Isso é proporcionado nos chamados encontros de núcleos. Um deles, o Núcleo de Linguagem, Ciências Humanas, Ciências da Natureza e Matemática, quinzenal, reúne profissionais de diversas áreas do conhecimento e professores da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental. “O objetivo é planejar coletivamente as atividades, discutir as estratégias pedagógicas que deram certo e as que não, rever as metodologias”, explica a professora.

Além disso, todos os meses são realizados encontros gerais onde se discutem assuntos comuns à toda a comunidade escolar. Nesses espaços são dados avisos coletivos, avaliadas as necessidades de assembleias com os alunos, entre outras possibilidades.

Há ainda o Grupo de Estudos de Matemática e a Construção do Pensamento Lógico, mediado por uma parceira da instituição, que propõe discussões e reflexões para que os professores avaliem como a área do conhecimento pode se tornar significativa aos alunos. “Entendemos que essa é uma maneira de buscar metodologias que façam mais sentido, que coloquem a Matemática a serviço da vida dos alunos”, esclarece Aline.

O Instituto também busca possibilidades formativas em meio à comunidade. Atualmente, os professores podem desfrutar de aulas de francês gratuitas, uma vez por semana, ministradas pelo pai de um dos estudantes. Para a professora associada, a ideia é que essas práticas possam ser cada vez mais recorrentes e os familiares mais presentes no cotidiano do Instituto.

Refletir é preciso

Aline entende que o investimento na formação continuada dos professores é fundamental para o repensar das práticas. “Seríamos incoerentes se pedíssemos aos alunos que participem, que verbalizem, e não nos colocássemos nesse processo também. A gente só ensina o que sabe”, garante.

Em sua opinião, o aprendizado está muito mais na ação do que no discurso. Com isso, é fundamental sentar, debater, construir. “As situações de conflito são riquezas para nós aqui do Instituto, pois precisamos pensar sobre o que fazer com elas”, conclui.

Redação

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