Leva pra casa, por Doney

   

do Política Nada Imparcial

Leva pra casa

por Doney

O pior da chacina que fuzilou cinco jovens no Rio de Janeiro é o silêncio cínico e omisso daqueles que vivem defendendo que “bandido bom, é bandido morto”.

Onde eles estão agora? Se solidarizam com as vítimas? Ao menos vão ao enterro? Se colocam no lugar de seus pais?

É inevitável que a assimilação deste discurso resulte em tragédias como esta.

Os jovens comemoravam o primeiro salário de um deles, que tinha apenas 16 anos e já começara a trabalhar; outro, com 20 anos, estava completando o curso de administração agora em dezembro (destaque-se que para se formar com 20 anos de idade é preciso seguir os estudos de maneira bem precisa).

Na verdade, os policiais dispararam, e pelo feito devem ser duramente condenados, mas os autores intelectuais destes crimes é a escumalha que vive pedindo a morte de bandidos, sem direito ao devido processo legal, julgamento e defesa.

Em resumo, aos ignorantes que acham que a barbárie se resolve com mais barbárie – e não com justiça.

Aqueles que dizem “Tá com dó de bandido? Leva pra casa!”, deveriam agora levar em conta que os pais daqueles cinco rapazes não poderão levar seus filhos pra casa, pois foram transformados por esta sociedade hipócrita e covarde em cadáveres; não o levarão pra casa, porque a casa deles definitivamente agora é o chão.

Que a terra lhes seja leve.

 

Foto: Roberto Moreyra / Extra

Redação

22 Comentários

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  1. “Eles precisam ficar no lugar deles”

    Mas eles não querem saber. Eles querem o Brasil tal qual sempre foi, com muitos pobres para lhes servirem. E quando esses pobres saem da “linha”, merecem isso mesmo, morrer nas mãos da policia ou milicia.

    Na timeline deles, vão falar da barbarie em Paris, mas jamais do massacre diario nas periferias do Brasil.

  2. Mais de 50 tiros, 5 mortos.

    Mais um crime hediondo da PM do RJ. E são muitos como esse, pelas outras PMs do Brasil. Vide as recentes chacinas em SP e em Manaus, comandadas por esses bandidos fardados. E ao contrário daquele discurso batido e mentiroso de que são “casos isolados”, “maçãs podres no meio de frutas sadias”, sabe-se que esses criminosos agem quase sempre assim quando se trata de jovens negros e pobres. Já imaginaram se isso ocorreria com jovens da alta classe média, ou dos poucos ricos do país? Não ocorreria. 

    Só uma informação ao Doney: o jovem de 20 anos a que ele se refere fazia curso técnico em administração, ou seja, não era universitário. Mas isso não importa. Não estuda mais, não vive mais, assim como seus amigos de infortúnio. Que pesar para suas famílias. Pra todos nós.

  3. A violência/execução policial
    A violência/execução policial é o novo tronco, preventivo e punitivo, para que acuado e de olhos baixos, submisso, com o sim senhor, não senhor, na ponta língua, o negro saiba que seu lugar é a favela, a nova senzala, e, que da vida pode esperar, no máximo, que lhe poupem a vida… se nela houver interesse.

  4. Cinco negros num carro branco

    Cinco negros num carro branco foram exterminados pela PM como se fossem bandidos*. Tenho 51 aos e nunca vi uma notícia sequer sobre o assassinato por policiais de cinco brancos num carro negro. Mas vi notícias sobre Thor Batista ter atropelado e matado um mulato com seu carrão cinza. Um pedestre negro foi preso e condenado por carregar duas garrafas de produtos de limpeza.

    “Não somos racistas” disse Ali Kamel. Mas ele não explicou porque os negros são sempre as vítimas preferenciais dos policiais, nem porque os brancos suspeitos ficam sempre mais impunes que os negros inocentes. 

     

    *A pena de morte é proibida pela CF/88. Os suspeitos e condenados pela Justiça também tem direito à vida e à dignidade humana garantidos pela CF/88.

    1. Pobres x Ricos

      Esta tendência de atribuir culpa a alguém pelo poder aquisitivo também me assusta.

       

      Qual o valor de corte prá você ser considerado “rico”. Um cidadão pobre, negro ser atropelado e morto na pista escura de uma rodovia por alguém que tem um poder aquisitivo superior e que estava com velocidade compatível com o local ,não faz do útlimo um criminoso e do primeiro um inocente. Está lógica também fere direitos da mesma maneira que “bandido bom, é bandido morto”

       

      1. Sei… você ficou mais

        Sei… você ficou mais horrorizado com a possibilidade de condenação de Thor Batista (branco e rico) do que com a execução de 5 jovens negros na periferia. Isto diz muito sobre sua verdadeira natureza, meu caro. 

        1.  
          Sua resposta talvez diga

           

          Sua resposta talvez diga mais sobre sua natureza. “Direitos” são para todos, indepedentemente de classe social, cor da pele, etc. Onde está escrito que fiquei horrorizado ou “mais horrorizado”.  Até você que é analfabeto funcional tem o “direito” de dar a resposta que me deu.

           

           

           

          1. Direitos são para todos…

            Direitos são para todos… isto certamente explica porque os jovens negros (e pobres) foram fuzilados pela PM e Thor Batista (branco e rico) matou e ficou impune. Ha, ha, ha… você já nem consegue distinguir Direito de Privilégio, tampouco é capaz de distinguir Direito de Brutalidade racialmente seletiva. 

             

  5. policiais despreparados e

    policiais despreparados e arrogantes, sabedores que em poucos dias nenhum jornal, revista ou o Datena ou a Sherazade ou qualquer outro “reporter” televisivo vai continuar falando sobre este CRIME (mais um).

  6. O problema da PM é ter dado certo, por Luiz Antonio Simas

    A discussão sobre o que deu errado na polícia parte de um pressuposto equivocado. O problema da PM não é ter dado errado. É ter dado certo.

    Não sou especialista em questões de segurança, longe disso, mas minha formação é em História. A ela recorro. A polícia militar foi criada por D. João, no início do século XIX, em um contexto em que a revolução dos pretos do Haiti apavorava, pelo poder de inspirar movimentos similares, as elites do Brasil. A função original da polícia era, basicamente, defender a propriedade e as camadas dirigentes contra as “gentes perigosas e de cor”. Tal fato me faz crer que, em pouco mais de duzentos anos, a PM carioca é uma das instituições mais bem sucedidas da história do Brasil. Sou dos que acham, portanto, que não adianta dotar esta polícia de um suposto “perfil cidadão”, ensinado em algumas aulas mequetrefes, e ponto. O buraco é muito mais embaixo. A PM foi criada para matar. Alguém conhece aí a fábula da natureza do escorpião? Pois é. A PM é, historicamente, uma UPP permanente: Unidade de Pancada em Pobre/Preto. 

     

    Não sou otimista. Há, evidentemente, policiais do bem, mas a missão que justifica a corporação, inscrita em sua História, é essa: defender o status quo contra as ameaças a ele, fundamentando essa defesa no monopólio da violência, prioritariamente voltada contra os mesmos pretos e pobres dos tempos do rei. É assim há duzentos anos e continuará sendo. A única solução para a PM (com uma soldadesca de maioria pobre e preta, como a gritar que somos um país de complexidades escancaradas) é a extinção/refundação ou coisa do tipo. Como fazer isso? Não sei; mas é necessário.
    A discussão sobre o que deu errado na polícia parte de um pressuposto equivocado. O problema da PM não é ter dado errado. É ter dado certo.

     

    1. Indicação

      Fiquei curioso sobre a origem da PM. Poderia me fazer a gentileza de me apontar estudos onde se encontra essa informação? Agradeço antecipadamente.

  7. Como assim?

    Como assim: “destaque-se que para se formar com 20 anos de idade é preciso seguir os estudos de maneira bem precisa”. Que diferença faz se ele era estudiodo, matador de aula, bagunceiro, se estudava, se trabalhava? Isso não faz a menor diferença. Não é agravante nem atenuante. Pelo amor de deus, vamos parar de reproduzir essas ideias do “cidadão de bem”, e enxergar todos como seres humanos e ponto final. 

    1. Se os cinco tivessem passagem

      Se os cinco tivessem passagem pela polícia e fossem analfabetos, os policiais teriam cometido um crime da mesma ordem.

      Quando destaquei suas experiências individuais foi apenas para realçar o drama vivido, e não para carcterizá-los apetecíveis aos olhos dos pseudo-homens de bem. 

    2. Comentário.

      De fato, não foi atenuante, mandaram bala, sem dó.

      A questão é se seu comentário segue de acordo com os fatos.

      Dizer “todos somos seres humanos” seria algo a dizer aos policiais…

  8. Os especialista do blog em

    Os especialista do blog em racialismo, raça,cor, etnia, cor não é raça, não existe raça… e blá.bla.blá.

    O que acham da operação da PMRJ.

     

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