A mídia e suas interpretações do resultado do ENEM 2012.

enem-2012

Título da reportagem do Estado de S. Paulo de 26 de Novembro:

“ENEM: elite pública supera rede privada”.

Alunos de escolas federais tiveram maiores notas entre os que fizeram prova em 2012; por áreas. Redação teve queda na média nacional”. Pag. A18.

“A média da geral da redação caiu… A pior queda é na rede estadual, mas a média das privadas também caiu”.

A comparação é feita por causa das cotas. Segundo Aloísio Mercadante: “Nossa preocupação são as cotas; Neste ano 25% das vagas do SISU (Sistema de Seleção Unificada das Universidades Federais) vão para alunos de escolas públicas. Esses 25% são melhores do que os das escolas privadas”.

Resumindo: as vagas nas universidades federais já estariam preenchidas sem haver necessidade do uso das costas, pois os melhores já são de escolas públicas. E agora?

É realmente uma situação esdrúxula. Há pais que pagam mais de R$ 3500 reais de mensalidade. Sem contar outros gastos: materiais, passeios, eventos, lanches altamente balanceados e as atividades extracurriculares: balé, esportes, pinturas e o que mais inventarem. Tudo com objetivos pedagógicos, claro.

Pois bem, para tudo isso terminar com esse resultado: os estudantes da tão massacrada rede pública se saírem melhores do que os da privada. E (aí meu bolso!) sem gastar um tostão. Assim não pode.

E não adianta cobrar da escola particular melhores resultados, porque vocês já sabem o que vai acontecer: a calculadora vai “piar”: precisamos disso, daquilo conforme o mundialmente desconhecido pedagogo. Isto acarretaria um aditivo de (soma, divide, multiplica)… 30% na mensalidade, explicaria a diretora.

Mas não se desesperem clientes da rede privada. Há um método muito mais barato para confortar as consciências paternais. Assistam o “Bom dia Brasil”, da rede GLOBO.

Das 30 melhores escolas, 27 são privadas, bradaram os ancoras. Da primeira entrevistaram a diretora e também “marqueteira”, com suas verdades absolutas. Da melhor pública entrevistaram um aluna, toda tímida e sem muito o quê falar. Quanta diferença de enfoque, não é mesmo?

Além do quê, 2013 é findo. E, no início do ano já sabem como é que é. Os noticiários da GLOBO darão sua contribuição para o engrandecimento da educação nacional.

Rede privada será mostrada como um paraíso na terra: salas limpas, professores felizes, alunos transbordando de educação e saúde. A pública, um inferno: porrada, tiro, tráfico, assaltos, prostituição, agressões a professores, goteiras, falta de material e de interesse dos docentes e discentes. E, continuando nos tratando como imbecis televisivos (já não basta a propaganda do Estadão com aquele boneco boçal), subliminarmente nos perguntarão: depois de tudo mostrado onde vocês irão matricular seus filhos? Sacanagem da grossa.

Há outra esperança aos pais que desejam o melhor para seus filhos: sair de São Paulo. Das três escolas publicas nenhuma é do estado.

Que coisa! Logo a locomotiva do Brasil, a Suíça brasileira, comandada há 20 anos pelo PSDB, tem péssimo sistema educacional.

Segundo a mesma reportagem do Estado “A rede estadual, que concentra a maioria dos participantes, ficou com os piores resultados”.  E não adianta o Serra culpar os nordestinos que migram para o estado, certo? Esta desculpa estapafúrdia só é aceita pelos preconceituosos extremos.

A mídia precisa de um banho de democracia. O Brasil não pode ser democrático pela metade. Lei da mídia, já.

Redação

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