A reserva Roosevelt, um marco de submissão.

Na sessão “Há um século” do jornal do Estado de São Paulo há um telegrama que mostra o quanto a classe dominante sempre foi submissa aos EUA.

Está escrito: “O sr. Presidente da república recebeu telegramma do sr. Theodoro Roosevelt: “Estou profundamente sensibilizado pelo vosso amável telegrama. Já matamos duas onças e varias outras peças de caça, tendo os naturalistas conseguido esplendidos especimens para suas collecções “”. O presidente à época era Hermes da Fonseca.

Doí ler esse telegrama. O primeiro pensamento é: não acredito que deixaram eles fazerem isso, é um barbaridade. Claro que é um absurdo, olhando como os olhos das pessoas do século XXI. Mas será tão absurdo assim? Proporcionalmente não será exatamente isso que a elite brasileira continua a fazer com as riquezas de nossa nação?

Pela resposta que Theodoro deu ao presidente brasileiro fica evidente que a nata da nossa sociedade não passava de lambe-botas dos americanos. E mais grave percebe-se que nossas riquezas eram dadas a preço de banana. Tal qual FHC fez com suas privatizações, Vale do Rio Doce em destaque.

Roosevelt, ex-presidente americano, era historiador, naturalista, explorador e soldado, chegando inclusive a atingir a graduação de coronel.

Então foi simples conseguir autorização para “desbravar” a Amazônia. A expedição era científica. Não exploratória.

Pelo telegrama percebe-se o safari e quanto à vontade esse senhor se encontrava em nação alheia. Mataram não se sabem quantos animais. E se orgulham de ter feito o mesmo com duas onças.

Certo, estamos em 1914, não se discutia ecologia e meio ambiente. Os safaris eram normais, destacadamente na África. O abate para adorno ou foto de coragem eram comuns. Os caçadores estavam com tudo. Tarzan matava leão à dentada. Jim das selvas dava porrada em crocodilo. Até o destemido repórter Tintin andou aprontando das suas no continente africano, por pouco não acabou com a fama de Hergé.

Mas apesar de todos atenuantes do ex-presidente não podemos esquecer que Roosevelt era acima de tudo americano. Norte americano. Filho de tio Sam. Unha-e-carne com os interesses de seu país. E acima de tudo pertencente e um dia comandante de um nascente império.

A área que ele desbravou, descobrindo rios, que os seringueiros já conheciam, era um terreno rico em minérios. Diamantes.

O governo brasileiro desconfiado das reais intenções yankees, e para dar um tipo de satisfação aos brasileiros designou Candido Rondon para “ciceroneá-lo”.

Além do prazer de matar por matar de Theodoro, ele vislumbrava para o seu país mais um continente submisso e no qual se pudessem explorar as riquezas de modo livre. Sem barreiras ou qualquer fiscalização. Sonho de qualquer governo colonialista.

Até nos dias atuais a pretensão americanas sobre a Amazônia é vista como algo crível. Vide o debate sobrea a reserva Raposa Serra do Sol.

Na lua fincaram uma bandeira, no Brasil colocaram um marco em forma de recado.

Hoje a área indígena recebe seu nome. Reserva Roosevelt, pertencente aos índios cinta-largas. Palco do mais vergonhoso massacre da república. Nos anos 60 envenenaram 3500 nativos com arsênico. Mercenários pagos por empresários inescrupulosos perpetraram esse genocídio. Pouco conhecido do público em geral. O objetivo era o extermínio da tribo e a livre garimpagem. Hoje são grandes empresas mineradoras a fazer pressão. E, quem poderá não desconfiar, pagando para matar
lideranças indígenas?

A ganância pelas pedras preciosas produziu terror e morte. Em 2004 os índios mataram 29 garimpeiros ilegais. Quase vira uma guerra, assim como aconteceu no continente africano.

Vivemos um momento de autoafirmação como país soberano, democrático, pluralista e justo então por que essa reserva tem que se chamar Roosevelt. O que esse ex-tudo fez de bem para o Brasil a ponto de merecer ter seu nome perpetuado no coração do Brasil? Ou será um aviso de mando para a pobre sub-raça sul-americana?

Essa reserva é um símbolo de submissão. Enquanto seu nome for esse, as garras imperialistas farão sombra sobre o futuro dos brasileiros. E não é falso nacionalismo. É uma verdade nua e crua.

Redação

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