Diante das crises é que um povo cresce ou se apaga por séculos.

Diante das crises é que um povo cresce ou se apaga por séculos.

Participei domingo da manifestação pelo “Fora Temer e Diretas, Já” no largo da Batata, Pinheiros, São Paulo.

Sou, antes de tudo, um defensor da anulação do impeachment e a restituição de Dilma Rousseff ao poder.

Não concordo plenamente com a tese de que as diretas já seja a única solução. Evidentemente que também é uma solução. Mas creio que se lutarmos apenas nesta frente de batalha seremos derrotados, e mesmo vitoriosos as diretas não trarão segurança institucional aos futuros dirigentes do país, pela simples razão de que não derrotamos o golpe. Pelo contrário, naturalizamos a usurpação. Infelizmente, reafirmando que golpe de estado é um fato histórico enraizado na cultura da nação brasileira.

Oras! quer queiram, quer não, chegará um momento que teremos que dar um basta veemente ao golpismo! Isto é, se desejarmos acabar realmente com este ciclo criminoso da classe dominante.

Então, pergunto: por que não pode ser neste momento? Por que temos que esperar…esperar… e esperar, até que surja uma geração que realmente faça o que deve ser feito hoje?

Pelas conversas que mantivemos com os manifestantes todos acreditam e sabem que anular o golpe é o certo a ser feito. Vou repetir: TODOS! com quem conversamos apontam a anulação do impeachment como o caminho correto.

Mas também dizem que a anulação é algo improvável porque o poder judiciário é partícipe do golpe. Aí incluem os tribunais de primeira instância e o próprio STF.

Estão certos. O judiciário faz parte do golpe. No entanto a pressão popular pode reverter este quadro. O STF não se meteu na política? Assuma, então, as consequências desta postura leviana, certo?

E para aqueles que acham que isso não resolve faço um questionamento: o que nós fomos fazer em Curitiba quando Lula prestou depoimento ao juiz Sérgio “Banestado” Moro?

Fomos protestar em frente ao legislativo? Não! Em frente ao executivo? Não!

Aonde nos concentramos? No judiciário!

Porque a gente sabe que a pressão popular é uma arma poderosa e funciona.

Vão negar que não influenciamos na postura dos procuradores e do Moro? Vão negar que o Lula não se sentiu mais seguro com nossa presença?

O ex-presidente só não ficou preso porque nós estávamos lá, ou não?

Fico espantado e preocupado quando partidos, movimentos populares e centrais dizem que o povo quer diretas, já.

Espantado porque não é verdade que a população quer diretas. A falta de opção levou-os a gritar por diretas.

Preocupado porque os “líderes”, intelectuais, acadêmicos não esclareceram aos brasileiros sobre as alternativas que tínhamos para derrotar o golpe. Eles simplesmente escolheram as diretas e nos impuseram essa bandeira. De cima pra baixo. Tiveram a mesma postura da direita. Excluíram os cidadãos dos debates.

Está na hora de rever esta postura.

A direita tem o plano A, tem o plano B, C, D, E, F… E a esquerda só tem o “a”, em minúsculo.

Somos atacado de diversos pontos, e não respondemos à altura. Assim não dá! É derrota certa.

Temos que abrir novos “front” nesta guerra.

Pedir a anulação não é dividir, é somar. Porque temos gente e disposição para pressionarmos ao mesmo tempo o legislativo, o executivo e o judiciário. E ainda sobra ânimo pra escrachar a Globo.

Diante das crises é que um povo cresce ou se apaga por séculos.

O que queremos para o nosso país? Precisamos nos afirmar como nação. Não é escondendo ou deixando prá lá que as coisas se ajustam.

Enquanto no Chile e na Argentina os militares golpistas estão sendo punidos aqui no Brasil ficaram impunes.

Percebam o absurdo. Os golpistas de 64 assumiram o governo prometendo redenção. Depois de 21 anos devolveram o Brasil destroçado e com sangue nas mãos. E se autoanistiaram!

E o STF atual reafirmou a anistia. É o tal do “vamos olhar para o futuro”, ” não vamos reviver o passado”.

E tem general assassino que morreu sem nunca ter sido acusado de nada.

Vamos ter o mesmo comportamento agora? Deixar os golpistas pra lá e não tomar alguma providência?

Que lição tiraremos desse golpe? Nenhuma?

Ou crescemos, ou nos afundamos.

Redação

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