Joaquim Barbosa e a falta de consciência, no dia da Consciência Negra.

 

A democracia sobrevive da verdade e da justiça. Quem dela se esconde tende a afundar no mar de lama da hipocrisia.

O modo como a mídia manobrou e como Supremo Tribunal Federal, na figura inefável de Joaquim Barbosa, se rendeu ao imediatismo da proposta farsante nos remete aos acontecimentos de 54 e 64. Personagens de novela globais se repetem no enredo, na fala e nos chavões. Vendem sentimentos. Choram e riem quando assim o desejam. Plantam árvores com disciplina e alienação espartana. Na ânsia e avidez do golpe e da vingança suburbana atropelam e inventam receitas do bom punir e executar. Sem a mínima cerimônia interpretam a lei monasticamente, despoticamente.

Joaquim Barbosa parece levar a sério o papel imposto pela mídia, a de super-heroi. O homem certo a nos redimir de séculos de corrupção. Então, vestindo a carapuça e somada a sua própria soberba comporta-se como o deus do destino.

O seu deslumbramento com a própria pessoa o faz cometer desatinos. Sem se dar conta da figura quixotesca a que foi arremessado.  Não anda, flutua. Paira acima das cabeças do reles mortais. Há de chegar um dia uma criança e gritar: o rei está nu. A realidade lhe esmagará a triste caricatura.

Nem a sombra do que nunca foi lhe acompanhará no naufrágio da ilusão. Os que hoje lhe aplaudem, amanhã falaram mal. Em editoriais hipócritas, pediram desculpas e tudo bem. O culpado foi este ou aquele menos nós, da imprensa, que apenas informamos imparcialmente os fatos.

Mas não há de ser assim. Se um dia foi, outro não será.

Se há cinquenta anos só vocês tinham voz e fizeram o que fizeram. E sobreviveram e cresceram na exceção, hoje a coisa é diferente. A faca de dois gumes chegou para cortar. Não para a lei da mídia, sim para a lei da mídia. Não para Veja, Folha, Estado, Globo e sim para a internet.

O controle total sobre tudo e todos. Do governo. Da economia. Da sociedade.

Ruiu a senzala. Aturdiu a casagrande. O terremoto tem nome. Internet. Terra utópica de ninguém. Davi contra Golias. Davi ganhou e ficou e prosperou.

Quem sabe o herói seja o vilão. O vilão o herói. Henrique Pizzolato fugiu. O mocinho hollywoodiano. O fugitivo. O que escapou para provar a inocência. Castelo de carta numa tempestade. Ideal americano de luta pela liberdade. A eterna vigilância. A liberdade se conquista. O ex-diretor não será impedido de falar. Os europeus sabem da recorrente falta de lisura em muitas atitudes brasileiras. Não confiam na justiça. Terceira pessoa vendo de fora. Um julgamento italiano, para italiano. Quem saberá? Extraditar não. Por quê? Reciprocidade.

Falha da polícia. Sorte, se a verdade aparecer. A indignação é forte quando a justiça é achamboada. Os supremos não estão preocupados com os outros. Pizzolato é, talvez, a esperança dos que terão a voz calada. Não oficialmente, mas pelos jornais, pelas TVs, pelas rádios, pelas revistas.

Como está na capa da revista Veja: Uma lição aos corruptos. Está certo. Agora falta uma lição nos donos da mídia.

E que a justiça seja refeita, no dia especial da Consciência Negra.

Redação

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