Ministério da Cultura e o desfile de moda.

lei rouanet

A vestimenta é evidentemente uma expressão cultural de uma nação, de um grupo, de uma organização social.

A moda é uma estética ou hábito adotado pelo homem em determinada época, lugar e cultura; tem um caráter massificador e efêmero, segundo Carmen Lúcia de Oliveira Marinho, professora do SENAC Pernambuco.

Não cabe aqui debater temas antropológicos ligados aos adornos usados pelos brasileiros, isto já foi feito nos tempos de Gilberto Gil ministro, e sim a falta de visão política de Marta Suplicy para tratar com assunto.

Ela parece não entender o recado que as recentes manifestações estão dando e o que estão reivindicando. Certo, nenhum governo deve ser pautado pelas ruas. Afinal eles não representam a totalidade da população, mas isso não significa não ouvi-los. Os governos municipal, estadual e federal vivem um momento delicado.

Agora, como explicar para o cidadão comum, 90 % dos brasileiros, que num país com tanta carência se destine milhões do dinheiro público para desfile de moda no exterior? E que, ainda por cima, os beneficiados por essa verba já sejam estilistas consagrados, com trânsito nas altas esferas da sociedade e que, por conseguinte, são pessoas que não teriam grandes dificuldades em captar recursos no setor privado?

Mal comparando, Marta Suplicy lembra em certos aspectos Maria Antonieta. Rainha francesa, casada com Luís XVI, com fama de perdulária e prepotente, e que de certa forma foi o estopim para a revolução francesa, quando diante da revolta e fome da população teria dito: “Se não tem pão, que comam brioche”, mostrando todo seu pouco caso para as reclamações do povo. Se querem verbas para saúde, segurança, educação que se contentem com desfile de moda. É isso Ministra?

Em outros momentos ela demonstra a mesma insensibilidade da rede Globo, quando o assunto é patrocínio.

Por exemplo: durante a entrevista com um atleta a TV não mostra a marca do patrocinador, se não houver acordo anterior. Independente se é um jogador de futebol famoso ou um simples atleta de maratona.

Não é uma sacanagem com o maratonista? Ele não ganha milhões. As dificuldades são enormes para se sustentar. Às vezes o patrocinador é uma lojinha da pequena cidade onde ele nasceu e não uma multinacional. Custa mostrar a marca? Trás prejuízo pra alguém? E não seria uma forma de incentivar outras empresas a ajudarem esses abnegados?

Não seria muito mais interessante usar a lei Rouanet para incentivar o surgimento de novos talentos? Dar apoio? Não seria um incremento maior na cadeia produtiva?

Depois ficam reclamando dos resultados. Que o brasileiro não consegue resultado expressivo no exterior. Que o Brasil não se firma como potência. E coisas tais.

É legal o que Marta Suplicy fez? Claro que é. Mas é justo com os outros artistas ou associações culturais que batalham há anos por recursos, sem conseguir a autorização?

A lógica do governo não pode ser capitalista. O cargo de ministro é político. Seja qual for o ministério. O ocupante do cargo tem que ter esta noção. Com o risco de levar o governo a uma saia-justa.

O absurdo está feito. Agora é só aplacar as críticas. E torcer para que a avaliação do governo Dilma não caia.

Redação

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