A Síria encontra-se em guerra civil desde 2011. Mais de cem mil mortos. Dois milhões de refugiados externos e quatro milhões de refugiados internos. A ONU já considera esse deslocamento como a maior catástrofe humana, superando Ruanda na década de 90, dos últimos tempos.
Os refugiados encontram-se em situação lastimável. Sem acesso a água potável, comida e remédios. Evidentemente quem mais sofre são as crianças e os idosos. Favelas aparecem de um dia para o outro, no interior e nas periferias das cidades. E, como qualquer favela as condições de vida são péssimas.
O pavor é uma constante na população civil. De um lado estão os rebeldes, do outro as forças armadas.
A guerra civil é a mais sangrenta e odiosa das guerras. O inimigo pode estar ao seu lado. As injustiças cometidas são muitas. E ficam impunes. As chacinas são comuns. Os massacres são uma constante.
Foi o que se viu recentemente, massacre de quase mil e quinhentos sírios, sendo metade delas crianças, devido ao uso de armas químicas.
Quem atirou o gás não está comprovado. Os inspetores da ONU, ainda não deram o parecer oficial. No entanto os EUA não tem dúvidas: foram as forças de Bashar al Assad.
Pergunto: alguém acredita piamente no que os americanos afirmam? Afinal, a justificativa para invadir o Iraque era que o país possuía armas de destruição em massa, e Bush tinha a mesma certeza. Como é de conhecimento geral nada foi encontrado, até hoje.
Mas há uma verdade inegável: o armamento proibido foi utilizado. Então, baseado neste fato Obama avisou: estamos prontos e iremos atacar. Eles, as forças de Assad, ultrapassaram a linha vermelha.
Porém, antes da ordem ser dada o presidente americano resolveu consultar o congresso. E conseguir a adesão de outros países. A França embarcou. A Inglaterra, aliado histórico, refutou.
Bem, mas há dois pontos a serem discutidos. A Síria era considerado até 2009 pelos americanos como “um ator chave nos esforços de Washington para dar andamento no processo de paz no Oriente Médio” . A foto acima mostra um jantar de John Kerry com Bashar al Assad, em Damasco, 2009.
Em menos de dois anos Bashar passou a ser chamado de “delinquente e assassino”. Por que isto aconteceu? Qual foi o fator para essa guinada de conceitos? Petróleo? Ora, as riquezas sírias não atraem tanto assim os objetivos capitalistas.
A resposta para esses questionamentos encontramos na coletiva de imprensa dada por Barack Obama, quando do anúncio da retaliação ao governo de Bashar.
Neste dia Obama declarou que a linha vermelha ultrapassada foi estabelecida por eles. Para no dia seguinte desmentir a declarar a ONU como autora deste limite. Neste ato falho, causado pela prepotência, ficou claro que os americanos não dão muita importância para a organização. O que tiverem que fazer, irão fazer, independente da resolução do conselho de segurança.
Por essa postura ficou evidente que o “buraco é mais embaixo”. A Síria é apenas um meio para voos maiores.
A demonstração de força e de atitude é um aviso geral. Não testem a nossa paciência, se dissermos que iremos agir, assim o faremos. Sem titubear. E sem volta. Comportamento típico de imperialistas. Não admitem enfrentamento. Toleram, às vezes.
Será que o Irã, com seu programa de enriquecimento de uranio, e a Coréia do Norte, com suas ameaças, entenderam?
O Outro ponto é relacionado com o povo sírio. Eles já vivem apavorados com ataques dos rebeldes e das forças armadas. Tanto um como outro matam indiscriminadamente. Assim chegam as notícias. E agora convivem com mais esta ameaça: os mísseis americanos. Apesar de toda tecnologia, toda precisão os chamados “efeitos colaterais” são geralmente altos.
A ameaça à vida agora parte de três lados diferentes. E para piorar, como um sádico insensível, Obama diz que o ataque pode ser hoje, amanhã, daqui a um mês. O que a população pode fazer? Não é uma tortura psicológica?
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