Por tabela, Aécio estará fazendo um bem para a democracia.

 

Por tabela, Aécio estará fazendo um bem para a democracia.

 

O mal que FHC faz ao PSDB não tem mensuração. Quem acompanhou a criação do partido dos tucanos sabe: ele tinha um viés esquerdista. Nos anos 80 e começo dos 90 havia certa simpatia entre o PT e o PSDB. Os tucanos eram o que o PT é hoje. Progressista moderado. Porém, bastou Fernando Henrique Cardoso ser eleito presidente para a coisa degringolar. O poder corrompe, e a vaidade atrapalha. E ninguém mais vaidoso que o próprio.

Isso se percebe com a imposição de Aécio Neves como presidente do partido e o lançamento, prematuro, do mesmo a candidato à presidência da república. FHC nunca engoliu o fato de José Serra e Geraldo Alckmin esconderem os feitos de seu governo durante as campanhas fracassadas de 2002, 2006 e 2010.

Aécio Neves não é um líder natural. E nem a pessoa mais gabaritada dentro a agremiação. O seu discurso de posse, cheio de chavões e de mesmice, traduz bem o fraco perfil do senador. Um playboy da zona sul do Rio. Ou como os próprios correligionários dizem: o mais carioca dos mineiros.

O tucanato paulista ainda não digeriu bem o senador mineiro. E dão claros sinais do descontentamento e desconfiança quanto à escolha. Geraldo, pra variar, desconversa quando perguntado sobre a candidatura do Aécio. Nem lá, nem cá.

Serra é um caso à parte. Não disfarça a sua raiva. Ele quer ser o candidato. O que fez então para mostrar a sua insatisfação? Chegou atrasado à convenção mais importante do PSDB. A que escolheria o comandante do partido. Só isso. Os caciques já estavam sentados quando ele entrou. Foi aplaudido de pé pelos militantes, óbvio. O recado estava dado. Roubou a cena da principal estrela. Para o bom entendedor meio atraso basta.

Aí foi a vez de Fernando Henrique fulminá-lo com olhar nada amistoso. Enquanto os oradores repetiam a palavra união o que se via era um racha dentro da cúpula.  Nada está decidido.

Aécio até que se esforça para conseguir o apoio dos serristas, geraldistas e outros. Tenta ser simpático. Distribuiu cargos importantes para estas facções. Elogia. Tudo para conquistar aliados. Um fisiologista barato e um péssimo ator. Soa falso.

Então, por que FHC escolheu alguém sem brilho próprio? Sem carisma? Que está sendo fabricado pela mídia? Que irá provocar disputas internas e possíveis debandadas? E por que Cardoso está disposto a encarar um briga desgastante dentro do partido?

É difícil entender. Fernando Henrique parece um daqueles sujeitos sem ideia própria, mas que sabe como poucos aproveitar as oportunidades. Lula apoiou o novo, fez a presidenta e o prefeito de São Paulo. FHC concluiu que o caminho é este. Talvez seja.

Acontece que seu narcisismo não o deixa ver mais longe. Além do novo, o ex-presidente Fernando quis alguém que o enaltecesse. Que mostrasse que as medidas suas foram corretas. Privatizações foram tudo de bom. Que ele é o pai da estabilidade econômica. E que é o avô do bolsa-família, do fome zero. E bisavô da inclusão social. Que se o país está na situação que está é por sua causa. E exclusivamente sua.

O instituto Fernando Henrique Cardoso prepara uma “carta aos brasileiros” relatando seus feitos.

Será um tiro no pé. Não foi atoa que Alckmin e Serra preferiram se afastar do legado Fernando Henrique Cardoso. Eles sabiam que de outra forma não chegariam nem ao segundo turno.

Para o amadurecimento democrático será ótimo. Finalmente, se tudo se confirmar, teremos um debate proveitoso. Saberemos como se deu a venda da Vale, das telefônicas. Da quase venda da Petrobras. Da chamada privataria tucana. Do ostracismo e da idiotificação imposto a Itamar Franco. Do Real.

Pode ser o fim do PSDB como grande partido da oposição. Por causa da vaidade de um homem. É um preço alto.

Torço para que Aécio consiga ser o candidato, e siga nessa linha de engrandecimento do tucano mor, pois, mesmo sem ter noção, ele estará fazendo um bem para o país.

Redação

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