Vereador propõe tratamento psicológico para preconceituosos

Caco Barcellos, jornalista e escritor, no livro de sua autoria “Rota 66” fez uma série de denúncias da brutalidade e ilegalidades cometidas, na década de 80, pela elite da polícia militar paulista, especificamente as perpetradas pelo capitão Conte Lopes. Por causa disso teve que se ausentar do país durante anos, temendo pela própria vida.

No entanto certa vez, em entrevista, quando perguntado sobre o que achava da resposta dada por Conte Lopes as suas acusações disse: “ainda bem que ele respondeu em forma de livro”, como que aliviado de ser confrontado de forma tão civilizada. Conte é autor da obra “Matar ou Morrer”.

Pois bem, passado tanto tempo deste episódio não é que o vereador de Florianópolis, Santa Catarina, Ricardo Camargo Vieira, PC do B, se sem querer ou não, deu uma resposta à altura a aqueles que apresentaram projeto propondo tratamento psicológico aos homossexuais.

No PL 15550/2013, Ricardo Vieira propõe que o cidadão portador de preconceito receba tratamento psicológico ou psiquiátrico em casos de “psicopatologias homofóbicas, racistas ou quaisquer outros tipos de aversão, nojo, ojeriza, raiva, hostilidade, medo mórbido, sentimento doentio incontrolável voluntário ou involuntário a classes sociais, grupos sociais, etnias, pessoas oriundas de outros estados, nações, grupos religiosos e qualquer indivíduo ou comportamento da sociedade”. Muito mais abrangente do que a dos deputados federais, não é mesmo?

E não para por aí. Caso, o individuo preconceituoso incapaz de discernir a sua própria condição, seja compulsoriamente submetido ao tratamento.  Que tal?

Bem que esse projeto de lei poderia ser encampado por algum parlamentar do congresso. Se aprovado seria válido em todo território nacional.

O preconceito, por ser movido pela ignorância, pela falta de convivência e alimentado por ódio atrapalha a democracia e o crescimento de um país.

Se levarmos em conta o lado da produção capitalista, o sujeito acometido deste mal  prejudica o desenvolvimento, e particularmente a empresa em que trabalha. Visto que despende grande parte de sua força a justificar o próprio comportamento, quando bem poderia usar essa energia para produzir bens maiores.

E o mais interessante, o vereador com esta PL força aos indivíduos preconceituosos se colocarem no lugar do outro e percebam o quanto uma atitude pode ser ofensiva aos sujeitos vítimas de discriminação.

Segundo o secretário Geral da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Alexandre Botelho, o projeto do vereador é reprovável: “Ele acaba criando uma rotulação para as pessoas que eventualmente possuem algum preconceito em relação à raça, cor, religião ou orientação sexual e isso acaba duplicando os efeitos negativos desta conduta na sociedade”. Então, já há pessoas contra essa lei por ser “discriminatória”. Que ironia do destino. E agora Feliciano, como fica?

Por favor, não adianta culpar Deus e querer que ele se submeta a tratamento. Assim não vale, certo?

Abaixo a integra do PL e a justificativa.

projeto de lei Ricardo Vieira SCprojeto de lei Ricardo Vieira SC 2

Redação

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