Empresa de lavagem ecológica lava carro com um copo de água

O empresário Evandro de Oliveira era um dos proprietários de uma lavagem tradicional de carros. Usava-se muito produto, muita água e, garantir uma atividade sustentável, era um desafio. Há quatro anos, ele e o sócio, Marcos Mendes, decidiram tentar um negócio diferente: “Já que era para trabalharmos de maneira correta, resolvemos investir na lavagem ecológica”, relembra. Então, criaram a Acqua Zero, em Brasília, Distrito Federal. “Hoje conseguimos lavar um carro usando apenas 300 ml de água”, conta Evandro. 
 
Os empresários investiram em pesquisa até encontrar os produtos ideais. Estes são diluídos em água e, após a limpeza do carro, removidos com panos. Quando o material fica sujo, é encaminhado para lavanderias, que também tenham responsabilidade ambiental. “Isso reduziu muito o custo com água e, como os produtos são diluídos, a média de gasto com o material para cada carro que lavamos é de R$ 2”, explica Evandro. Isso faz com que o preço da lavagem ecológica para o consumidor final seja o mesmo cobrado por lavagens convencionais. 
 
Segundo o biólogo Jackson Müller, a lavagem tradicional de veículos é uma atividade potencialmente poluidora. “Os impactos estão relacionados ao uso de água tratada e à liberação de material sedimentar, graxas e óleos, que são resíduos perigosos”, explica. Alguns produtos utilizados nos veículos e que são substituídos ou saem durante o processo de limpeza são substâncias tóxicas, que podem causar danos irreversíveis ao meio ambiente e à saúde. 
 
Regras estabelecem padrões para a atividade
 
Para o especialista em legislação ambiental e promotor de Justiça Daniel Martini, a legislação é completa ao prever medidas que devem ser adotadas por esses estabelecimentos para reduzir a poluição.

As regras, fixadas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e em resoluções do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), são as mesmas aplicadas a postos de combustíveis: deve haver drenagem oleosa, piso impermeabilizado, canaletas e caixa separadora de óleo e de água. Os resíduos perigosos devem ser armazenados em tambores com bacia de contenção e em área coberta. Depois, encaminhados para aterros de resíduos industriais perigosos. Já o óleo lubrificante usado deve ir para rerrefino, processo de reaproveitamento do produto. 

 
No entanto, Martini pondera que, como a normatização é nacional, “a especificação de normas no nível municipal poderia ter o mérito de tornar mais didáticas as obrigações às quais a atividade está subordinada”.
 
Fiscalização deve ser feita por órgãos ambientais
Os órgãos municipais de meio ambiente são responsáveis pelo licenciamento ambiental e fiscalização das lavagens. No Distrito Federal, por exemplo, o trabalho é feito pelo Ibram (Instituto Brasília Ambiental). Conforme o coordenador de fiscalização, Leider Oliveira, a maior parte funciona junto a postos de combustíveis e, nesses casos, o problema mais recorrente é a poluição sonora, provocada pelo barulho das bombas de ar comprimido. 
 
Oliveira reconhece, contudo, que existem estabelecimentos irregulares e diz que a fiscalização é feita a partir de denúncias da população e de outros órgãos públicos. “Quando a lavagem não segue as normas, gera resíduos que podem chegar à rede de esgoto pluvial e contaminar os recursos hídricos. O problema é que a maioria dessas substâncias afeta severamente a vida do homem”, alerta. Neste ano, o Ibram autuou nove lavagens por não seguirem os padrões exigidos para a atividade. Os estabelecimentos podem ser multados e notificados para adequar os procedimentos. Se os resíduos estão sendo jogados na rede pluvial, a interdição é feita na hora.
 
A recomendação é que os proprietários de veículos, ao decidirem pela lavagem, verifiquem se o local tem licença de funcionamento da administração pública. Segundo o coordenador de fiscalização do Ibram, “isso quer dizer que está adequado às normas ambientais”. Também é´possível observar, por exemplo, se o piso é impermeablizado e se há canaletas para coleta do óleo e da água suja.
   
 
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Redação

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