Brasil, o filme

Em razão da morte (ou do assassinato) de um Ministro do STF republico este texto. O Leviatã-Curupira brasileiro já começou a devorar seus filhos?

Não, não vou falar aqui do filme de Terry Gilliam lançado em 1985, que gosto de rever algumas vezes por ano. 

https://www.youtube.com/watch?v=XmSBtDLgBSQ

A beleza plástica deste filme contradiz o aspecto terrível de um mundo dominado pela burocracia e pela brutalidade. Apenas os erros e os defeitos são capazes de impulsionar a narrativa.

O personagem sonha com liberdade e encontra apenas uma coisa: repressão e tortura. 

A chegada de Michel Temer ao poder através do golpe de 2016, que envolveu políticos corruptos, jornalistas tendenciosos, pastores inescrupulosos e juízes que rasgaram a CF/88 porque odeiam a soberania popular, sugere um novo filme com o mesmo nome.

O argumento do filme deve ser o encontro do país com sua verdadeira imagem.

A nação politicamente organizada não é mais um Leviatã opressivo (como aquele que inspira a obra de Terry Gilliam) e sim um Curupira que retorna da selva e se institucionalizou no centro urbanístico do poder imaginado por  Lúcio Costa e Oscar Niemeyer

Há algo de trágico e de cômico neste reencontro do Estado europeu implantado a força no Novo Mundo com o mito indígena em que ele se transformou. Num primeiro movimento, a antropofagia deixou de ser o consumo ritual de carne humana e passou a ser a transfiguração da cultura estrangeira deglutida pelos intelectuais brasileiros. No segundo movimento, que é o que está ocorre agora, todo país (com suas estruturas político-judiciárias importadas) foi finalmente deglutido pela suposta irracionalidade dos bárbaros que habitavam Pindorama. 

Os mais capazes já podem começar a imaginar este filme. Quem tiver o vil cacau que financie o projeto. Minha tarefa é a mais pueril: fornecer o argumento principal. 

 

 

Fábio de Oliveira Ribeiro

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