Cunha, a Béééééblia e a Lei

Conduzido à prisão que fez por merecer, Eduardo Cunha tratou de contratar advogados para ser libertado. Os defensores dele foram hostilizados por populares.

O clima de linchamento criado pela imprensa para destruir o PT se voltou contra o herói ungido por jornalistas para derrubar Dilma Rousseff. A impopular revolução do mercadojá começou a devorar seus filhotes.

Todavia, os advogados de Cunha não devem ser confundidos com seu cliente. Por mais repugnante e desprezível que seja, Cunha também tem direito de defesa. O mesmo direito de defesa que ele não deu a Dilma Rousseff quando iniciou e conduziu o Impedimento mediante fraude.

A porca deu sua última volta completa. Mas a rosca ainda não espanou.

O político-pastor que rasgou a CF/88 vai agora exigir em Juízo as garantias constitucionais que ele desprezou e ajudou a destruir. E o Judiciário certamente o tratará com uma dignidade e isenção que não consegue empregar nos casos de José Dirceu e Lula.

Francamente… mesmo sendo advogado e, portanto, um defensor do Estado de Direito, confesso que não ficaria surpreso ou triste ao ver Cunha ser linchado. Cada qual colhe o que plantou. Savanarola acendeu muitas fogueiras antes de ser queimado vivo.  

Quando chegou à presidência da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha sabotou o governo do PT e semeou uma teocracia intolerante que rejeita religiões afros, discrimina gays, oprime índios e estudantes e pretende catequizar os novos bárbaros nos mistérios do Deus mercado. É justo que ele colha um apedrejamento na forma da Béééééblia que ele usou para chegar ao poder e destruir nosso regime constitucional laico e civilizado. Até onde sei, todos aqueles que abusaram deste livro se deram mal.

Tenho pena, contudo, dos advogados de Cunha. Eles ficarão para sempre associados ao cliente infame que escolheram defender. Em razão disto, espero que eles estejam cobrando honorários milionários. Afinal, apesar de ter enriquecido explorando a credulidade dos pobres, Cunha não é um pé rapado.

PS: O tratamento dispensado pela Justiça a Eduardo Cunha não foi igual àquele que tem sido dado aos líderes petistas. Ele não foi algemado como José Dirceu, nem exibido diante das câmeras durante a condução coercitiva para depor como Lula.  A ausência do japones da Federal durante a prisão dele também foi notada.

Fábio de Oliveira Ribeiro

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