Este é um bom filme baseado em acontecimentos reais, que desgraçadamente não está disponível em todos os cinemas. Tive que me deslocar de Osasco até o Cine Livraria Cultura, na Av. Paulista- São Paulo, para ver a obra.
Um dos temas do filme é o efeito que a guerra produz em torturadores e torturados. O outro é como o perdão cicatriza as feridas abertas tanto na vítima quanto no agressor. “Uma longa viagem” é um filme indicado para todos os cretinos que atacam a Comissão Nacional da Verdade.
Também deveria ser visto pelos bastardos inglórios que seguem exigindo a impunidade dos criminosos da Ditadura. Policiais e militares que cometeram crimes no período 1964/1985 e que ainda dizem que são heróis, muito embora tenham sido apenas criminosos a serviço de um regime político criminoso, provavelmente não gostarão deste filme.
A obra não tem uma sequencia linear.
As duas histórias, a do soldado inglês torturado por japoneses durante a construção de uma rodovia na Ásia na II Guerra Mundial e a do mesmo personagem após o fim da guerra sofrendo em razão do trauma, são contadas simultaneamente. A história do soldado japonês que torturou o protagonista e que ele reencontra no mesmo local e em condições de se vingar depois da guerra é narrada apenas pelo ângulo da vítima.
A falha na construção do antagonista não chega a comprometer o filme. Afinal, ambos, verdugo e vítima, estavam indissociavelmente ligados pela dor. Um volta ao local em que praticou a infamia tentando se redimir o outro procura o antigo inimigo para se vingar e, antes de cometer um crime de sangue, o perdoa para poder esquecer a dor.
A História do Brasil não é e não será feita de perdão, nem de redenção. O melodrama envolvendo os personagens do filme – que foram dois soldados inimigos – não pode ser comparada à tragédia das vítimas da ditadura, pois os militares brasileiros não torturaram soldados estrangeiros em tempo de guerra. Eles torturaram outros brasileiros, civis, mulheres e crianças indefesas. A única redenção que os criminosos da ditadura merecem é apodrecer na prisão. Se lá eles forem torturados como muitos presidiários brasileiros ainda são não sentirei pena deles.
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