Wonder Ziwoman

O lançamento de Mulher Maravilha provocou reações interessantes no Oriente Médio. Libaneses querem banir o filme no seu país em razão da nacionalidade da atriz https://cinema.uol.com.br/noticias/redacao/2017/05/30/mulher-maravilha-pode-ser-banido-no-libano-por-ter-atriz-israelense.htm.

Esta questão me parece irrelevante. As transformações impostas ao personagem interpretado por Gal Godot é muito mais relevante.

Neste como no filme em que a nova Mulher Maravilha foi relançada na tela grande (Batman x Superman https://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/batman-x-superman-a-sexualidade-nos-filmes-de-hqs), os seios da personagem crescem quando ela assume quem realmente é. Diana Prince tem os seios pequenos e inevitavelmente sujeitos à gravidade. Mas os seios da Mulher-Maravilha são firmes e fartos.

Os seis fatos da Mulher Maravilha lembram, sem dúvida alguma, um ícone produzido pela propaganda nazista.

Outra coisa que chama a atenção é a agressividade exagerada da Mulher Maravilha. Os seios volumosos e bem definidos dela deveriam ser um símbolo de feminilidade. Mas quando age de maneira heróica, ela se comporta de maneira masculina. A curiosa inversão lembra de certa maneira a glorificação nazista das mulheres que ficaram na retaguarda do Reich produzindo os armamentos utilizados pela Wehrmacht na campanha da Rússia.

Godot nasceu em Israel. Em razão disto convém não esquecer as palavras proferidas por Uri Avnery em 2008:

“Todos que conheçam a história do nazismo conhecem bem o vergonhoso papel que tiveram os tribunais e demais agentes da lei, na República de Weimar, em relação aos criminosos cujo único objetivo era atacar o próprio sistema democrático. Os agitadores nazistas recebiam penas leves, porque os juízes os declaravam “patriotas equivocados”; e os agitadores comunistas eram tratados como agentes e espiões estrangeiros.

Atualmente, Israel está vivendo o mesmo fenômeno. Os colonos israelenses que infringem a lei recebem condenações simbólicas; os palestinos, mesmo quando acusados por infrações muito mais leves, recebem penas duríssimas. Hoje, um colono que atice seus cães contra um comandante de batalhão é absolvido; exatamente como acontece, também, mesmo que ele quebre os ossos de um chefe de destacamento.”

http://www.vermelho.org.br/noticia/41985-9

Assim como o militarismo (e de certa maneira o racismo) controlam mais e mais as ações governamentais de Israel – fato bem evidenciado pelo ataque à população civil de Gaza que matou centenas de crianças – a estética nazista está se infiltrando na produção cinematográfica norte-americana. Isto é certamente mais importante do que o fato de Gal Godot ser israelense. Tal como a nova Mulher Maravilha foi concebida o personagem poderia ser interpretado por uma atriz francesa, belga, brasileira, inglesa ou norte-americana. O resultado seria o mesmo: a popularização de uma verdadeira Ziwoman. 

 

Fábio de Oliveira Ribeiro

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