Sem as esperanças de ir para o céu

No dia 04 de Novembro de 2013 um amigo foi embora deixando-nos privados do seu temperamento desbocado. No auge dos seus sessenta e três anos nosso maluco beleza dizia coisas sobre a terra, sobre a vida, e mais ainda sobre a morte.

O que solidifiquei com ele foi certeza de que a esperança de ir para o céu é simplória, é mundana, é besta. Coisa de quem só lembra-se do JC, de Ala, de Deus, dos elfos, ou do Diabo naqueles momentos em que estamos definitivamente na merda. Sem alarde, nosso saudoso amigo sempre fazendo da sua vida algo que, pelo menos, não prejudicasse os outros, mas sempre sem esperanças de ir para o céu.

A esperança de ir para o céu molda comportamentos e valores, traz a discussão violenta e a guerra, a ignorância sobre a ignorância. Ouvem-se os clamores por paz de quem é incapaz de enxergar uma batucada fora da retórica satânica. Tá amarrado! Ou de quem enxerga que o Ocidente é “infiel”, vendo mal em tudo que esse lado da maça do pecado chamado Terra produz.

Eu não tenho esperanças de ir para o céu, mas nem por isso vou viver a vida loucamente, apenas viver esse sopro que a gente pensa ser alguma coisa. Muito curto para ser mesquinho, para ser radical, para odiar, para não amar, e não ter os prazeres mais simples possíveis, como abraçar nossa cria depois de uma longa ausência.

Depois desse lero-lero todo só consigo lembrar o saudoso amigo nos tempos de laboratório falando comigo: Vai pra porra negão!

Redação

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