“Isto”, por Fernando Pessoa

Foto: Lisboa,  Matty Brown

no blog de Gilberto Cruvinel

 

Dizem que finjo ou minto

Tudo que escrevo. Não.

Eu simplesmente sinto

Com a imaginação.

Não uso o coração.

.

Tudo o que sonho ou passo,

O que me falha ou finda,

É como que um terraço

Sobre outra coisa ainda.

Essa coisa é que é linda.

.

Por isso escrevo em meio

Do que não está ao pé,

Livre do meu enleio,

Sério do que não é.

Sentir? Sinta quem lê!

.

.

sem data

.
 

.…………………………………………………………………………………………………………………

 

.

 

Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995). – 236.

1ª publ. in Presença , nº 38. Coimbra: Abr. 1933.

 

Fontes: 

1. Arquivo Pessoa

2. Página Mar de Palha

 

Redação

4 Comentários

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  1. Fingimento e mentira ou outra forma de se expressar ?

    O fingimento, nesse sentido, é condição “sine qua non” da arte, da própria vida e, por extensão, de toda forma de amor:

    Não fugimos, por mais que queiramos, à fraternidade universal. Amamo-nos todos uns aos outros, e a mentira é o beijo que trocamos.”

    Não é a essa bela ficção que emprestamos o nome de: amor?

    http://www.revista.vestibular.uerj.br/coluna/coluna.php?seq_coluna=48

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