“Lápide”, por Ariano Suassuna

do blog de Gilberto Cruvinel

Com tema de Virgílio, o Latino, 
e de Lino Pedra-Azul, o Sertanejo

 

Quando eu morrer, não soltem meu Cavalo 
nas pedras do meu Pasto incendiado: 
fustiguem-lhe seu Dorso alardeado, 
com a Espora de ouro, até matá-lo.

Um dos meus filhos deve cavalgá-lo 
numa Sela de couro esverdeado, 
que arraste pelo Chão pedroso e pardo 
chapas de Cobre, sinos e badalos.

Assim, com o Raio e o cobre percutido, 
tropel de cascos, sangue do Castanho, 
talvez se finja o som de Ouro fundido

que, em vão – Sangue insensato e vagabundo — 
tentei forjar, no meu Cantar estranho, 
à tez da minha Fera e ao Sol do Mundo!

 

Soneto “LÁPIDE” de Ariano Suassuna, declamado pelo autor, com fotos do Parque de Esculturas Ilumiara Pedra do Reino, em São José do Belmonte-PE.

Redação

5 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

    1. Antonio, obrigado pela

      Antonio, obrigado pela observação. Eu notei que havia erro no texto depois que o post foi subido ao blog. Na declamação do Ariano, ele diz dorso alanceado (ferido com lança). Sua solução encaixa bem no contexto, mas não é o que se ouve Ariano dizer.

        1. Incrível ver a mistura que

          Incrível ver a mistura que ele faz de influências poéticas juntando o poeta latino e o poeta nordestino.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador