A LIBERDADE DE PENSAR E O DIREITO DE SER MULHER

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Hipácia de Alexandria foi uma matemática e filósofa neoplatónica, nascida aproximadamente em 355 e assassinada em 415. Hipácia era uma filósofa de origem pagã num meio conflituoso predominantemente cristão. Os neoplatónicos não acreditavam no mal, negavam que este pudesse ter uma real existência no mundo, uma visão optimista em crer que tudo era bom, em última instância. Era dizer apenas que algumas coisas eram menos perfeitas que outras. O que outros chamavam de mal, os neoplatónicos chamavam de imperfeição, de “ausência de bem”; acreditavam que a perfeição humana e a felicidade poderiam ser obtidas neste mundo e que ninguém precisaria esperar uma outra vida redentora como na doutrina cristã. Perfeição e felicidade (uma só e a mesma coisa) poderiam ser adquiridas pela devoção à contemplação filosófica. Situando Hipácia na história decorria o tempo em que era imperador de Roma Flávio Honório (395/423), uma peça chave do fim do império romano do ocidente.
Hipácia era filha de Téon (335?405), um renomeado filósofo, astrónomo, matemático, autor de diversas obras, professor e último director da biblioteca de Alexandria, contemporâneos da biblioteca e do célebre farol da Ilha de Pharos cuja funcionalidade é ainda uma incógnita para muitos investigadores cujas informações da sua arquitectura e funcionamento terão desaparecido nos vários atentados a tudo o que representava conhecimento tido como origem pagã, no tempo das convulsões cristãs e judaicas. Cerca de 560 anos antes da morte de Hipácia a estátua do Colosso da Ilha de Rodes tinha desaparecido no golfo de Rodes no mar Egeu em consequência de um violento terramoto, a mesma zona sísmica que mais tarde, em 1302 poria fim à imponência do farol de Alexandria submerso no mediterrâneo até ser descoberto em 1994. 
Hipácia estudou na Academia de Alexandria, onde devorava conhecimento: matemática, astronomia, filosofia, religião, poesia, artes, oratória, retórica, álgebra. Era na Ágora, espaço público da pólis, destinado à discussão política e à apresentação das artes onde ela assistia e discutia as suas ideias sobre astronomia heliocêntrica. Hipácia foi atacada em plena rua por uma turba fraccionária de cristãos enfurecidos, foi arrastada pelas ruas da cidade até uma igreja, acusada de bruxaria onde foi cruelmente torturada até à morte. Depois de morta, o corpo foi lançado a uma fogueira, tudo isto aconteceu pouco tempo depois de Orestes, prefeito da cidade, ter ordenado a execução de um monge cristão chamado Amónio, acto que enfureceu o bispo Cirilo e seus correligionários. Devido à influência política que Hipácia exercia sobre o prefeito, é bastante provável que os fiéis de Cirilo a tivessem escolhido como uma espécie de alvo de retaliação para vingar a morte do monge, neste período em que a população de Alexandria (pagãos, judeus e cristãos) era conhecida pelo seu carácter extremamente violento.

 Representação de Hypatia pintura de Charles William Mitchell – 1885
 

http://josmaelbardour.blogspot.com/

 

Redação

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