Semelhanças e diferenças entre o golpe de hoje no Brasil e o golpe nazista em 1933

Hitler deu um golpe inteiramente “legal”, através de uma votação no Parlamento, com o apoio da classe média alta. Se olharmos os métodos, como se parecem!

Enviado por Jota A. Botelho

Flávio Aguiar, em Carta Maior

Semelhanças e diferenças entre o golpe de hoje no Brasil e o golpe nazista em 1933

“Nem sempre o que é, parece. Mas o que parece, seguramente é”. Ditado brasileiro.

Muito se tem escrito, contra e a favor, sobre semelhanças e diferenças entre o golpe nazista de 1933 e o que hoje está em curso no Brasil.

Bom, vamos começar por alguns personagens principais. Ninguém de bom senso vai comparar o tacanho e tragicômico Michel Temer com o trágico e sinistro Adolf Hitler. Nem um nem outro merecem tanto. Aquele, “do lar”, este, bem, também era “do lar”, abstêmio, vegetariano, fiel pelo que se sabe, mas, de qualquer modo e por exemplo, os penteados eram completamente diferentes. Além disto, Hitler ficou no poder durante doze anos, de 33 a 45, digamos. Temer não ficará tanto. No Inferno de Dante Hitler estaria na boca de Lúcifer, mascado com os grandes traidores da história. Onde estará Temer? Provavelmente na porta do Inferno. Nem lá ele será admitido. Na porta, sem direito nem a meia entrada, estão os que carecem até mesmo de um forte caráter pecador. Para alegria dos pós-modernos, estão no não-lugar universal e eterno.

Também ninguém vai comparar o grotesco Cunha ao também grotesco Göring, que foi quem presidiu a sessão do Reichstag que começou o golpe de estado nazista em 23 de março de 1933. Se estivessem num romance de Dostoyevski, ambos seriam qualificados como psicopatas. Mas não esteve um, nem está o outro. Vamos aguardar para ver como a história qualificará o mais recente deles. Boa coisa não será.

Agora, se olharmos os métodos, como se parecem!

Em primeiro lugar, Hitler deu aquilo que a revista alemã qualificou, em relação ao Brasil, um “kalter Putsch”, um “golpe frio”, ou “branco”, na nossa tradição. Foi um golpe inteiramente “legal”, através de uma votação no Bundestag, o Parlamento, depois confirmado pelo Bundesrat, que equivaleria ao nosso Senado (como deve acontecer), assinado pelo presidente von Hindenburg, e largamente deixado correr ou apoiado pelo Judiciário.

O golpe ganhou o nome histórico de “Ermächtigungsgesetz”, que poderia ser traduzido por “Lei de Empoderamento”. Era muito breve, como o nosso Ato 5: tinha um preâmbulo de algumas linhas e cinco artigos. Em essência, dizia que o Gabinete Executivo – presidido por Hitler – tinha poderes para decretar leis sem aprová-las no Parlamento, e que estas leis estariam acima da Constituição, que não poderia ser invocada para contestá-las. Dizia que a exceção se referia ao Bundestag e ao Bundesrat, coisa que, evidentemente, foi desrespeitada depois.

Ou seja, como hoje no Brasil, rasgava-se a Constituição “legalmente”, e abria-se o período de exceção, diante de uma pequena burguesia (hoje diríamos alta classe média) gessificada pelo medo da ascensão dos “debaixo”. Mas tanto lá como hoje, nesta classe média isto não era unânime, diga-se de passagem. Por isto a repressão que se seguiu foi generalizada. E hoje, não será?

Mas houve também o processo de votação. Como o nosso presidente da Câmara, Göring se dedicou a criar regras próprias para a votação. Depois do incêndio do Reichstag, no final de fevereiro de 1933, Hitler desejou que na nova votação que haveria no começo de março ele tivesse assegurada uma maioria absoluta no Bundestag. Isto não aconteceu. O Partido Nacional Socialista precisava ainda do apoio de partidos de coalizão (basicamente o Partido do Centro, católico – parecido com os evangélicos de hoje – e o Partido Nacional do Povo Alemão, coligado com os nazistas). Por isto os nazis decidiram adotar o caminho da Lei do Empoderamento, para prescindirem deste apoio futuramente. E os outros morderam a isca.

Mas houve mais. A Constituição alemã previa que para uma votação destas, que a modificava, era necessária a presença de dois terços dos deputados, ou seja, 432 dos 584 membros. Para vencer esta dificuldade, Göring inventou uma nova conta. Como os comunistas tinham sido acusados pelo recente incêndio do prédio do Reichstag (o Parlmento se reunia num teatro, a Casa da Ópera Kroll), os deputados do KDP (Kommunist Deutsche Partei) tinham sido presos, banidos, ou estavam foragidos. Assim, Göring simplesmente descontou os 81 que eles eram da soma geral, e o quorum ficou reduzido a 378. Boa matemática, não?

Além disto, Göring abriu as portas do Parlamento aos Nazisturmabtellung, os SA, Camisas Pardas (que depois seriam sacrificados para ratificar o poder dos SS). Hoje, no Brasil, não há SA, mas há as tratativas entre a presidência da Câmara e a Rede Globo, fazendo a votação no domingo, com esta mudando horários de jogos… enfim, cada momento tem a SA que pode e merece.

O processo de votação foi uma farsa. Estaremos falando de 1933 ou de 2016? Tanto faz. Aquele não foi transmitido pela TV, porque TV não havia, pelo menos na escala de hoje. O de hoje foi, para vergonha dos deputados perante o mundo inteiro. Vários deputados do SPD tinham sido presos, ou já haviam fugido para o exterior. Mas o inventivo Göring criou uma nova cláusula, ad hoc: deputados que não comparecessem, mas que não tivessem apresentado uma justificativa por escrito, deviam ser contados como presentes, para garantir o quorum. (Lembram da alegação de um deputado pró-impeachment que os deputados ausentes teriam de apresentar atestado médico?).

Bom, na sessão, apenas o líder do que restava do SPD, Otto Wels, que terminaria morrendo exilado na França antes da ocupação, falou contra a nova Lei. Os outros discursos foram acachapantemente ridículos (alguma coincidência será mera semelhança?). Bom, ninguém invocou a mãezinha ou o vizinho, mas saíram coisas como a Pátria e a Ordem. Resultado: 444 a favor da nova lei, 94 contra, todos estes do SPD.

Um detalhe muito interessante: Hitler negociara com Ludwig Kaas, o líder católico, que respeitaria o direito da Igreja e os funcionários católicos nos cargos de Estado, além das escolas. No dia seguinte ao da votação, que foi logo aprovada no Bundesrat e assinada por Hindenburg, Ludwig Kaas foi despachado para o Vaticano para explicar a nova situação ao então Cardeal Pacelli, futuro Papa Pio XII, de triste memória (alguma semelhança com a viagem do ex-companheiro Mateus, hoje senador Aloysio Nunes Ferreira, despachado aos States logo depois da votação na Câmara?). Ele cumpriu a missão religiosamente, como o Mateus. Porém, Hitler lhe prometera (a Kaas) uma carta com as garantias. Ela nunca foi entregue.

Satisfeitas e satisfeitos? É, mas tem mais…

Porque ainda resta o triste papel do Judiciário. Em primeiro lugar, juízes alemães legalizaram a perseguição aos comunistas porque eram “traidores” incendiários do Reichstag. Depois, fizeram vista grossa para as demais perseguições que vieram. Quando não apoiaram. Deve-se lembrar que quem inaugurou a queima de livros em 10 de maio de 1933, na hoje Bebelplatz, foi o diretor da Faculdade de Direito, ao lado, trazendo uma braçada de livros “degenerados” da sua biblioteca.

Hitler acusou um comunista holandês, Marinus van der Lubbe, e mais quatro outros militantes búlgaros pelo incêndio, que ocorreu em fevereiro de 1933, alguns dias antes da eleição de março. Eles foram levados a julgamento no segundo semestre de 1933. Lubbe foi réu confesso – sabe-se lá como sua confissão foi obtida, mas pode-se julgar pela declaração em juízo de um dos outros acusados, Georgi Dimitrov, de que passara sete meses acorrentado em sua cela, dia e noite. Bem, a gente pode pensar numa justificativa: naquela época não havia delação premiada… Era pancadaria mesmo. Os outros quatro foram absolvidos por falta de provas, mas Lubbe foi condenado à morte e executado no começo de 1934.

Farsa? Sim, mas o pior vem depois.

Em 1967 um juiz da Alemanha Ocidental, na reabertura do processo promovida pelo irmão do condenado, Jan, “comutou” a pena de van der Lubbe de condenação à morte para 8 anos de prisão (!), quando o réu já estava, bem, digamos, no outro mundo. Em 1980, novo julgamento anulou a decisão de 1933 e de 1967. Mas em 1983 nova decisão anulou a de 1980, a pedido do… Ministério Público (!). O caso só foi resolvido definitivamente em 06 de dezembro de 2007 (!), 71 anos depois da decisão original, quando o equivalente ao nosso Promotor Geral da República proclamou “o perdão” de van der Lubbe, com base em uma lei de 1998 que declarara todos os julgamentos da época do nazismo juridicamente nulos.

Até hoje as alegações de que o incêndio foi provocado pelos próprios nazistas para começar sua série interminável de desmandos nunca foi oficialmente investigada. É um bom exemplo para quem acha que o caso das omissões e vagarosidade do Judiciário brasileiro é algo único na história.

Depois deste exercício de história comparada, que as leitoras e os leitores tirem suas próprias conclusões.

Créditos da foto (na Carta Maior): reprodução

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Acompanhe aqui o pari passu do Golpe Nazista

O Golpe Nazista: A Classe Média e a Alta Burguesia 

https://www.youtube.com/watch?v=OifwM6qFXNQ align:center]

O Golpe Nazista: O Apoio da Plutocracia

https://www.youtube.com/watch?v=mW9f7obvzcE align:center]

O Golpe Nazista: Maioria Parlamentar e o Bloqueio da Democracia

[video:https://www.youtube.com/watch?v=QZC7ivsD7jo align:center

O Triunfo do Golpe Nazista: A Desunião das Esquerdas

[video:https://www.youtube.com/watch?v=12V9NaRNZ8M align:center
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Jota Botelho

18 Comentários

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  1. … “E A SUPREMA

    … “E A SUPREMA PREVARICAÇÃO”!

    Por que Diabos “o supremo ministro ” Teori Zavascki insiste em prevaricar de forma colossal ao manter “solto, todo solto” o GÂNGSTER mafiosíssimo &$ parceirão do GOLPISTA TEMERário/TEMERo$$$o?…

    *”ministro sisudo” Teori Zavascki não vá dizer que o senhor desconhece “a suprema importância” do ‘CUnha’ para a consolidação do golpe mais vagabundo da história mundial ora em curso nesta Republiqueta?
    *segundo o bandoleiro &$, por óbvio, [mega]corrupto “[ro]mero Esta PORRA Jucá(i)”!
    NOTA:
    ‘Esta PORRA’ do nome ‘Jucá(i)’ é a Lava Jato!

     

  2. Que artigo bobo.

    Procurar semelhanças entre o golpe no Brasil e o golpe nazista em 1933 é uma falta de conhecimento histórico e uma tentativa de mistificação imensa.

    Sobra besteira neste artigo e falta lógica.

    As realidades, os personagens, o porte da economia, as condições pregressas, a coesão dos partidos e muitas outras coisas eram totalmente diferentes, só o branco dos olhos de Temer era igual ao branco dos olhos de Hitler. Um é uma personagem que não existe, outro era um líder carismático que conseguia levantar multidões para todas as estupidezes que propunha fossem aceitas.

    As pessoas acham que para ser de esquerda devem impedir a ascensão de Temer, mesmo que para isto devam escrever absurdos.

    Comparar Temer com Hitler é o mesmo que comparar um ladrão de galinhas com Al Capone.

    1. Midiota? Ou…

      A famigerada globo, a revistinha capciosa veja e o jornaleco folha soltam chamadas e manchetes com letras garrafais porque sabem que existem pessoas como vc.

      Com certeza vc não leu o post e tirou suas sábias conclusões.

      Porque será que gente como vc tem na ponta da língua o   “mantra” que quem quer   extirpar da política brasileira   esses ratos traiçoeiros que  se posam de santos, éticos, honestos, mas que só pensam em seus mesquinhos interesses é ser de “esquerda”?

      RuimBomMuito bomÓtimoExcelente

       

      1. Li entendi e achei uma besteira.

        Há milhares de formas para desqualificar os golpistas chefiados (ou não???) por Temer, porém não precisamos escrever bobagens como as que foram escritas querendo comparar Hitler a Temer ou seus asseclas, forçar a barra ao ponto de estabelecer semelhanças a ascensão do IIIº Reich é de uma ingenuidade política imensa, pois um terá no futuro algumas linhas nos manuais de história e outro é objeto de milhares de livros de análise.

        Comparar o movimento nazista com o movimento golpista é uma piada pronta, e posso garantir, não me considero um Midiota e muito menos um IDIOTA.

    2. Concordo!!!!

      Concordo!!!! Temos que observar onde aconteceu os “golpes brancos midiático-juridico-legislativo”. Nesses países que se esforçaram para manter o tom “democrático”, as eleições foram mantidas, no entanto, o governo que ascendeu foram de direita. Ou seja, a população manteve o golpe, ou o legitimou. 

      No Brasil haverá condições para essa repetição? Dúvida?

       

  3. Os contextos não tem a mais

    Os contextos não tem a mais remota semelhança.

    Os nazistas CONTROLAVAM AS RUAS com as S.A. milicias compostas por QUATRO MILHÕES de homens armados.

  4. Perfeita comparação.

    Perfeita comparação. Lembrando que hoje a sofisiticação do golpe está amparada pela mídia golpista e pelo Judiciário corrupto. Temos tenebrosos estão chegando. Em breve, negros, índios e homosexuais começarão a ser perseguidos em suas casas pelos fascistas e evangélicos, que irão impor ao Brasil um retrocesso aos tempos medievais. Trabalhadores serão obrigados a se submeter a um regime de 80 horas semanais sem pagamento de horas extras ou 13 salário. O capitalismo americano irá esmagar as empresas nacionais e todos seremos obrigados a nos submeter ao autoritarismo de Donald Trump. Ainda é tempo de resistir!

  5. Meus caros amigos.

    Sei que o golpe que derrubará a presidente da república é real, sei que a mídia, o grande capital e potências estrangeiras estão por traz de tudo isto, sei que existem figuras neo-fascistas tanto no legislativo como no judiciário procuram ganhar força neste processo, sei disto e de mais coisas, porém não é pelo desespero de ver um governo legitimamente eleito ser deposto por um bando de meliantes que nos dá o direito de faltar com a verdade.

    Procurar falsas analogias dos golpistas de 2016 do Brasil com os golpistas de 1933 na Alemanha simplesmente enfraquece o discurso, pois qualquer pessoa com o mínimo conhecimento histórico acaba com este argumento e como se faz nos jogos de tabuleiro se volta a posição inicial.

    Insisto, semelhanças entre o movimento fascista e o que se desenrola no Brasil dos dias de hoje simplesmente não existem, as condições históricas eram outras, os atores tanto de um lado como de outro também o eram, poderia perder meu tempo mostrando a diferença entre os dois casos, mas acho perfeitamente dispensável, pois contamos com leitores atentos e bem informados que vão rir desta analogia, e por conta destes não os cansarei com comentários e explicações.

    Quanto ao medo de termos um movimento religioso capitaneado pelos evangélicos para fazer um papel de Gestapo é ainda mais ridículo o argumento. E só para terminar, se Donald Trump ganhasse as eleições nos USA estaria menos preocupado do que a Senhora Clinton, esta sim que foi, é e será intervencionista.

    1. Quanto a Trump, concordo

      Quanto a Trump, concordo contigo, visto que a Senhora Clinton é a candidata da grande imprensa de lá, e, consequentemente eu aposto no lado oposto.

      Chamar estes conspiradores/usurpadores de nazistas não bate. Nazistas tinham enormes e pavorosos defeitos, mas entreguistas da pátria é tudo o que não foram. Entraram em guerra com o mundo por conta do fervoroso nacionalismo. Estes caras que estão se apossando do país na mão grande só desejam entregar o futuro da nação ao Império do Caos e transformar o Brasil num grande Porto Rico. 

  6. Valeu pela frase:

    “Bundesrat, que equivaleria ao nosso Senado”. Eu também sempre imaginei nosso senado como bunda de rato, não sabia que os alemães compartilhavam da mesma visão.

  7. Obsessão

    Virou mesmo uma obsessão comparar o impedimento de Dilma Rousseff com algum golpe de estado ocorrido no passado. Para além do já surrado paralelo com o golpe de 1964, agora querem comparar com a ascenção do nazismo em 1933!

    Primeiro de tudo, um golpe de estado, seja ou não amparado pela redação de decretos, precisa necessariamente estar amparado pelo força das armas. É um ato consumado de violência, tal como um assassinato, que para ser tipificado como tal, necessita existir o cadáver, a arma do crime e o assassino. Na Alemanha de 1933 os nazistas dispunham de milícias armadas que controlavam as ruas, e o exército alemão, desmantelado após o tratado de Versalhes, era um ator ausente. No Brasil de 2016 não há nada disso. O afastamento de Dilma Rousseff foi uma intriga palaciana, e a discussão sobre ter sido ou não um golpe de estado é puramente retórica, pois a ausência de resistência ao suposto golpe deixa claro que o governo petista já havia perdido todo o respaldo popular. Acontecimento puramente local, sem conexão com nada, ficou tudo em casa, não houve nenhuma interferência de potências estrangeiras, pois nesses tempos pós-guerra fria a importância da América Latina no contexto internacional é zero e nada há de crucial para o mundo se quem manda no Brasil é Dilma ou Temer.

    Eu penso que essa obsessão em traçar paralelos com o passado é fruto de um trauma que acomete as esquerdas desde o golpe de 1964. Ensinam os psicólogos, o trauma paralisa o tempo e faz você viver no passado, então vocês ficam vendo Castelos Brancos e Lincoln Gordons em toda parte, até debaixo da cama. E não é tão difícil assim encontrar paralelos, com um pouco de imaginação vários podem ser apontados, é o que os analistas chamam de quase-lógica, uma suposição que faz sentido mas nem por isso é verdadeira. É desse material que são feitas as teorias conspiratórias.

    1. Obsessão

      Pedro, concordo com você quando diz que o golpe de hoje não se baseou no golpe de nazistas. Mas você simplifica tudo quando fala em intrigas palacianas. Isto é simplório. Dizer isto, a mim me parece, como justificativa das afirmações finais de que temos obsessão  de teorias conspiratórias. Você, parece, as nega. Aí soa ingênuo. Raciocine só os BRICS junto com Brasil, Argentina e Venezuela! É levar toda a America Latina para fora da órbita Americana. É o GRANDE IRMÃO perdendo um grande naco do seu poder. Por muito menos ele invadiu e destroçou o Iraque! Este golpe foi arquitetado e começõu em JUNHO DE 2013, com o “inocente” movimento “passe livre”. Era a desestabilização política do Brasil para a oposição conseguir vencer nas urnas ( seria mais simples, como aconteceu na Argentina). E também ´faz toda a diferença um governo Petista comparado com um governo da antiga Oposição. Não conseguiram. Veio rapidamente o plano B. Mal terminou a apuração A[ecio começou a falar em impedimento da Dilma…o resto você deve saber.

      As teórias conspiratórias são só teorias no presente no futuro elas ficam demonstradas como aconteceu no Brasil em 1964. Lincoln Gordons existiram e existem hoje. As provas o futuro mostrará. E não se engane a America Latina é importantíssima  para o Ocidente, não esqueça a união em formação de Rússia , China e outros países que querem sair da órbita ocidental Pior por erros do Ocidente. O problema é geopolítico sim. E isto traz as conspirações.

    2. Pior do que uma comparação equivocada é um comentário ….

      Caro Pedro ABBM.

      Pior do que uma comparação equivocada é um comentário propositalmente mal-intencionado como o teu.

      Quanto à ascensão do nazismo podes ver pelos meus outros comentários que não concordo com a comparação, porém como tocaste no assunto a comparação com 1964 mutatis mutandis ela é quase perfeita.

      Em 1964 tínhamos um governo reformista que sofria intensos ataques da imprensa, da burguesia ligada à Igreja Católica e do grande capital. Hoje em dia a diferença é que não é mais a Igreja Católica uma das molas percussoras do golpe, principalmente porque esta se modernizou e com o novo Papa Francisco ela não faz o mesmo papel do passado, por outro lado às igrejas Pentecostais ligadas a alguns pastores mediatizados e vigaristas (não podemos confundir com todos os evangélicos) fazem EXATAMENTE a mesma função da Igreja Católica no passado, logo aí a semelhança é de 100%.

      Quanto à ação do capital internacional a ação continua a mesma, como em 64 que um dos primeiros atos do governo golpista civil-militar foi à revogação de uma série de leis que protegiam o capital nacional enquanto nos dias atuais, em tempos de globalização, os golpistas querem vender o pouco que restou em termos de capital de gerência exclusivamente nacional. Temos que considerar que todos os movimentos como o da Lava Jato têm por objetivo entregar amplos setores sobre o domínio nacional ao capital internacional. Mais uma vez aqui se vê que o objetivo é exatamente o mesmo, só os atores empresariais que são outros.

      Quanto à submissão á governança internacional, vemos que em 1964 o General Castelo Branco foi escolhido pelos norte-americanos para fazer a sua política, já em 2016 vemos pelas idas e vindas do ministro da fazenda e de outros para conversar diretamente com o patrão norte-americano, de novo temos a semelhança perfeita.

      A única diferença principal é dada pelo papel das forças armadas, que no caso de 1964 após doutrinação de quase 20 anos feito pelo governo norte-americano embarcou no golpismo e como com o rompimento do acordo militar Brasil-USA no governo Geisel perderam os atuais militares a doutrinação imposta pelos norte-americanos.

      Poderia seguir com semelhanças incríveis entre 1964 e 2016, algumas vezes até pelos mesmos atores, como a Folha de São Paulo e o Estado de São Paulo, que conspiraram nos dois golpes. Porém não é necessário.

      Agora quanto as tuas últimas observações sobre o assunto vamos ao jogo dos vários erros, diz que não houve nenhuma interferência estrangeira e atribui a falta de importância da América Latina, pois neste caso estás redondamente enganado. O modus operandis do império que mudou, com as revelações de Edward Snowden, do Julian Assange (wikileaks) e de mais alguns sites se verificou que a intervenção não se dá mais da forma que se dava no passado, em que a solução militar era a primeira a serem utilizadas (os militares não tem a mesma confiança do passado tanto para os Norte-americanos como para seus lambe-botas brasileiros), principalmente pelas legislações restritivas de intervenção exterior como a escândalos como o do Irã-Contras em que o tenente-coronel Oliver North entregou tudo. Logo nos dias atuais as intervenções são feitas por internet, a medida que os Estados Unidos dominam, censuram e espionam a rede. Não podemos esquecer que tanto a presidenta Dilma como a Petrobrás foi devidamente hackeado pelo NSA. Também não podemos esquecer-nos da tentativa de criação de uma revolução colorida em 2013 através de manifestações que a partir de uma mera demanda de redução de passagem degringolou num protesto nacional.

      Quanto à manifestação da população contra o golpe realmente temos uma diferença, enquanto em 1964 tínhamos um político como Leonel de Moura Brizola que possuía uma capacidade de antecipação aos fatos surpreendente, no momento temos Lula, que é alguém que acreditava na democracia burguesa com todo o fervor. Isto levou que não houvesse nenhuma articulação contra o golpe, coisa que Brizola após a vivência da legalidade em 1961 já esperava em 1964.

      Porém aí que tem o teu maior erro de interpretação da história, pensar que as massa reagem rapidamente a movimentos palacianos é uma imensa falha de interpretação, o povo brasileiro está em compasso de espera, porém esta espera não significa inação, esta espera significa observação e a medida que seus direitos e suas conquistas dos últimos anos forem retiradas a reação será bem mais efetiva do que o pós 1964. Em 1964 havia uma expectativa das leis de reforma de base, que muitos brasileiros devido à desinformação da época não conseguiam ver a sua extensão, porém nos dias atuais a retirada de algo que já foi conquistado levará a reações bem mais vigorosas, é só esperar.

      Mas a única coisa que não mudou mesmo foi à presença de lambe-botas, antipatriotas, traidores do povo que pensam que porque uma pessoa faz uma análise crítica baseada em fatos sobre semelhança entre o golpe no Brasil e na Alemanha em 1933 e não aceita as conclusões desta, pode sair no rastro bosteando e colocando uma análise furada achando que ninguém vai criticar.

  8. Aquela multidão me lembrou ditadura com apoio popular

    É forçoso buscar semelhanças com o nazismo. Mas, manifestações de milhões de pessoas “Cegas de ódio” em 2015 é algo que vi em comum com regimes ditatoriais com apoio da população.

    Como as milhões de pessoas nas ruas não viram que estavam apoiando políticos de mal caráter (Cunha, Mussolini…) que fariam crimes piores do que das pessoas que eram contra?

    Depois daquelas manifestações, eu tenho uma noção de como os regimes totalitários conseguiram aquelas façanhas. Principalmente agora que se confirmou que a promessa de que a Dilma seria a 1ª dentre vários políticos ruins que protestariam era mentira.

    1. O tipo de manifestante não tinha a menor semelhança.

      Tanto os fascistas italianos como os alemães se utilizaram de bandos de pessoas de baixo nível de renda e geralmente desempregados tanto para os camisas negras italianos, os “squadristas” como os camisas marrons alemães (Sturmabteilung SA) eram constituídos na sua maioria por ex-soldados da primeira guerra ou membros do povo mais despolitizado (no caso alemão denominado lumpemproletariado).

      Tanto os squadristas como a SA, que muitos podem pensar ser equivalentes aos jagunços pagos que até a FIESP utiliza, eram pessoas que sofriam uma dotrinação política e agiam em parte por convicção ideológica e em parte do pagamento de seu sustento.

      Os manifestantes de 2015 eram pessoas da classe média e média alta, que longe dos Squadristas ou dos Sturmabteilungs, nunca se disporiam a manter uma militância de médio prazo agindo como milícias.

      No Brasil é inviável formar milícias como os casos citados, pois diferentemente do que no caso italiano e alemão o exército brasileiro não toleraria este tipo de movimento, logo nada de semelhante entre o fascismo italiano e alemão com as manifestações dos escravocratas brasileiros.

  9. A História como farsa só atrapalha.

    Comparações históricas tem um problema fundamental: um acontecimento histórico é de tal complexidade que ele nunca se repete – só como farsa – pois sempre há algum fator fundamental que estava presente em um não estava en outro. Alguns deles:

    A) Após a primeira guerra houve a Revolução Russa e a perspectiva do avanço do comunismo soviético no mundo; o nazismo  surfou em um anticomunismo que era real. Além de não existir mais a URSS, no Brasil de hoje ‘comunista’ parece significar qualquer coisa que beneficie os trabalhadores, e nada tem a ver com o perigo real de uma revolução bolchevique.

    C)  O Nazismo era um nacionalismo baseado no mito da ‘raça pura’ e no ressentimento de um pais ferido pela derrota em uma guerra mas que disputava ser o novo hegemon no mundo. No Brasil, sem nenhuma guerra e disputa para sermos o primeiro do mundo, os nacionalistas pró-impechment são nacionalistas para americano ver – literalmente, com cartezes em inglês nas passetas e muitos com casa em Miami. E nem os americanos conseguem ver qualquertipo de nacionalismo no governo Temer.

    D) O Nazismo era abertamente contrário ao liberalismo economico e a democracia representativa. A ideologia que moveu o golpe no Brasil foi a de um acirramento do neoliberalismo e de uma democracia de fachada que nunca deixou de existir no Brasil. E as propostas do governo Temer visam extamente acirrar o neoliberalismoe o autoritarismo das instituições de forma que elas ontinuem parecendo ‘democráticas’. Em resumo, não temos SA, temos MBL

    Acho que a comparaçao com o nazismo não ajuda em absolutamente nada para combater essa nova situação, só atrapalha.

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