CowParede Goiânia

Hoje deparei-me com a obra a “vaca atropelada” de Siron Franco. Trata-se de uma obra impactante, exposta na esquina de um dos cruzamentos mais movimentados de Goiânia.  A vaquinha “Oásis” em frente a delegacia, está fora do contexto proposto pelo artista, encontrando-se no ambiente policial por ter sido furtada e, em seguida recuperad pela polícia.

Sobre a CowParade em Goiânia, por Euler Belém, no Opção

 
 
A vaca atropelada (de Siron Franco) e a vaca ecológica (de Léo Romano) chamam a atenção do público goianiense e provoam debates acirrados

A CowParade aparentemente é simples. Artistas plásticos pintaram (esculturas de) vacas, dando-lhes motivações várias — uma foi atropelada, a outra é ecológica —, e elas são colocadas em vários pontos da cidade. De repente, nas conversas, nos jornais, nas tevês e nos rádios, todos falam das vacas — um dos animais mais úteis aos homens (comemos sua carne, tomamos seu leite e usamos seu couro em estofados). As vacas são iguais fisicamente, mas, com o trabalho dos artistas plásticos, cada uma ganhou individualidade e poder de expressão único. Siron Franco deitou “sua” vaca e pintou-a como se tivesse sido atropelada — para mostrar a violência do trânsito e, possivelmente, o descompasso da vida urbana. O homem matou Deus, mesmo quando é religioso, e se tornou, ele próprio, outro Deus — daí considerar que é o centro da vida na Terra e, por isso, fala-se em salvar a Humanidade, excluindo, naturalmente, os outros animais, que seriam irracionais. Quando alguém adota um cachorro, os filhos do Iluminismo apontam o dedo e dizem: “Por que não adotar uma criança?” Nossa visão destrutiva advém disto: as outras espécies, “irracionais” — frisa-se sempre —, são descartáveis.

As vacas nas ruas, fora de seu elemento, o campo, cada vez mais curto pela invasão das cidades, quer dizer, dos homens, gerou um desconcerto que, pelo menos por alguns momentos, diverte e nos faz pensar sobre o sentido da vida e, mesmo, sobre o nada, quer dizer, sobre a vaca, que consideramos a­penas como um ser “bovino”, ou se­ja, “parvo”, que vive ruminando (não ideias, claro) sossegadamente.

Há outro aspecto que certamente apaixonaria Walter Benjamin, o filósofo alemão. Quando vivemos numa cidade nos acostumamos tanto às ruas, às suas peculiaridades, que, embora a sintamos inconscientemente, deixamos de percebê-la. Há, por assim dizer, uma espécie de naturalização do meio urbano e talvez seja possível afirmar que o espaço coletivo perde (certa) individualidade. As vacas pintadas pelos artistas plásticos, dispostas em locais estratégicos, mexem com nossa imaginação e, de algum modo, passamos a (re)ver a nossa bela cidade, que, ao menos nos jornais, parece mais trágica do que é.

Aos que dizem que é melhor investir em educação e no social cabe apenas uma resposta: o ho­mem precisa também de alimento para a alma. O cérebro precisa de algum ócio e de alguns “choques”, ainda que mínimos, para não fazer “tudo sempre igual”, como diz Chico Buarque em sua música. Charles Chaplin ficou célebre porque mostrou, com humor, o homem-máquina, a robotização da vida moderna. As vacas são chaplinianas e, de certo modo, incômodas.

http://www.jornalopcao.com.br/colunas/imprensa/desconcerto-da-cowparade-leva-a-rever-a-bela-cidade-de-goiania


A arte cura: A arte não pode ser pivada, por Débora Ramos, em seu blog  
 
Neste sábado, eu quase presenciei um ataque a uma das esculturas do Cow Parade. Quando voltava para casa depois de passar a tarde fotografando a exposição, vejo o carro da polícia parado na esquina da rua três esquina com a avenida Goiás e a vaquinha praticamente beijando o poste.
 
Me aproximei para observar de perto o acontecido tirei algumas fotos e voltei para casa indignada com o ato de vândalismo. Procurei mais informações sobre o evento e percebi que esse não tinha sido o primeiro ataque a essa escultura que já tinha sido pichada anteriormente. Outras capitais também tiveram ocorrências de ataques as esculturas do movimento, ou seja, pichadores não é um artigo exclusivamente Goiano. Veja mais aqui.
 
 
 
Vaca Atropelada da forma como foi idealizada pelo artista Siron Franco.
 
O que me levou a sentar aqui e a escrever sobre o assunto foi a frase escrita no corpo da escultura: A arte não pode ser privada. Eu discordo tanto desta frase simplesmente por que a manifestação artistica não é um privilégio de poucos. O reconhecimento sim é um privilégio, mas a produção não. Eu sou testemunha ocular desta arte que aparece nas ruas de Goiânia e por incrível que pareça não é composta só de pichadores, mas por artistas talentosos que disponibilizam a arte para quem tiver tempo para observar. Não é de hoje que venho fotografando e analisando as intervenções artísticas espalhadas pela cidade. Leia aqui  e aqui.
 
 
Isso é pichação.
 
 
Estou postando aqui alguma destas obras que eu acho interessante. Não só pela beleza, mas principalmente pela capacidade de provocar reflexão.
 
Isso é arte por que provoca reflexão e faz pensar: Quem são afinal essas pessoas soltas?
Gosto de achar que é uma caricatura do Monteiro Lobato.
 
 
Uma das características que mais me chamou a atenção na Cow Parade foi o fato de que eles sempre se utilizam de artistas locais para compor as esculturas dando oportunidade para a arte regional. Inclusive alguns artistas que tinham suas obras exposta nos muros da cidade participaram da Cow Parade. Como é o caso do artista Múcio Nunes. Este é um exemplo de que a arte não esta restrita as galerias.
 
 
 

                                        

Muro do Jóquei Clube.  Múcio Nunes.      
Cow Parade Machine Cow- Múcio Nunes.
 È realmente um absurdo o que fizeram com a obra do artista plástico Siron Franco. Se os pichadores tivessem realmente interesse e talento para participar da exposição eles poderiam conseguir isso por merecimento e não interferindo na obra de outro artista. A arte não é privada, mas precisamos evitar que a arte seja jogada na privada.
 

http://existecura.blogspot.com.br/2012/03/arte-nao-pode-ser-privada.html

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador