A constituinte de Marina Silva

Do Valor

Marina sai em defesa de constituinte para reformas

Vandson Lima, de São Paulo
18/05/2010

A pré-candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, vislumbrou ontem a possibilidade de, se eleita, promover uma constituinte exclusiva para realizar as reformas previdenciária, política e tributária. “Estou vendo essa possibilidade com um grupo de advogados, vou conversar com juristas para ver se é possível uma constituinte exclusiva, com pessoas que seriam eleitas exclusivamente para essas reformas estratégicas”, afirmou Marina em palestra para empresários, em São Paulo. Pela proposta apresentada pela pré-candidata, a convocação de constituinte exclusiva para as reformas duraria entre seis meses e um ano.

Acompanhada pelo empresário Guilherme Leal, presidente da Natura e anunciado no último fim de semana como vice de sua chapa, Marina Silva vê com ressalvas o acordo firmado entre Brasil e Irã, para intercâmbio de material nuclear, que em tese reduziria a possibilidade de os iranianos desenvolverem armas nucleares: “O Irã tem uma estratégia de ganhar tempo. O esforço agora feito pelo Brasil não é novo. Basta lembrarmos que, no ano passado, a França e a Rússia tentaram a mesma coisa. O Irã se comprometeu e não cumpriu. O investimento em mísseis de longa distância é um indício que preocupa”, avaliou.

Para uma plateia de 350 empresários, Marina, que disse estar fazendo “uso sustentável da voz”, por conta de uma gripe, reivindicou que o Brasil seja protagonista do desenvolvimento de uma economia sustentável: “Não há um modelo a ser copiado. Essa é uma construção histórica. O diferencial brasileiro é marchar para uma economia de baixo carbono”.

Sobre as privatizações, pauta corrente em período de eleição, disse que aquelas realizadas durante a gestão do tucano Fernando Henrique Cardoso foram acertadas: “As privatizações na telefonia e da Vale (do Rio Doce) já estão estabelecidas como um conceito, que não foi revisto pelo presidente Lula”. Ainda que não divirja das privatizações no mérito, a senadora disse ter faltado transparência no processo. Em relação ao modelo de concessões das estradas paulistas, a candidata foi mais elogiosa: “Há serviços e investimentos que podem passar por um modelo misto, como as Parcerias Público-Privadas ou concessões. As estradas paulistas são um exemplo de concessão que proporcionou melhoras visíveis.”

Marina Silva mostrou-se animada com as pesquisas de intenção de voto, que lhe atribuem percentuais entre 8 e 10%: “Esses números, sendo eu ainda desconhecida de mais da metade do eleitorado, são um bom começo”.

Também presente ao evento, o economista Paulo Sandroni, coordenador do programa de governo de Marina Silva, defendeu autonomia concreta do Banco Central: “BC tem de ser efetivamente independente. O governo atual o trata como se fosse mais um de seus ministérios. Acreditamos que ele tem de atuar como um guardião da nossa moeda”.

Dima Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) serão os próximos convidados a participar do encontro com o grupo de empresários, em julho.

Luis Nassif

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