A crise, o atentado na Noruega e o extremismo de direita

Quando explodiu a crise de 2008, as melhores análises sobre seus desdobramentos iam buscar informações no ciclo pós crise de 29.
Primeiro, a explosão da bolha. Depois, as crises dos países, levando a uma guerra cambial e a medida protecionistas visando defender o próprio mercado e conquistar espaço para a exportação de seus produtos. Internamente, o aumento da intolerância e o espaço para os grupos radicais de direita. Finalmente, o agravamento da crise – pela incapacidade da política administrar as pressões nacionais internas e os arranjos internacionais.

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Análise: a ameaça da direita extremista na Noruega

Jorn Madslien

BBC News

Atualizado em 23 de julho, 2011 – 09:35 (Brasília) 12:35 GMT

O homem preso por causa dos ataques na Noruega, Anders Behring Breivik, se descreve como um “nacionalista”, segundo a polícia.

No sentido mais puro da palavra, ele não está sozinho. Neste dia de luto, os noruegueses estão unidos sob a bandeira nacional, jurando permanecer firmes contra o terror.
Ataques na Noruega

Entretanto, o suspeito não parece ser um simples nacionalista, mas sim um extremista de direita do tipo que as polícias do Ocidente vem temendo há tempos.

Segundo o jornal norueguês Aftenposten o medo é aumentado pela mistura potencialmente explosiva de recessão econômica, aumento do racismo e um sentimento anti-islâmico ainda mais forte.

A polícia norueguesa notou um leve aumento da atividade de grupos extremistas de direita no ano passado e previu que ela continuaria a crescer este ano.

Mas sugeriu também que o movimento seria fraco, sem um líder e tinha pouco potencial de crescimento.

Embora membros do movimento de extrema direita norueguês tenham cometido ataques no passado, eles são historicamente uma comunidade pequena, segundo grupos que monitoram a atuação de neonazistas.

O escritor sueco falecido Stieg Larsson era um destes especialistas. Na década de 1990 ele criou a publicação anti-racista Expo, após o aumento da violência causada por tais grupos.

Entrevistado para um documentário que eu fazia à época, ele me disse que a Suécia era o maior produtor da chamada música White Power e outros instrumentos de propaganda racial, com um movimento neonazista crescente e violento.

Por outro lado, os neonazistas noruegueses eram desorganizados e caóticos, disse ele, citando o exemplo de encontros organizados pela extrema direita sueca, que contaram com uma pequena presença de visitantes noruegueses.

Os suecos eram articulados, organizados e bem vestidos, disse ele. Já os noruegueses vinham de ônibus, bebendo e chegavam incoerentes e mal-vestidos.

Desde então, grupos de extremistas de direita noruegueses parecem ter criado laços com a comunidade de criminosos, assim como grupos similares no exterior, na Europa, Rússia e EUA.

A Suécia, ao contrário, viu uma grande diminuição da atividade extremista desde seu auge em meados dos anos 90, quando seus jornais publicaram fotos de todos os neonazistas conhecidos do país.

Mas, ao mesmo tempo, a Expo relata como a repulsa mostrada pelos suecos nos anos 90 vem se transformando cada vez mais em curiosidade sobre a suavizada retórica da extrema direita.

Sentimentos parecidos tem aflorado na Noruega, onde políticos discutem abertamente preocupações sobre como a cultura do país seria diluída pela imigração vinda de países com valores e religiões diferentes.

Mas após os ataques em Oslo e Utoeya, será interessante observar se muitos no país vão desenvolver uma visão mais sofisticada a respeito de onde vêm as maiores ameaças, em meio ao entendimento de que o extremismo pode ser mortal, independente de nacionalidade, etnia ou religião.

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Luis Nassif

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