A história do Cotonifício Rodolfo Crespi, na Mooca

FABRICAS HISTORICAS DE SÃO PAULO – O COTONIFICIO RODOLFO CRESPI – Essa fabrica confunde-se com o proprio bairro onde se instalou e de cuja historia é um dos primeiros personagens, a Mooca.

O cotonificio foi fundado em 1897 pelo imigrante italiano Rodolfo Crespi e tornou-se uma das maiores fabricas de São Paulo nos anos anteriores à Primeira Guerra, com uma area industrial de 50.000 m2 e

3000 cavalos de força movidos à eletricidade, a fabrica foi um dos primeiros e maiores clientes da São Paulo Tramway, Light and Power Co.

O cotonificio tornou-se o maior empregador da Mooca, seus operarios fundaram em 1924 o Juventus Esporte Clube, até hoje o maior do bairro. No mesmo ano a fabrica foi pesadamente bombardeada por aviação militar do governo federal por causa da rebelião dos tenentes na chamada de “revolução de 1924”, quando tropas federais sitiaram São Paulo, ocupada pelos tenentes.

Rodolfo Crespi virou Conde em titulo conferido pelo Rei da Italia, casado com a Condessa Marina, grande benemerita do bairro. Sua filha Renata casou-se com Fabio da Silva Prado, da mais alta elite paulistana, mais tarde Prefeito de São Paulo. A palacial residencia deles na Av.Faria Lima é hoje o Museu da Casa Brasileira e foi um simbolo da mescla da elite antiga com a imigração recente.

O Conde era fascista e amigo de Mussolini, que o convidou para a festa do aniversario de Roma.

Os Crespi tinham belas mansões na Italia e uma das filhas do Conde casou-se com um Principe da aristocracia papalina de Roma, formando um ramo retornado às raizes anteriores.

Neto do Conde, seu homonimo conhecido como Rudy Crespi virou um personagem do high set internacional de Nova York, onde morava e Milão, trabalhando com moda. Casou-se com Consuelo Crespi, uma canadense que foi editora da mais importante revista de moda dos EUA, a VOGUE.

Rudy Crespi morreu em 1985 e teve longo necrologio no New York Times. Consuelo o sobreviveu e morreum em 2010 em Manhattan. A filha Pilar foi tambem redatora da VOGUE, casou-se e viveu no Mexico.

A historica fabrica da Mooca, simbolo do bairro, na Rua Jaguari, foi parcialmente demolida mas resiste com suas dezenas de portas alugadas para oficinas e pequenos negocios, a fachada é imponente até hoje.

Quando se fala de fabricas historicas todos se lembram da Matarazzo mas há outros ícones da industrialização de São Paulo, o Cotonificio Crespi é depois das IRF Matarazzo a maior delas, sem esquecer da Ramenzoni, Ypiranga Jafet, Souza Noschese, Nadir Figueiredo, Assad Ipiranga, Antarctica, Pinotti Gamba, Dianda Lopez, Aliperti, Tecidos Tatuapé, JB Duarte, Melhoramentos.

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