Do O Globo
Dossiê sobre armas no Iraque foi elaborado ‘para justificar a guerra’, diz oficial britânico
LONDRES – O agente do alto escalão da inteligência britânica e ex-porta-voz de Tony Blair, general Michael Laurie, afirmou nesta quarta-feira que o dossiê sobre o programa de armas de destruição em massa do Iraque foi elaborado para “para justificar a guerra”. O oficial relatou que foi pressionado para encontrar evidências que embasassem a ação militar britânica no país.
O inquérito sobre a guerra no Iraque divulgou uma carta em que Laurie contradiz o testemunho dado por Alistair Campbell, diretor de comunicações do governo Blair. Campbell havia afirmado, em depoimento, que o dossiê sobre o governo de Saddam Hussein era uma explicação para as preocupações de Blair e “não uma justificativa para guerra”.
“Sabíamos na ocasião que o propósito do dossiê era especificamente justificar a guerra, em vez de levantar as informações disponíveis, e disto tirar o melhor proveito de informações escassas e inconclusivas”, disse Laurie, que era diretor-geral de inteligência do Ministério da Defesa entre 2002 e 2003.
“Eu não tinha dúvida na época que isso era o propósito exato e estas palavras foram ditas – completou.
Segundo Laurie, oficiais de inteligência não encontraram qualquer evidência de aviões, mísseis ou equipamentos relacionados a armas de destruição em massa, e concluíram que os artefatos tinham sido destruídos, enterrados ou removidos do Iraque.
“Durante a elaboração do dossiê final, cada fato foi trabalhado para que parecesse o mais forte possível. As declarações finais, indo além das avaliações de inteligência, normalmente destacava tais fatos”, disse o oficial.
“Era claro para mim que havia direcionamento e pressão sendo aplicadas”, acrescentou.
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