A relevância social das pesquisas universitárias

Por guru

Comentário ao post “A pesquisa de 6 anos sobre as Leis do Impedimento

Opinião interessante sobre a relevância social das pesquisas universitárias foi colocada no artigo abaixo, publicado esta semana nos Jornais Diário Popular e Díário da Manhã, da cidade de Pelotas-RS, por dois professores: 

Do Diário Popular

A EFETIVA EXTENSÃO

Uma pesquisa feita pela FIUC – Federação Internacional de Universidades Católicas – com alunos de universidades em geral mostrou, dia desses, que os estudantes acadêmicos priorizam os interesses pessoais aos coletivos. Tal análise induz à reflexão sobre o entendimento de muitos docentes e discentes acerca do papel das instituições de ensino superior brasileiras, especialmente das universidades públicas. Não é incomum, desde o ingresso nas faculdades, notar-se o incentivo à busca sistemática por títulos. Estes, no imaginário de boa parte dos calouros, muitas vezes possuem maior significado que o próprio conhecimento, e fundamentam a hierarquização da vida acadêmica, constituindo a matriz para veneração e obediência ao longo da caminhada universitária.

Conforme o aluno vai avançando nos estudos, menos ele deixa de ser ‘educando’, e mais vai se tornando um ‘pesquisador’, dentro de um processo produtivista, no qual o formalismo certificador tende a suplantar o conteúdo e secundarizar a relevância social da produção acadêmica. Menos o estudante deixa de ser preparado para transformar a sociedade, e mais é moldado para se adaptar a ela. Exasperação da competitividade e da individualidade, numa maratona de “produção” que, em muitos casos, provocaria inveja em Taylor.

Iniciados como pesquisadores, vários estudantes produzem artigos em série, qualificam o seu currículo Lattes e buscam pontuações acadêmicas. Inúmeros pensam o aprendizado para os próprios objetivos, enquanto a comunidade não-douta sofre com a carência de fraternidade, altruísmo e justiça social. Não seria o momento de redirecionarmos aqueles velhos autores, impostos, verticalizados, ensimesmados para algo maior?  Quem sabe, começarmos o debate sobre isonomia, valorização do coletivo ou educação cidadã, efetivando a extensão universitária e derrubando os muros que aprisionam a universidade num universo de projetos individuais, algumas vezes surdos às demandas da comunidade.

Assim, criar-se-ão novos laços de cumplicidade com o povo, carente de ideias e ações para viver melhor. E, cada vez mais, reduziremos a peculiar e rotineira “privatização” do interesse público, estimulando o protagonismo social a que se destina a Universidade.

 

Márcio Andrade e Paulo César Barboza (professores)

Luis Nassif

2 Comentários

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  1. Gostei da reflexão

    Interessante a maneira como abordaram o assunto, o papel das universidades na comunidade. Concordo com o que foi exposto aqui, no sentido de que o individualismo e vontade de fazer o nome crescer tende a afastar as universidades de seu propósito. Seria muito bom se a valorização de acadêmicos ocorresse mais pelo retorno que esses trouxeram a sociedade na prática e suas contribuições para o mundo científico do que pelo prefixo que vem antes do seu nome(Dr, Mestre) ou pelo tamanho de sua página de trabalhos no Lattes. Creio que estaríamos muito a frente o do que estamos agora em vários sentidos e setores da sociedade.

    Complemente meu comentário, critíque-o, oponha-se, me ajude a crescer em conhecimento!

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