Bancos públicos tiveram lucro maior que os privados em 2012

Do O Globo

Bancos públicos lucraram mais que os privados em 2012

Ganhos das três maiores instituições privadas recuaram 5,3% e dos públicos BB e Caixa avançaram 5,6%

Paulo Justus

SÃO PAULO – Ponta de lança, junto com a Caixa Econômica Federal, da política do governo para a redução dos juros, o Banco do Brasil fechou 2012 com lucro recorde, puxado pelo crescimento de 24,3% da sua carteira de crédito e estabilidade dos indicadores de inadimplência. De acordo com balanço publicado nesta quinta-feira, só no quarto trimestre o ganho alcançou R$ 3,967 bilhões, alta de 33,5% sobre o mesmo período de 2011. No ano, o lucro total foi de R$ 12,2 bilhões, uma alta de 0,7%. O resultado reforçou a diferença de desempenho entre os bancos públicos e privados no país no ano passado. Enquanto o lucro das três maiores instituições privadas (Itaú Unibanco, Bradesco e Santander) recuou 5,3% — de R$ 29,2 bilhões para R$ 27,7 bilhões —, o dos públicos BB e Caixa deram um salto de 5,6% — saindo de R$ 17,3 bilhões para R$ 18,3 bilhões.

O mercado respondeu bem aos resultados do BB. As ações ON (com direito a voto) fecharam com valorização de 4,07% na Bolsa de Valores de São Paulo, cotadas a R$ 25,39. Foi a terceira maior alta do pregão.

Os ganhos foram impulsionados pela concessão de crédito — que cresceu 31,2% nos públicos, contra uma alta de 7,1% nos grandes privados. Na comparação de receita de crédito, mais uma vez, os públicos aparecem com vantagem: expansão de 11,01%, contra apenas 4,5% dos concorrentes. E, enquanto nos públicos a expansão das despesas com provisão de devedores duvidosos foi de 14,7% em 2012, nos privados chegou a 27%.

— Depois da crise de 2008, os bancos públicos têm desempenhado um papel muito importante, irrigando o mercado com crédito. É o que o governo quer — disse Erivelto Rodrigues, presidente da consultoria Austin Rating, responsável pela compilação de números dos balanços.

Apesar da expansão do crédito, os bancos públicos conseguiram manter a inadimplência sob controle. Na Caixa, o índice de atrasos acima de 90 dias ficou em 2,08% em 2012, alta de 0,08 ponto percentual em relação ao ano anterior, enquanto no BB esse indicador ficou em 2,05%, menor que os 2,16% registrados em 2011. Ambos os resultados ficaram abaixo do calote contabilizado pelos bancos privados. No Itaú, a inadimplência no ano passado foi de 4,8%, resultado 0,1 ponto abaixo do ano anterior, enquanto no Bradesco esse indicador ficou em 4,1% em 2012, 0,2 ponto acima do percentual de 2011.

— O resultado deste ano (2012) premiou a estratégia do banco de uma política anticíclica — disse o presidente do BB, Aldemir Bendine.

A dúvida do mercado agora é saber se esse movimento de crescimento poderá ser sustentado por mais tempo.

— Acredito que vai haver uma pequena piora nas carteiras. Isso ocorre sempre que um banco cresce muito acima do mercado — disse Rodrigues.

Para Bendine, porém, o sucesso da fórmula se baseia em oferecer juros mais baixos para atrair uma demanda maior de bons clientes de outros bancos e, ainda, fazer com que aqueles que achavam os financiamentos muito caros tomem crédito. Segundo o vice-presidente de negócios e varejo do BB, Alexandre Corrêa Abreu, a instituição conseguiu ativar 9,5 milhões de clientes que não tomavam crédito.

— Além deles, tivemos 3,3 milhões de novos correntistas — afirmou Abreu.

Não há sinal de mudanças na estratégia. Nesta quinta-feira, o BB anunciou que espera aumentar sua carteira de crédito entre 16% e 20% este ano, só perdendo para os 35% na média projetada pela Caixa. O Itaú Unibanco estima uma variação entre 11% e 14%, enquanto no Bradesco esse número vai de 13% a 17%. O BB também está criando uma área específica para infraestrutura, visando às grandes concessões que estão por vir.

Luis Nassif

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