Por Ana Cristina Vieira
Nós, músicos e compositores mineiros, ficamos indignados com a simples sugestão de censura, a partir do momento em que um advogado liga pra um artista e “aconselha-o” a retirar uma marcha carnavalesca do ar. O que é a marchinha, senão uma grande sátira política e social? Não há menção direta ao nome do parlamentar. Em momento algum. Há uma crítica musical a fatos amplamente divulgados pela imprensa. Caso típico de “carapuça”. Quando a tentativa de intimidação veio à tona, nos revoltamos. Muitos de nós, solidaria e criticamente, fizemos nossas versões dos fatos, cada um dentro de seu estilo e interpretação. A minha foi mais, digamos, leve.( http://soundcloud.com/anacristinacantora/coxinhaa) .
Outras, nem tanto. Alegar “conteúdo obsceno” é , no mínimo, estranho, no caso de um parlamentar que quase foi expulso do partido, em 2007, por envolvimento com travestis, com danos econômicos às vítimas (no caso, os travestis). Ou por, obscenamente, gastar nosso suado dinheirinho com levas absurdas de salgados da madrasta.
E, quanto a “aconselhamentos” e outros eufenismos para Censura, há que se fazer uma varredura, então, na literatura e na música carnavalesca brasileira. Difícil será ligar pro Mário de Andrade que, em 1922, fez a “Ode ao Burguês” em sua Paulicéia Desvairada… ou dos autores de “Eu dei”, Maria Escandalosa”, entre outras…será que aceitam ligações do além?
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.