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As matérias para serem lidas e comentadas.

Luis Nassif

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  1. Desvalorização e política cambial no Brasil

    A desvalorização cambial recente deve ser vista com cautela e a tarefa da política cambial exige um olhar transformador sobre o mercado de câmbio.

    08/05/2015 –  Carta Maior/Economia——–Pedro Rossi: Professor Doutor do Instituto de Economia da Unicamp e pesquisador do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica (Cecon/Unicamp)


    Créditos da foto: KEN TEEGARDIN

    A taxa de câmbio não é apenas um preço de mercado mas também um instrumento de política econômica e uma ferramenta para o desenvolvimento. Uma taxa de câmbio competitiva é condição necessária, apesar de não suficiente, para uma estrutura produtiva diversificada e um projeto de desenvolvimento soberano e social. Considerando sua importância, esse artigo propõe duas questões sobre o tema; 1a) a desvalorização cambial não é uma panaceia para os problemas brasileiros e seus efeitos sobre a estrutura produtiva e a distribuição de renda são complexos e 2a) a manutenção de uma taxa de câmbio competitiva depende da regulação do mercado de câmbio brasileiro.

    Câmbio, estrutura produtiva e distribuição de renda
     
    O efeito da taxa de câmbio sobre a estrutura produtiva depende da temporalidade da análise. No curto prazo, os efeitos são ambíguos uma vez que há uma enorme rigidez na estrutura produtiva. A oferta não responde automaticamente aos estímulos de preços e a substituição de produtos importados depende da flexibilidade de contratos e das redes de fornecedores. Nem sempre uma empresa brasileira pode substituir um insumo importado por um produto doméstico, seja por obrigações contratuais, seja porque o fornecedor doméstico simplesmente não existe. Ou seja, a desvalorização cambial se apresenta, no curto prazo, como um elemento de custo para as empresas. No caso brasileiro, o impacto de curto prazo do câmbio sobre a estrutura produtiva parece ser negativo para vários setores que, com alta penetração de insumos importados, repassam ao consumidor o custo da desvalorização, o que neutraliza parte dos ganhos de competitividade.
     
    No longo prazo o problema contratual se resolve mas o surgimento de redes de fornecedores domésticos depende de novas empresas, empresários, expertise, tecnologia, que nem sempre estão disponíveis. Nesse contexto, se um longo período de apreciação pode quebrar cadeias produtivas e desindustrializar, a desvalorização cambial não necessariamente remonta essas cadeias e reconstrói o caminho da industrialização.

    Nesse ponto, é preciso ter claro que uma estratégia de diversificação da estrutura produtiva depende da articulação da política cambial com outras políticas macro, de crédito e industrial.
     
    Alguns argumentam que a desvalorização cambial, ao reduzir os salários reais, aumenta as taxas de lucro e, consequentemente, o investimento industrial. Essa afirmação é uma possibilidade teórica, mas não é necessariamente verdadeira. Primeiramente, porque uma desvalorização cambial não precisa ser acompanhada por uma queda nos salários reais, ou seja, a desvalorização não é uma simples geradora de pressão inflacionária mas uma fonte de alteração dos preços relativos no âmbito de uma economia nacional, em particular, entre os preços dos bens comercializáveis e os preços de serviços. Nesses termos, o impacto distributivo de uma desvalorização cambial pode perfeitamente preservar os salários reais e aumentar o lucro dos setores produtores de bens relativamente ao lucro do setor de serviços. No caso brasileiro, o longo período de câmbio apreciado contribuiu para uma inflação de serviços acima da inflação de bens comercializáveis, o que gerou um ajustamento de preços relativos  em benefício do setor de serviços.
     
    Adicionalmente, pode ser um equívoco pensar na queda de salários reais como um incentivo ao lucro e ao investimento industrial. Dentre outros motivos, porque o salário não é apenas uma variável de oferta – ou de custo de produção – mas também de demanda. Logo, a queda dos salários reais domésticos é também a queda na demanda doméstica por produtos industriais. Nesse sentido, apostar na queda dos salários reais como elemento dinâmico é, para além de um desvio do projeto distributivo, um erro estratégico especialmente em economias como a brasileira onde o mercado interno é extremamente importante para o setor industrial. Ou ainda, a aposta em uma estratégia chinesa – de baixos salários e crescimento puxado pelas exportações – além de incompatível com uma estratégia distributiva, abre mão de uma demanda interna forte em um mundo com escassez de demanda.
     
    O desafio brasileiro é, portanto, a construção de um modelo econômico onde a expansão dos salários e a inclusão social dinamizem o mercado doméstico e que isso seja canalizado para expansão e aumento da produtividade da indústria brasileira. Para isso, a desvalorização cambial será virtuosa se, por um lado, não penalizar o poder de compra dos salários e, por outro lado, evitar que o dinamismo econômico provocado pelo processo distributivo seja consumido pelo aumento de importações.
     
    Sem mudanças institucionais não se sustenta um câmbio desvalorizado
     
    No Brasil qualquer processo de desvalorização cambial está sujeito à reversão, uma vez que a economia brasileira é extremamente sensível aos efeitos do ciclo de liquidez internacional. Nesse contexto, há duas especificidades a se considerar, a primeira é o patamar da taxa de juros básica da economia. As altas taxas de juros praticadas no Brasil estimulam as operações de carry trade, que constituem investimentos alavancados motivados pelo diferencial de juros com outras moedas. Esses investimentos provocam a apreciação da moeda brasileira nos períodos de alta do ciclo de liquidez internacional, mas também provocam o efeito inverso na reversão do ciclo, quando as operações de carry trade são desmontadas. Já a segunda particularidade da economia brasileira refere-se à institucionalidade do mercado de câmbio brasileiro que se mostra permeável à especulação financeira, dada a abertura financeira e a liquidez no mercado de derivativos.
     
    Essas características da economia brasileira, de alta taxa de juros e institucionalidade permeável à especulação financeira, tornam a taxa de câmbio real/dólar uma das mais voláteis do sistema internacional e impedem seu uso como ferramenta para o desenvolvimento. Nos últimos anos foram dois ciclos longos de apreciação (2003-2008 e 2009-2012) intercalados por períodos de depreciação cambial, todos recheados com muita volatilidade. Esse padrão de flutuação cambial, que acompanha o ciclo de liquidez internacional, reproduz a volatilidade dos índices financeiros e ressalta a natureza da moeda como um ativo financeiro.
     
    A boa notícia é que esse padrão de flutuação não é imutável. Não há nenhuma lei econômica que imponha à moeda brasileira o respeito diário aos movimentos da liquidez global, nem a reagir instantaneamente às transitórias expectativas dos agentes financeiros. Tampouco essa flutuação é um desfecho inevitável das forças de mercado e da tecnologia, decorrentes de uma globalização financeira supostamente irreversível. Pelo contrário, esse padrão de flutuação cambial é uma opção política que decorre de uma institucionalidade, politicamente construída, e de um determinado modelo de atuação da política cambial que pode (e deve) ser aprimorado.
     
    No início do primeiro governo Dilma, a experiência do IOF sobre as posições vendidas no mercado de derivativos, somada às outras medidas regulatórias como a oneração sobre a posição dos bancos e a regulação dos fluxos de capital, mostrou que é possível montar uma institucionalidade capaz de administrar a flutuação da moeda brasileira.

    Essa capacidade de administração ficou evidente no segundo semestre de 2012, em particular entre julho e novembro, quando a taxa de câmbio flutuou no intervalo entre R$/US$ 2,00 e 2,05, o que constituiu sua menor volatilidade desde o abandono do regime de bandas cambiais em 1999. A despeito do êxito inicial, as medidas regulatórias foram, uma-a-uma, removidas conforme crescia a pressão política do mercado financeiro e virava o ciclo de liquidez.
     
    Portanto, a desvalorização cambial recente deve ser vista com cautela e a tarefa da política cambial exige um olhar transformador sobre a atual institucionalidade do mercado de câmbio. Uma taxa de câmbio mais adequada ao desenvolvimento econômico, que permita a passagem para outro padrão de flutuação cambial – menos volátil e mais adequado às necessidades do parque produtivo brasileiro – depende da regulação do mercado de câmbio. Em particular, essa regulação passa por uma inevitável redução da liquidez no mercado futuro e por uma transferência gradual de liquidez para o mercado à vista. O objetivo final dessas políticas é neutralizar o efeito da especulação na taxa de câmbio, que poderá flutuar mais próxima de fundamentos reais, sem distorções financeiras.

    Créditos da foto: KEN TEEGARDIN
    URL:
    http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/Desvalorizacao-e-politica-c

  2. O real motivo da perseguição a Dirceu

    Do DCM

    O real motivo da perseguição a Dirceu. Por Paulo Nogueira

     Postado em 24 mai 2015  por :             A vida é complicada para quem desafia a plutocracia

    A vida é complicada para quem desafia a plutocracia

    Originalmente publicado em março. Republicado agora por motivos óbvios.

    Um jornalista americano escreveu uma coisa que me marcou profundamente.

    Ele disse que num certo momento da carreira ele era convidado para programas de tevê, recebia convites seguidos para dar palestras e estava sempre no foco dos holofotes.

    Num certo momento ele se deu conta de que tudo isso ocorria porque ele jamais escrevera algo que afrontasse os interesses dos realmente poderosos.

    Foi quando ele acordou. Entendeu, por exemplo, as reflexões de Chomsky sobre as grandes empresas jornalísticas.

    Para encurtar a história, ele decidiu então fazer jornalismo de verdade. Acabou assassinado.

    Assange, Snowden, Falciani: não é fácil a vida de quem enfrenta o poder.

    Tudo isso me ocorreu a propósito de José Dirceu. Tivesse ele defendido, ao longo da vida a plutocracia, ninguém o incomodaria.

    Mas ele escolheu o outro lado.

    E por isso é alvo de uma perseguição selvagem. É como se o poder estivesse dizendo para todo mundo: “Olhem o que acontece com quem ousa nos desafiar.”

    É à luz de tudo isso que aparece uma nova rodada de agressões a Dirceu, partida – sempre ela – da Veja.

    Quis entender.

    Os dados expostos mostram, essencialmente, uma coisa: Dirceu não pode trabalhar. Não pode fazer nada.

    O que é praxe em altos funcionários de uma administração fazerem ao deixá-la?

    Virar consultor.

    Não é só nos governos. Nas empresas também. Fabio Barbosa fatalmente virará consultor depois de ser demitido, dias atrás, da Abril.

    Foi o que fez, também, David Zylbersztajn, o genro que FHC colocou na Agência Nacional do Petróleo. (Não, naturalmente, por nepotismo, mas por mérito, ainda que o mérito, e com ele o emprego, pareça ter acabado junto com o casamento com a filha de FHC.)

    Zylbersztajn é, hoje, consultor na área de petróleo. Seus clientes são, essencialmente, empresas estrangeiras interessadas em fazer negócios no Brasil no campo da energia.

    Algum problema? Não.

    Quer dizer: não para Zylbersztajn. Mas para Dirceu a mesma posição de consultor é tratada como escândalo.

    Zylbersztajn ajuda empresas estrangeiras a virem para o Brasil. Dirceu ajuda empresas brasileiras a fazerem negócios fora do Brasil, com as relações construídas em sua longa jornada.

    O delator que o citou diz que Dirceu é muito bom para “abrir portas”. É o que se espera mesmo de um consultor como Dirceu.

    Zylbersztajn, caso seja competente, saberá também “abrir portas”.

    Vamos supor que a Globo, algum dia, queira entrar na China. Ela terá que contratar alguém que “abra portas”.

    Abrir portas significa, simplesmente, colocar você em contato com pessoas que decidem. Conseguir fechar negócios com ela é problema seu, e não de quem abriu as portas.

    Na manchete do site da Veja, está dito que o “mensaleiro” – a revista não economiza uma oportunidade de ser canalha – faturou 29 milhões entre 2006 e 2013.

    São oito anos. Isso significa menos de 4 milhões por ano. Do jeito que a coisa é apresentada, parece que Dirceu meteu a mão em 29 milhões. Líquidos.

    Não.

    Sua empresa faturou isso. Não é pouco, mas está longe de ser muito num universo de grandes empresas interessadas em ganhar o mundo.

    Quanto terá faturado a consultoria de Zylbersztajn entre 2006 e 2013? Seria uma boa comparação.

    No meio das acusações, aparece, incriminadora, a palavra “lobby”. É um estratagema para explorar a boa fé do leitor ingênuo e louco por razões para detestar Dirceu.

    Poucas coisas são mais banais, no mundo dos negócios, que o lobby.

    Peguemos a Abril, por exemplo, que edita a Veja. Uma entidade chamada ANER faz lobby para a Abril e outras editoras de revistas. A ANER da Globo se chama ABERT.

    Você pode ter uma ideia de quanto as empresas de jornalismo são competentes no lobby pelo fato de que ainda hoje elas gozam de reserva de mercado – uma mamata que desapareceu virtualmente de todos os outros setores da economia brasileira.

    E assim, manobrando e manipulando informações, a mídia mais uma vez agride Dirceu.

    As alegações sempre variam, mas o real motivo é que ele decidiu, desde jovem, não lamber as botas da plutocracia.

    http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-real-motivo-da-perseguicao-a-dirceu/

     

  3. Vale “desova” navios-fantasma que Agnelli comprou lá fora

    Tijolaço                                                                                                                                                                                                 

     

    24 de maio de 2015 | 14:59                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                              Autor: Fernando Brito

    valecosco

    Quase sem registro na imprensa, a Vale se livrou de parte do problema criado com os meganavios que Roger “Queridinho da Mídia” Agnelli mandou construir na China e na Coreia.

    A mineradora vendeu – e afretou em seguida – quatro navios de minério (VLOC – Very Large Ore Carrier) por US$ 445 milhões, o que representa uns 20% menos do que custou cada unidade, além do custo financeiro.

    Com este, já são oito os megamineraleiros que a Vale deixa de operar. E, com isso, além de se livrar das restrições que os armadores chineses tinham criado para a atracação dos navios gigantes – 400 mil toneladas de porte bruto, os maiores do mundo – alivia seu caixa num momento em que os preços do minério estão baixos no mercado mundial.

    E resolve o problema de subutilização de embarcações caríssimas.

    Não foi mau negócio para a empresa, dados os problemas que tinham sido criados.

    Mas foi um mau negócio para o Brasil, lá no seu nascedouro.

    O volume da encomenda, mesmo que não pudesse ser atendido pelos estaleiros existentes no Brasil em 2009, era grande o suficiente para atrair para cá uma planta de construção de navios de grande porte.

    Num cronograma de longo prazo, combinado com contratos de afretamento, poderia ter atendido à necessidade de transporte da Vale e permitido negociação com os chineses que, ao contrário do que acontece aqui, sabem defender seus interesses.

    E gerando empregos e atividade industrial aqui.

    Mas isso é pouco importante e a mídia não se interessa pelo desastre que foi a decisão de fazer aqueles navios do exterior, da forma que foi feita.

    http://tijolaco.com.br/blog/?p=26993

     

  4. Procuradores, por favor, não quebrem mais empresas!

    Tijolaço

    Próxima fase da Lava Jato: procuradores, por favor, não quebrem mais empresas!

     

    24 de maio de 2015 | 14:27 Autor: Miguel do Rosário  

    lava_jato13_delegados

    Leio nos portais que a força-tarefa da Lava Jato, “comandada pelo juiz Sergio Moro”, irá investigar os contratos do pré-sal.

    Mais uma vez, a força-tarefa não tem a mínima preocupação em assegurar que as investigações serão conduzidas com prudência, para não prejudicar uma das atividades econômicas mais estratégicas do país.

    Além disso, você percebe rapidamente que tem alguma coisa de errado quando um juiz é descrito como “líder” de uma investigação. Sergio Moro está impondo, à força, uma coisa que não existe no Brasil: a figura do juiz de instrução, que é aquele que lidera uma investigação criminal.

    Talvez devêssemos ter esta figura, que orienta os procuradores e delegados a agirem conforme à lei.

    Só que, nos países onde existem juízes de instrução, não são eles que julgam os réus, justamente porque eles estão envolvidos demais com a lógica da acusação.

    Segundo a doutrina democrática, quem investiga não julga.

    Mas eu queria falar aqui de outra coisa.

    Eu queria fazer um pedido aos procuradores, ao juiz Sergio Moro e aos delegados que conduzem a Lava Jato.

    Sei que é ingênuo, mas vamos lá.

    Mirem-se no exemplo dos investigadores da Operação Patriota, deflagrada há poucos dias, que investigam desvios que podem chegar a R$ 1 bilhão, em sonegação de impostos, feito por empresas da área de transporte e turismo.

    Nem de longe são empresas estratégicas, como aquelas envolvidas na exploração do pré-sal; mesmo assim, os investigadores já anunciaram que terão o maior cuidado para não prejudicar o funcionamento das empresas, não quebrá-las de vez, não provocar a demissão de ninguém.

    Trabalhou-se, desde o início, em prol de uma solução prudente: o Estado deverá nomear interventores, cuidando para que as empresas continuem funcionando e pagando seus impostos, não implicando em mais prejuízo ao erário.

    Voltando à Lava Jato, a força-tarefa jamais teve esse cuidado, e estamos lidando com empresas realmente estratégicas para o país!

    Se as empresas quebram, elas deixam de gerar empregos e pagar impostos. Ou seja, ao dano causado por uma suposta corrupção, somar-se-á um prejuízo muito maior!

    Não adianta nada Sergio Moro divulgar que tal ou qual corrupto devolverá 100 milhões à Petrobrás, se o prejuízo causado por uma investigação destrambelhada causa demissão de dezenas de milhares de trabalhadores e quebra empresas que pagavam bilhões em tributos!

    Até porque a gente sabe muito bem que se o corrupto devolve 100 milhões é porque guardou outros 100 milhões em outro lugar.

    A Sete Brasil é um exemplo. A força-tarefa deve investigá-la, mas sem destruí-la. Quer dizer, se é que já não destruiu, porque os prejuízos impostos a todas as fornecedoras da Petrobrás, pela maneira irresponsável como a operação foi conduzida, tem sido enormes!

    A Sete Brasil foi constituída no Brasil apenas para fornecer sondas à Petrobrás. Quebrá-la – o que os procuradores estão quase conseguindo – apenas irá completar o quadro de devastação que a Lava Jato parece querer impor ao setor brasileiro de petróleo.

    A força-tarefa, em todas as suas etapas, vestiu trajes de cavaleiros do apocalipse, a ponto de a ex-namorada de Youssef, uma mulher visivelmente desequilibrada, elogiar o seu próprio carrasco, o juiz Sergio Moro, e afirmar que, se isso for preciso para acabar com a corrupção, não devemos hesitar em provocar “desemprego e recessão”.

    Ora, desemprego e recessão ajudam a aumentar a corrupção, obviamente, porque a miséria econômica produz miséria moral!

    A história da Sete Brasil traz um detalhe irônico: ela é controlada pelo BTG, cujo proprietário é o super-tucano Andre Esteves, o mesmo que bancou a lua de mel de Aécio Neves em Nova York.

    Não quero nem pensar o que a imprensa diria se Esteves tivesse bancado a lua de mel de um petista… Provavelmente, a mídia produziria manchetes como: “Petrolão banca farra de petista e esposa em Nova York”, ou algo parecido.

    Deixa pra lá.

    Andre Esteves, como bom tucano bilionário, tem muitos outros ovos na cesta. Se a Sete Brasil ruir, quem será prejudicado serão seus centenas de pequenos fornecedores, e dezenas de milhares de trabalhadores.

    Esteves continuará bilionário, pagando viagens para seus amigos tucanos.

    O prejuízo será do Brasil.

    Com a entrada dos chineses, esse espírito destruidor da Lava Jato se tornou simplesmente patético. O objetivo era destruir a economia do petróleo para derrubar Dilma. Esse plano foi enterrado pela conjuntura: o lucro da Petrobrás e a entrada dos chineses. Não vão mais conseguir derrubar ninguém.

    Os chineses já garantiram: se destruírem as fornecedoras da Petrobrás, a China as substituirá imediatamente, e ainda nos dará o dinheiro necessário para estabelecê-las aqui.

    Então acabou a palhaçada. O golpe morreu. É hora de botar a viola no saco e cuidar da tocar a luta contra a corrupção de maneira inteligente e responsável, sem espetáculos midiáticos cujo único resultado é produzir crises políticas, paralisar a economia e gerar demissões em massa.

    As delações já entraram em colapso. Cada delator diz uma coisa oposta ao outro. Youssef fala uma coisa, Paulo Roberto nega. A tal “Lista do Janot” se mostrou um apanhado ridículo de acusações sem prova contra vários políticos. E a última “denúncia” da força-tarefa contra políticos trouxe acusações completamente desvinculadas dos esquemas da Petrobrás: André Vargas, ex-deputado pelo PT, é acusado de usar sua “influência” na Caixa para conseguir contratos para um irmão, que tinha uma agência de publicidade. E um deputado do PP é acusado de incluir sua empregada doméstica na folha de pagamento de seu gabinete.

    E agora um dos delatores inocentou a senadora Gleisi Hoffmann, cuja inclusão na “Lista de Janot”, aliás, também foi surreal, por ter sido baseada numa delação completamente destituída de provas ou mesmo indícios.

    Ninguém apresenta nenhuma prova. A única coisa que ficou provado é que as delações foram arrancadas, em sua maioria, de executivos corruptos e desesperados para se livrarem da Guantanamo de Sergio Moro.

    http://tijolaco.com.br/blog/?p=26992

     

  5. 50 bilhões de dólares é só a cabecinha

    Belchior: US$ 50 bilhões da China é só o começo

     24 de maio de 2015 | 15:07 Autor: Miguel do Rosáriohttp://tijolaco.com.br/blog/?p=27001

    Dilma e primeiro-ministro chinês durante assinatura de atos

    O “plano Marshall” da China, que vai revolucionar a economia brasileira, ao nos ajudar a construir ferrovias, estradas, fábricas, lançar satélites, renovar nossa indústria de defesa, pode ser ainda maior que imaginamos.

    Passou despercebido das redes uma informação estratégica fornecida por Miriam Belchior, presidente da Caixa.

    Miriam disse que o valor do fundo de investimento em infra-estrutura, os US$ 50 bilhões, anunciados esta semana, deve ser considerado apenas um “ponto-de-partida”.

    O total investido pelos chineses em projetos de infra-estrutura no Brasil deve ser ainda maior.

    Claro que teremos de lutar, mais que nunca, contra uma mídia que já começou a sua campanha de boicote aos acordos entre Brasil e China.

    A mídia, além de ser a principal patrocinadora do estilo “destruidor” das investigações da Lava Jato, que ao invés de investigar com prudência, parece antes interessada em devastar o setor de petróleo, já deixou claro que fará de tudo para sabotar os acordos com a China.

    É um mistério entender o que está por trás da nossa mídia. Que interesses obscuros se escondem por trás de suas campanhas?

    *

    No blog do Planalto.

    Investimentos da Caixa com banco chinês podem crescer além dos US$ 50 bi anunciados hoje
    Terça-feira, 19 de maio de 2015 às 18:02

    O fundo de investimento em infraestrutura, a ser criado pela Caixa Econômica Federal e pelo Banco Industrial e Comercial da China (ICBC), poderão ser ampliados além dos US$ 50 bilhões anunciados nesta terça-feira (19), dependendo do interesse dos chineses nos projetos brasileiros, afirmou Miriam Belchior, presidenta da Caixa.

    Segundo Miriam, o memorando de entendimento do acordo não expressa um valor total de recursos do fundo. “O presidente do banco chinês, nas reuniões conosco, manifestou a possibilidade de US$ 50 bilhões de recursos para isso. [Mas] o próprio presidente do banco chinês se referiu que esse poderá ser o ponto de partida. Dependendo dos projetos existentes e do interesse nestes projetos, o valor poderá ser ampliado”, explicou.

    O acordo é um dos mais importantes fechados durante a visita oficial do primeiro-ministro da República Popular da China, Li Keqiang, avaliou Miriam Belchior, porque permite que o Brasil continue trilhando o caminho da melhoria da infraestrutura brasileira, que tantos empregos tem gerado e tem sido a tônica do governo da presidenta Dilma Rousseff.

    O dinheiro deve ser direcionando para o financiamento de projetos de rodovias, ferrovias, aeroportos, habitação, energia e agricultura e podem abranger outras áreas posteriormente.

    A Caixa e o ICBC terão 60 dias, a partir desta terça-feira, para a criação de um grupo de trabalho paritário entre as duas instituições, para definir as condições de internalização desses recursos no País e começar a discutir a pauta de projetos que poderão ser financiados por eles, detalhou Miriam Belchior.

    Um dos setores que poderá ser beneficiado é o da habitação popular. Miriam ressalvou, no entanto, que, “aqui no Brasil, nós estamos já discutindo várias outras alternativas para voltar a melhorar as condições de financiamento de habitação. Isso porque estamos com um problema na captação de recursos da poupança, que é fundamental para financiar habitação popular”, disse. E completou: “Mas nós, o Banco Central e o Ministério da Fazenda estamos discutindo um conjunto de ações que vai permitir regularizar esse fluxo de financiamento”.

     

     

  6. E o Brasil sai do fundo do poço com mais petróleo e mais forte

    O grande mico da coluna Aécio

    24 de maio de 2015 | 14:53 Autor: Miguel do Rosário

    marcha-

    Reproduzo abaixo mais uma instigante análise do jornalista Luciano Martins Costa, colunista do Observatório da Imprensa.

    Mas antes acrescento alguns comentários, para mostrar que esta “coluna Aécio” do impeachment chegará desmoralizada à Brasília em vários níveis:

    1) Primeiro porque não reuniu ninguém ao longo do caminho. Pelo contrário, os “vinte” que iniciaram a marcha foi reduzida a menos de meia dúzia. Provavelmente, ao chegar em Brasília, os partidos de direita e seus movimentos irão acrescentar mais gente. A Força Sindical, que apoiou o projeto de terceirização, já mostrou, por exemplo, que está apostando alto no golpe. Mas durante o trajeto, não empolgaram.

    2) A Lava Jato está desmoralizada pela irresponsabilidade dos procuradores e do Sergio Moro. Abusou-se, incrivelmente, da delação premiada, que serviu muito mais de arma política e midiática do que para se obter provas.

    3) A conjuntura econômica melhorou sensivelmente. O governo está conseguindo aprovar o ajuste fiscal no Congresso, sendo que incluiu agora os bancos, reduzindo um pouco a insatisfação de sua base. A China anunciou um plano Marshall para o Brasil que deve injetar centenas de bilhões de reais em tecnologia e infra-estrutura. A Petrobrás registrou lucro muito maior do que esperava o mercado.

    4) A deflagração de uma série de operações da Polícia Federal, contra a sonegação, materializa a narrativa de que o governo Dilma combate a corrupção mais do que qualquer outro. E não só combate, como dá autonomia total à Polícia Federal para agir, e não faz acordos espúrios com o Ministério Público ou com a Procuradoria Geral da República. Autonomia esta que, infelizmente, alguns setores procuram explorar para transformar investigações criminais em conspirações políticas, mas isso é outra história.

    5) Ainda sobre as operações contra a sonegação, agora fica bem claro que a nossa mídia é incrivelmente cínica. Diante de esquemas de desvios de dinheiro púbico que superam qualquer outro escândalo nacional, ela vira a cabeça para o outro lado. Não há editoriais, infográficos, repercussão, reportagens no Jornal Nacional, manchetes, Fantástico, nada. Quando o assunto é sonegação, tenta-se abafar. Eles dão a notícia, mas sem destaque e sem repercussão.

    6) O PSDB virou partido de paneleiros e golpistas mas os tucanos não são loucos (ainda). Entenderam que não há base legal para impeachment e por isso desistiram desse caminho. Com isso, Aécio se tornou alvo do ódio da própria ralé golpista que criou. Tem sido xingado nas redes de “arregão” por figuras políticas tão expressivas como o “Batman das manifestações”…

    *

    O ‘mico’ da ‘coluna Aécio’

    Por Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa.

    A Folha de S. Paulo anuncia em nota na sua primeira página, na edição de sexta-feira (22/5): “Grupos anti-Dilma dizem que PSDB e Aécio são traidores”. O Estado de S. Paulo, em reportagem interna sobre o mesmo tema, informa: “Grupos se dizem traídos por tucanos”.

    A imagem que ilustra o texto do Estado mostra doze – isso, exatamente uma dúzia – de manifestantes que caminham pela Rodovia Anhanguera, com destino a Brasília, onde pretendem fazer sua pregação em favor do impeachment da presidente da República. Quando saíram de São Paulo, no fim de abril, os integrantes da marcha foram estimulados por líderes do PSDB, que imaginavam uma espécie de “coluna Prestes” invertida, a recolher, pelo caminho, milhares de cidadãos descontentes com o governo, numa chegada triunfal à rampa do Planalto. Mas, como no poema de Hesíodo, as relações entre os homens e os deuses devem se submeter ao crivo da verdade, e esta nem sempre se manifesta como desejam os humanos.

    Entre o fim de abril e esta última semana de maio, a expectativa do grupo de manifestantes, estimulada por discursos inflamados do senador que perdeu a eleição presidencial em 2014, não foi justificada pelos fatos. O descompasso entre os trabalhos políticos e os dias de marcha acaba por produzir a ruptura entre os doze aloprados que imaginam reverter a decisão das urnas e os oportunistas que os apadrinharam.

    Por sugestão do jurista Miguel Reale Jr., convocado a emitir parecer sobre a proposta do impeachment, os líderes do PSDB acharam melhor ingressar com processo contra a presidente Dilma Rouseff na Justiça comum, talvez confiantes na ação dos julgadores que o poeta grego chama de “comedores de presentes”. Mas o Judiciário, já embaraçado com a interferência do Congresso em suas atribuições, não dá sinais de que irá acolher tal petição.

    Representantes dos grupos que pedem a interrupção do mandato da presidente da República teriam ouvido na semana passada, na capital federal, promessas de parlamentares do PSDB e de outros partidos de oposição de que entrariam com o pedido formal de impeachment assim que os marchadores alcançassem a Praça dos Três Poderes. Desde quarta-feira (20/5), a uma semana da chegada da marcha a Brasília, prevista para o dia 27, a página do Movimento Brasil Livre, um dos grupos que organizam o protesto, exibe um quadro dizendo que o senador Aécio Neves traiu a causa (ver aqui).

    Ignorância política

    Segundo o Estado de S.Paulo, líderes do PSDB avaliam, reservadamente, rever a estratégia de apoiar explicitamente a marcha, quebrando a promessa de dar um caráter apoteótico à sua chegada a Brasília.

    O ex-deputado federal Francisco Graziano, assessor do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, disse à Folha de S. Paulo que entende a frustração dos que querem o impeachment, mas considera que “atacar Aécio, FHC ou o PSDB mostra ignorância política”. De repente, os tucanos descobrem que meteram a mão em cumbuca.

    Restará aos protestadores, certamente, o apoio do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) e talvez a presença do deputado Paulo Pereira da Silva (SDD-SP), cujas biografias não justificam os cuidados que precisam ter os líderes do PSDB.

    O principal partido de oposição embarcou na aventura dos golpistas pela mão do senador Aécio Neves, que foi demovido do plano de impeachment pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na semana passada. Agora, precisa de um discurso consistente para evitar o constrangimento de se haver associado aos aloprados que seguem para Brasília.

    Não se pode prever o que irá ocorrer na capital federal na quarta-feira (27/5), mas certamente não será a grande festa cívica que esperavam os organizadores do protesto. Nesse período, o núcleo principal das propostas de ajuste econômico já terá sido aprovado, ou uma nova agenda estará acertada entre o Executivo e o Congresso Nacional.

    Analistas acreditados pela imprensa já registram uma redução das tensões entre os poderes, que vêm sendo estimuladas pela mídia desde a posse da presidente Dilma Rousseff em segundo mandato.

    A decisão da presidente, de elevar a alíquota da Contribuição Social sobre o lucro líquido dos bancos, tende a reconciliá-la com parte de seu eleitorado, pela simbologia da medida, combinada com a manutenção da carência de um mês para pagamento de abono salarial, que beneficia os trabalhadores.

    Tudo de que os presidentes da Câmara e do Senado, Eduardo Cunha e Renan Calheiros, não precisam, neste momento, é barulho de manifestantes. O “mico” do impeachment fica com o PSDB, que vai ter que explicar, daqui para a frente, se considera que eleição é para valer ou se, nas próximas disputas, caso venham a ser derrotados novamente, os tucanos irão outra vez mobilizar a “coluna Aécio”.

     

  7. Benayon, filiado ao PSB, refuta discurso de Marina Silva

    Adriano Benayon, escritor filiado ao PSB, refuta discurso de Marina

    O doutor em economia Adriano Benayon, autor do livro Globalização versus Desenvolvimento, filiado ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), legenda pela qual Marina Silva concorre à Presidência da Republica, refuta ponto por ponto o discurso da candidata e põe a nu sua subordinação aos banqueiros e aos interesses das potências imperialistas mundiais.

     

    Autor do artigo: Adriano Benayon; Caricatura da pré-candidata Marina Silva para o iEstadão/i - Batistão.Autor do artigo: Adriano Benayon; Caricatura da pré-candidata Marina Silva para o Estadão – Batistão.

    As TVs e a grande mídia promovem intensamente a candidata que surgiu com a morte de Eduardo Campos na explosão. Marina da Silva costuma ser apresentada como defensora do meio ambiente e como diferente de políticos que têm levado o país à ruína financeira e estrutural, como foram os casos, em especial, de Collor e de FHC.

    2. Mas Marina não representa ambientalismo algum honesto, nem qualquer outra coisa honesta. O que tem feito é, a serviço do poder imperial anglo-americano, usar a preservação do meio ambiente como pretexto para impedir –  ou retardar e tornar absurdamente caras –  muitas obras de infraestrutura essenciais ao desenvolvimento do país.

    3. Pior ainda, a tirania do poder mundial, com a colaboração de seus agentes locais, já ocupa enormes áreas, notadamente na região amazônica, para explorar não só a biodiversidade, mas os fabulosos recursos do subsolo, verdadeiro delírio mineral, na expressão do falecido almirante Gama e Silva, profundo conhecedor da região e, durante muitos anos, diretor do projeto Radam.

    4. Além da pregação enganosa sobre o meio ambiente, o império vale-se de hipocrisia semelhante em relação à pretensa proteção aos direitos dos indígenas, a fim de apropriar-se de imensas áreas, que os três poderes do governo têm permitido segregar do território nacional, pois brasileiro não entra mais nelas.

    5. As ONGs ditas ambientalistas, locais e estrangeiras, financiadas pela oligarquia financeira britânica, como a Greenpeace e o WWF (Worldwide Fund for Nature) trabalham para quem as sustenta, não estando nem aí para o meio ambiente.

    6. Isso é fácil de notar, pois não dão sequer um pio contra a poluição dos mares, produzida pelo cartel anglo-americano do petróleo: a mais terrível poluição que sofre o planeta, pois os oceanos são a fonte principal do oxigênio e do equilíbrio da Terra. 

    7. Marina foi designada ministra do Meio Ambiente, em Nova York, quando Lula, antes de sua posse, em janeiro de 2003, foi peitado por superbanqueiros, em reunião após a qual anunciou suas duas primeiras nomeações: Meirelles para o Banco Central e Marina Silva para o Ministério do Meio Ambiente (MME). 

    8. Empossada no MME, Marina nomeou imediatamente secretário-geral do ministério o presidente da Greenpeace no Brasil. 

    9. Marina foi dos poucos brasileiros presentes, quando o príncipe Charles reuniu, na Amazônia, outros chefes de Estado da Otan e caciques das terras que ele e outros membros e colaboradores da oligarquia mundial já estão controlando por meio de suas ONGs e organizações “religiosas”, como Igreja Anglicana, Conselho Mundial das Igrejas, etc. 

    10. Todos deveriam saber que os cartéis britânicos da mineração praticamente monopolizam a extração dos minerais preciosos, e a maioria dos estratégicos, notadamente no Brasil, na África, na Austrália e no Canadá.

    11. Os menos desavisados entenderam porque Marina desfilou em Londres, nas Olimpíadas de 2012, única brasileira a carregar a bandeira olímpica. 

    12. É difícil inferir que o investimento da oligarquia do poder mundial em Marina da Silva visa a assegurar o controle absoluto pelo império anglo-americano das riquezas naturais do país?

    13. Algo mais notório: a mentora ostensiva da candidatura de Marina é a sra. Neca Setúbal, herdeira do Banco Itaú, o que tem maiores lucros no Brasil, beneficiário, como os demais, das absurdas taxas de juros de que eles se cevam desde os tempos de FHC, insuficientemente reduzidas nos governos do PT.

    14. Não há como tampouco ignorar as conexões do Itaú e de outros bancos locais com os do eixo City de Londres e Wall Street de Nova York.

    15. Dona Marina nem esconde desejar que o Banco Central fique ainda mais à vontade para privilegiar os bancos a expensas do país, que já gasta 40% de suas receitas com a dívida pública, sacrificando os investimentos em infraestrutura, saúde, educação, etc.

    16. Contados os juros e amortizações pagos em dinheiro e os liquidados com a emissão de novos títulos, essa é despesa anual com a dívida pública, a qual, desse modo, cresce sem parar (já passa de quatro trilhões de reais).

    17. Ninguém notou que Marina –  além de regida pelo Itaú –  já tem, para comandar sua política, uma equipe de economistas tão alinhada com a política pró-imperial como a que teve o megaentreguista FHC, e como a de que se cercou Aécio Neves? 

    18. Como assinalou Jânio de Freitas, Marina e Aécio se apresentam com programas idênticos. Na realidade, é um só programa, o do alinhamento com tudo que tem sido reclamado pela mídia imperial, tanto pela do exterior, como pela doméstica. 

    19. Da proposta de desativar o pré-sal – a qual fere mortalmente a Petrobrás, que ali já investiu dezenas de bilhões de reais, e beneficia as empresas estrangeiras, as únicas, no caso, a explorá-lo – até à substituição do Mercosul por acordos bilaterais – como exige o governo dos EUA – Marina e o candidato do PSDB estão numa corrida montando cavalos do mesmo proprietário, com blusas idênticas, diferenciadas só por uma faixa.

    20. Por tudo, a figura de Marina antagoniza o pensamento do patrono do PSB, João Mangabeira, e o de seu fundador, Miguel Arraes, cujas memórias estão sendo rigorosamente afrontadas.

    21. Não há, portanto, como admitir que os militantes do PSB fiquem inertes vendo a sigla tornar-se instrumento de interesses rapinadores das riquezas nacionais e prestando-se a que oligarcas internos e externos se aproveitem do crédito que os grandes nomes do Partido granjearam no coração de milhões de brasileiros de todos os estados.

    22. Há, sim, que recorrer a medidas apropriadas, previstas ou não, nos Estatutos do Partido, para que este sobreviva e ajude o Brasil a sobreviver. 

    23. De fato, estamos diante de um golpe de Estado perpetrado por meios aparentemente legais, incluindo as eleições. Parafraseando o Barão de Itararé, há mais coisas no ar, além da explosão de avião contratado por um candidato em campanha. 

    24. A coisa começou quando políticos e parlamentares notoriamente alinhados com os interesses da alta finança, e outros enrustidos, articularam a entrada de Marina na chapa do PSB, acenando a Eduardo Campos com o potencial de votos e de grana que ela traria.

    25. Fazendo luzir a mosca azul, a Rede o pegou como peixes de arrastão.

    26. Alguém viu a foto de Marina sorrindo no funeral do homem? Alguém notou que, imediatamente após a notícia da morte dele, a grande mídia, em peso, dedicou incessantemente o grosso de seus espaços à tarefa de exaltar Dona Marina?

    27. Os golpes, intervenções armadas e outras interferências, por meio de corrupção, praticadas a serviço da oligarquia financeira anglo-americana, em numerosos países, inclusive o nosso, desde o século 19, deveriam alertar-nos para dar mais importância a contar com bons serviços de informação e de defesa.

    28. Golpes de Estado podem ser dados através de parlamentos, poderes judiciários, além de lances como os que estão em andamento. Agora, a moda adotada pelo império anglo-americano, como se viu em Honduras e no Paraguai, na suposta primavera árabe, na Ucrânia, etc., é promover golpes de Estado, sem recorrer às forças armadas, as quais, de resto, no Brasil, têm sido esvaziadas e enfraquecidas, a partir dos governos dirigidos por Collor e FHC.

    *Adriano Benayon é doutor em economia, autor do livro Globalização versus Desenvolvimento e ainda filiado ao PSB.

  8. Sonegômetro no Brasil: Por ano, mais de R$ 500 bi vão para o ral

    O Sonegômetro, a Lavanderia Brasil e a Esquizofrenia Fiscal

    do  site do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (SINPROFAZ)

    Subir juros que já habitavam a estratosfera, aumentar a carga tributária como se estivéssemos mais para Bélgica do que para Índia, encarecer tarifas de energia, combustíveis e mudar regras de benefícios sociais, como se a culpa de toda a desordem administrativa do país fosse dos trabalhadores, aposentados e pensionistas.

    Por mais que se tente explicar o ajuste fiscal promovido pelo governo, não dá para entender e muito menos para aceitar. Ou melhor, dá para desconfiar. Pois se a União espera cortar R$ 80 bi1 de seu orçamento e arrecadar mais 0,48% de tributos em relação a 20142, como esse mesmo governo deixa escoar pelo ralo da sonegação mais R$ 500 bi ao ano?

    Essa postura não condiz com o discurso de quem pretende “reverter a deteriorização fiscal”, nas palavras do Ministro da Fazenda Joaquim Levy. Não por acaso, essa justificativa do arrocho sobre os pobres e classe média é igualmente defendida por pessoas e instituições que nunca têm nada a perder. Ou melhor, que sempre têm muitos bilhões a lucrar, surfando nas altas ondas do mercado financeiro.

    Transitando com desenvoltura nesse mar de insensatez, sonegadores e corruptos seguem curtindo o sol e o céu da impunidade. Sim, pois à exceção de casos midiáticos como as operações Lava Jato e Zelotes, envolvendo acordos de delação premiada, nenhuma medida efetiva tem sido tomada para a estancar a sangria da sonegação.

    Para ficar bem claro, é importante ressaltar que dos 500 bilhões sonegados em 2014, mais de R$ 400 bilhões passaram por operações sofisticadas de lavagem de dinheiro. Isso representa 3546 vezes o valor declarado do Mensalão (R$141 milhões)3; 240 vezes o custo da operação Lava-Jato (R$2,1 bilhões) e 26 vezes o que até agora se descobriu na operação Zelotes (até agora avaliado em R$19 bilhões) 4.

    E o rombo poderia ser ainda maior, não fosse o trabalho diuturno dos Procuradores da Fazenda Nacional (PFNs), que somente nos últimos quatro anos evitaram a perda de mais de R$1 trilhão em contestações tributárias e arrecadaram mais de R$ 60 bilhões em créditos inscritos na dívida Ativa da União. Isto, apesar do quadro de desvalorização da Carreira e de sucateamento estrutural da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN).

    Vale dizer que estamos diante de uma batalha bastante desigual, onde um único PFN, sem carreira de apoio, atua em processos complexos envolvendo grandes devedores, normalmente defendidos pelas maiores bancas de advogados do país.

    O governo sabe que para cada R$1,00 investido na PGFN há um retorno de R$20,96 à sociedade5. Mas, estranhamente, prefere deixar de cobrar de quem deve e pode pagar, optando pela comodidade de repassar a conta ao cidadão em forma de impostos.

    O Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (SINPROFAZ) entende que a defesa dos interesses da Carreira de PFN se confunde com a defesa da Justiça Fiscal. Por isso segue em frente promovendo campanhas de conscientização tributária, apresentando o painel Sonegômetro e a Lavanderia Brasil, denunciando, criticando e ampliando o debate por um sistema tributário mais justo para todos.

    1http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/04/1610987-corte-no-orcamento-pode-chegar-a-r-80-bi-segundo-fontes-do-governo.shtml

    2http://www.jb.com.br/economia/noticias/2015/04/27/aumento-na-arrecadacao-de-tributos-e-resultado-de-medidas-de-levy-diz-economista/

    3http://noticias.r7.com/blogs/christina-lemos/2012/07/31/mensalao-distribuiu-r-141-milhoes-em-propina-diz-gurgel/

    4http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/04/1611246-entenda-a-operacao-zelotes-da-policia-federal.shtml

    5http://www.pgfn.fazenda.gov.br/acesso-a-informacao/institucional/pgfn-em-numeros-2014/pgfn_numeros_2014.pdf

  9. Sérgio M. é o “incentivo fiscal” para empreiteiras estrangeiras

    Por Fernando Brito, no Tijolaço

     

    O sempre atento Nilson Lage nos avisa pelo Facebook: as empreiteiras estrangeiras já estão tomando o mercado das empresas brasileiras.

    Ontem à noite, o insuspeito Lauro Jardim, da Veja, publica uma nota informando que a Duro Felguera, mineradora e empreiteira de obras espanhola, abocanhou um “contratinho” de de 6,5 bilhões de reais para a construção de duas usinas termelétricas – – uma no Rio Grande do Sul e outra em Pernambuco.

    O preço é salgadíssimo, embora os empreendimentos sejam de grande porte, com capacidade de 1,2 MW de potência máxima, já que usinas termelétricas  são plantas industriais relativamente simples e rápidas de construir  – pouco mais que um ano, seis, sete e até oito vezes mais rápido que uma hidrelétrica – exigem pouca movimentação de terra, muito menos obras civis e materiais.

    Basicamente, uma usina termelétrica a gás é uma turbina como a dos aviões, acompanhada de estruturas de reaproveitamento do calor (ciclo compinado) para mais geração e dutos para circulação e resfriamento de vapor e água. Neste caso, haverá terminais para manejo de gás importado, liquefeito, por navios e regaseificado. Certamente está aí a diferença de custos para as que usam gás trazido via dutos.

    Mas o mais interessante – ou trágico – é que a razão de ter sido escolhida uma empreiteira é, segundo Jardim, o fato de que a contratação da  Felguera “é o efeito da Lava-Jato: as empresas estão fugindo de construtoras que são alvo de investigação da Polícia Federal.”.

    Parabéns, Dr. Sérgio  Moro.

    O senhor é mesmo merecedor do Prêmio Faz Diferença.

    Para as empreiteiras estrangeiras, já está fazendo.

  10. Kim Kataguiri e a noção de ser o umbigo do mundo

    Matheus Pichonelli analisa a posição da mídia em relação ao momento de vida de jovens estudantes revoltados com o governo

     

    A marcha da vergonha alheia

    Matheus Pichonelli – 1 hora 47 minutos atrás
     

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    Meu nome é Matheus, nasci no interior de São Paulo, tenho 32 anos e não passo um dia sem acordar, olhar para o céu e agradecer a Deus por não ter inspirado a invenção do YouTube, do Facebook e de outras quinquilharias eletrônicas antes no fim dos anos 1990.

    Naquela época, eu e meus amigos saíamos da infância/adolescência para entrar na vida adulta com a sensação estranha de que nada no mundo funcionava. A sensação era estranha, mas nítida. Diferentemente do que dizem, nem tudo é ausência ou confusão nessa fase de descobertas. Pelo contrário: tudo parecia claro e evidente, e este é o problema quando não sabemos lidar com os excessos – de tempo, de disposição, de certezas e de desencantos nas relações familiares, afetivas e políticas.

    Tudo em excesso, caminhávamos com a convicção de que poderíamos mudar o mundo ao fim de um refrão de pop rock. Extravasávamos nossas indignações em rodas-punk entre sopapos entre marmanjos e acreditávamos atingir o ápice da rebeldia politizada quando o Dinho Ouro Preto visitava nossa cidade para cantar as sobras deixadas pelo Renato Russo entre impropérios destinados ao Sarney.

    Já no cursinho, éramos incumbidos da missão de lutar contra tudo o que está aí graças a um professor de redação que, entre letras descontextualizadas de Chico Buarque e frases decoradas de colunistas de jornal e revistas alternativas, não perdia a chance de nos lembrar o quanto éramos alienados e pobres em espirito por sermos contemporâneos de celebridades como Paulo Coelho, É O Tchan e Tiazinha.

    Provocados a sair da letargia, começávamos a trocar os bailes de sábado à noite por leituras silenciosas de Machado de Assis. Reaparecíamos na segunda-feira como que armados de candeeiros e lamentos por sermos tão poucos num país que mal sabia ler – sem perceber que havia uma satisfação mórbida na sensação de adentrar naquele mundo de signos restritos.

    Nessa época, mais ou menos quando o presidente Fernando Henrique Cardoso anunciou ser inevitável o racionamento de energia, juntamos meia dúzia de gatos pingados do cursinho e convocamos o professor provocador a nos ajudar a propor uma ação popular contra o governo federal. Nossa meta era garantir eletricidade para o restante da população imóvel em seu comodismo.

    O professor, que anos depois descobriríamos ser mais careta que nossos pais, jamais apareceu, e a reunião, no salão de festas do meu prédio, virou um encontro exclusivo de meninos revoltados com a lascividade das meninas daquela turma, todas interessadas (agora sabemos por quê) pelos rapazes mais velhos da faculdade.

    Tínhamos tanta noção de nossa importância no mundo que, logo após os atentados de 11 de Setembro, nos escondíamos debaixo das cadeiras quando ouvíamos barulho de motor de avião. 

    Aquele período de certezas inabaláveis demorou algum tempo para esmorecer. Na faculdade, descobríamos que não sabíamos sequer escrever. Víamos um político na frente e, em vez de ira, expressávamos medo e tremedeiras. E começamos a ficar confusos quando o Sarney, aquele que xingávamos a plenos pulmões no show de rock, tornou-se presidente do Senado e fiador do governo para o qual fizemos campanha às custas de murros na mesa, saliva e amizades que sobreviveram ao colegial, mas não à nossa primeira eleição.

    O mundo era líquido, cinza, desbotado, e se desconfiasse disso antes não teria passado vergonha ao me propor a escrever para o jornal da cidade nem a um site de jovens autores da era pré-Orkut. O fracasso daqueles anos – inversamente proporcional à repercussão daqueles textos – é a benção de quem os revê após 15 anos. E o que me poupa da vergonha de ter escrito, no alto dos meus 19 anos, uma carta aberta a George W. Bush em uma coluna do jornal local, o mesmo para o qual escrevi um manifesto anticotas com uma lista de argumentos que me fariam corar pouco tempo depois. Ou do constrangimento de ter hoje esmiuçado um rascunho de conto que tinha tudo – moralismo, sexismo, homofobia – menos valor literário. 

    A dúvida é talvez a maior benção com a qual aprendemos a lidar com a idade. Ela nos poupa da culpa da incompletude, das contradições e da autocensura de quem escreve para encher de vãs palavras e mais confusão as prateleiras, e não o contrário.

    Por sorte, o tempo das nossas certezas não foi documentado e não está disponível para sempre em sites de compartilhamento. Por sorte, nenhum jornal estava interessado em cobrir a reunião em nosso salão de festas. Ninguém espetou um microfone nos nossos rostos para saber o quanto nada entendíamos de nada. Caso contrário, talvez nos sentíssemos encorajados a sair às ruas em direção a Brasília, Pequim ou Nova Yoirk para levar a boa-nova e nossas palavras agressivas e pouco depuradas pelo tempo. 

    Num tempo de mal-estar mal nomeado, corremos, naqueles encontros, o risco de sermos rascunhados como símbolos de uma juventude que sairia da letargia e começava a mudar a história. Mentira. Só queríamos transar. 

    Éramos confusos e nem desconfiávamos. Por isso tínhamos tantas certezas. Por isso, quando contrariados, apelávamos ao deboche, à violência, ao blefe. Era a reação típica da nossa idade proferir bobagens, e elas fatalmente seriam registradas no YouTube, que só seria inventado cinco anos depois.

    Sorte nossa.

    Se alguém, além de nós, nos levasse a sério, correríamos o risco de entrar para a história como os rebeldes da vergonha alheia. Os jornais ganhariam uma história e os leitores, uma grande piada. 

     

    Em tempo. A nossa mobilização mambembe no fim dos anos 90 era antes um sinal de desorientação e arrogância do que de imaturidade. Posso citar dezenas de jovens que não chegaram aos 20 anos e são capazes de fazer, em suas redes, as melhores reflexões sobre o período atual. Nenhum deles se acredita imbuídos de uma missão moral ou salvacionista. Há um nome para essa mobilização tão incômoda quanto despretensiosa: consciência, e ela não tem hora para surgir.

     

    Imagem: Cena do filme O Incrível Exército de Brancaleone, do qual não sabíamos a existência aos 19 anos

  11. *

    “Sem acordo, não vai nem mais um tostão para o FMI”

    infoGrécia

    http://www.infogrecia.net/2015/05/sem-acordo-nao-vai-nem-mais-um-tostao-para-o-fmi/

    O FMI já o tinha reconhecido, mas este domingo é o ministro do Interior grego a dizê-lo: em junho o governo vai escolher pagar pensões e salários em vez de continuar a reembolsar o serviço da dívida ao FMI.

    “As quatro prestações para o FMI em junho são de 1600 milhões de euros. Este dinheiro não será entregue, porque não está disponível para ser pago”, afirmou o ministro Nikos Voutsis à Mega TV.

    Voutsis acrescentou que continua com um “otimismo moderado” em que um acordo pode ser alcançado com os credores até lá, que ”permita ao país respirar”.

    Atenas viu o financiamento cortado em agosto passado pelos credores e espera desde então pelos 7200 milhões de euros que correspondem ao montante do empréstimo acordado e à parte grega nos lucros do BCE com a dívida do país, que as instituições se têm negado a pagar e usam como arma para forçar o governo a aceitar o que o povo rejeitou nas urnas: as políticas do fracassado “memorando da troika”.

  12. *

    Barragens Subterrâneas Amenizam Efeitos da Seca no Semiárido

    Embrapa

    https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/3195961/barragens-subterraneas-amenizam-efeitos-da-seca-no-semiarido

    Embrapa Solos – Barragem subterrânea após chuva em Ouricuri (PE)

    Saindo de Recife e adentrando pelos estados de Pernambuco e Alagoas, a paisagem dominante era a da vegetação seca sob o sol inclemente do semiárido: alguns poucos cultivos de mandioca e palma subsistiam em meio à caatinga e desafiavam o clima seco. Chegamos então à propriedade de Seu Dedé, no pequeno município de São José da Tapera, em Alagoas. O contraste era visível: dentro de seu terreno, as plantações de coentro, alface, aipim, milho e feijão eram todos de um verde muito vivo. Ao ser questionado sobre como ele conseguia plantar tantos alimentos durante o período de seca, Seu Dedé deu um sorriso largo e disse que nunca faltava água em sua propriedade: ele possuía uma barragem subterrânea.

    “É muita água, agora todos os meus vizinhos, do micro ao médio produtor, querem construir uma barragem, e eu tenho a receita”, diz Seu Dedé feliz. “Construí a primeira em 2008, a segunda barragem, que fiz em 2014, foi feita com o dinheirinho que consegui com a primeira.”

    A barragem é uma tecnologia popular, não foi criada pela Embrapa. Existem registros de barragens há mais de dois séculos. A Empresa pesquisa sua utilização há 30 anos. Ela é uma tecnologia de captação da água da chuva que contribui para o convívio dos sertanejos com o Semiárido, proporcionando a produção de água para a atividade agropecuária e diminuindo os riscos da agricultura dependente de chuva. A barragem está presente em todos os estados do Semiárido, incluindo o Norte de Minas Gerais.

    Com a adoção das barragens subterrâneas, as famílias conseguem armazenar água suficiente para manter sua produção. A barragem é uma parede construída para dentro da terra, que tem a função de barrar as águas das chuvas que escorrem no interior e acima do solo, formando uma vazante artificial onde os agricultores ficam com o terreno molhado entre três e cinco meses após a época chuvosa, permitindo a plantação, mesmo em época de estiagem, de culturas de subsistência, fruteiras, forragem, hortaliças, plantas medicinais, cana-de-açúcar, batata doce, arroz, etc.

    “A experiência com barragens subterrâneas comprova que ela contribui para a segurança alimentar e nutricional das famílias agricultoras, bem como para a geração de renda a partir da comercialização dos produtos nas feirinhas agroecológicas”, diz a pesquisadora da Embrapa Solos Maria Sonia Lopes da Silva. A barragem também diminui a demanda por produtos externos à propriedade, como alguns alimentos, fitoterápicos e pequenos animais”, completa. Outro fator importante é proporcionar às famílias maior poder aquisitivo e acesso a bens de consumo.

    Crise Hídrica

    Considerando que a barragem subterrânea é uma das tecnologias mais indicadas para produção de alimentos em áreas com escassez de chuva, ela é uma alternativa viável para produção de alimentos. Em Petrolina (PE), por exemplo, graças às barragens, conseguiu-se produzir sorgo sacarino (importante gramínea utilizada na alimentação animal), com uma precipitação total média no período de cultivo de 100 dias de apenas 200mm.

    “A grande vantagem da barragem subterrânea é que ela guarda água dentro do solo, elevando o lençol freático. Elas têm sido implantadas em vários estados do Nordeste, com o objetivo de produção de alimentos para a família”, conta a pesquisadora da Embrapa Semiárido (Petrolina-PE) Roseli Freire de Melo.

    O sucesso da tecnologia no Semiárido não permitiria sua adoção em outras regiões do Brasil? Roseli responde: “é importante lembrar que a barragem subterrânea é uma tecnologia utilizada no Semiárido, onde a média anual de precipitação pluviométrica varia entre 200 a 800mm. No entanto, em lugares com precipitação acima de 800 mm a barragem pode não funcionar, pois o excesso de água pode comprometer sua estrutura”.

    A Voz do Campo

    Em Ouricuri (PE), Dona Jesuíta, do Sítio Maniçoba, conheceu a experiência da barragem subterrânea em uma oficina de intercâmbio. Com a ajuda de entidades sociais locais, construiu a sua própria: “depois da barragem subterrânea a nossa propriedade ficou completa, pois a gente já tinha água pra beber e dar pros animais em duas cisternas. Faltava água para plantar, agora não falta mais nada. No começo, a gente não acredita muito nela, porque não vê a água em cima da terra, mas depois que a gente deixa de comprar um monte de coisa porque tira do plantio feito nela, a gente fica é querendo ter mais terra pra construir mais barragens”, enfatiza Dona Jesuíta.

    Pelas palavras de Dona Sônia, agricultora de Buíque (PE), que tem uma barragem subterrânea com parede de 30 metros de comprimento, nota-se que os objetivos da tecnologia foram alcançados. “Minha gente, vou ser sincera com vocês: a minha barragem, como vocês podem ver, só não tem no momento feijão, milho e as hortaliças que costumo plantar, pois a terra tá muito seca em cima, mas as frutas… Vejam que belezura de mamão, graviola, laranja, limão, manga, acerola, banana, goiaba e um monte mais, vocês acham que eu teria isso aqui se não fosse a minha barragem? Olhem o resto da propriedade, não tem nada, não choveu! Aqui tem porque tenho irrigado com a água do poço da barragem”.

    Reconhecimento

    O trabalho da Embrapa Solos com as barragens recebeu dois importantes prêmios em 2013: o Prêmio Mandacaru – Projetos e Práticas Inovadoras em Acesso à Água e Convivência com o Semiárido e a certificação como tecnologia social pela Fundação Banco do Brasil (FBB)

    O Prêmio Mandacaru tem foco no reconhecimento de pesquisas desenvolvidas no Semiárido brasileiro em gestão de recursos hídricos, e é concedido pelo Instituto Ambiental Brasil Sustentável – IABS.

    Já certificação concedida pela FBB acontece a cada dois anos. Desde 2001, por meio do Prêmio, a Fundação BB identificou, premiou e certificou como tecnologia social diversas iniciativas que hoje compõem o Banco de Tecnologias Social, uma base de dados online com mais de 500 tecnologias sociais disponíveis para consulta.

    Segundo estimativas da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) existem mais de 1.500 barragens no Semiárido. “Todas georeferenciadas e monitoradas, revela Antonio Barbosa, coordenador do Programa Uma Terra e Duas Águas, da ASA.

    Carlos Dias (20.395 MTb RJ)
    Embrapa Solos
    [email protected]
    Telefone: (21) 2179-4578

  13. O direito de saber

    Do site da Universidade de Brasília: O direito de saber

    Nagib Nassar – Botânico, geneticista e Professor Emérito da Universidade de Brasília. 

    Após aprovação na Câmara, o Senado discutirá o projeto que modifica a lei nº 11.105/05 e proíbe a rotulagem de produtos com símbolo de transgênicos. O argumento central a favor da rotulagem de alimentos transgênicos é que é importante que os consumidores tenham uma escolha em consumir ou evitar produtos feitos com organismos geneticamente modificados (OGM) que não desejem comer ou usar.

    Ao informar claramente aos consumidores sobre o conteúdo de OGM nos produtos, existe a possibilidade de que se reduza e que se limite o consumo desse tipo de alimentos, que podem ser prejudiciais.

    A rotulagem de alimentos OGM aplica o princípio da precaução para riscos desconhecidos. Não se sabe os efeitos dos alimentos transgênicos, por isso a cautela.

    Os transgênicos podem causar alergias, que, às vezes, são fatais. Nos Estados Unidos, são frequentes os relatos do desenvolvimento de alergias graves após consumo de amendoins e milhos transgênicos. Existe ainda a possibilidade de que a introdução de um gene numa planta possa criar um novo tipo de alergia ou provocar reação alérgica em indivíduos suscetíveis.

    Alimentos geneticamente modificados não são comparáveis aos produzidos tradicionalmente, pois a transformação molecular envolve a combinação de dois organismos –um deles pode ser um vírus ou bactéria– para produzir o resultado mais desejável.

    No processo evolutivo, quando ocorre naturalmente, o alimento pode ter os fatores negativos eliminados pela seleção natural. Essa diferença de trajetórias dos processos justifica a rotulagem.

    Etiquetas devem incluir informações sobre valores, conteúdo, aditivos, como vitaminas e conservantes, e métodos de processamento. Não há lógica em um saco de milho geneticamente modificado evitar mencionar esse fato com clareza.

    Além disso, por motivos religiosos ou éticos, muitas pessoas querem evitar o consumo de produtos de origem animal, e isso inclui o DNA animal. OGMs podem ter DNA animal em sua composição e a rotulagem garante que esses indivíduos evitem o consumo de tais produtos, respeitando os direitos humanos e a opção religiosa.

    Economicamente, a falta de rotulagem clara de alimentos transgênicos pode causar perturbações no mercado interno, pois reduziria a precaução na importação de produtos de países que produzem alimentos geneticamente modificados.

    Ajuda também a separar os alimentos exportados entre geneticamente modificados e reduzir as ansiedades internacionais com produtos brasileiros.

    A rotulagem específica melhora a confiança nas medidas de segurança alimentar e aumenta o interesse dos consumidores naqueles OGM que conseguem fornecer provas suficientes de sua segurança para o consumo.

    Apesar de tanta pressão das gigantes corporações de transgênicos nos EUA, pesquisas mostram que a maioria dos americanos acredita na necessidade de rotulagem e pressionam seus Estados a respeitá-las.

    Os governos devem dar aos indivíduos a possibilidade de evitar os organismos geneticamente modificados, pois proteger consumidores é obrigação das democracias livres do domínio do capital.

    A rotulagem de organismos geneticamente modificados, além disso, transfere às pessoas a responsabilidade dos riscos envolvidos no consumo desses alimentos. Isso é o oposto do que ocorre em uma sociedade sem a rotulagem, na qual os indivíduos não têm direito de escolha sobre adotar os riscos ou não.

    Publicado originalmente na Folha de São Paulo em 16/05/2015

  14. *

    Brasil, um país desconhecido pelos brasileiros

    Najar Tubino, Carta Maior

    http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Brasil-um-pais-desconhecido-pelos-brasileiros/4/33569

    Um Brasil desconhecido de grande parte da população é tratado pela FAO como um caso de relevância internacional no combate à fome.

    É um fato concreto que a versão veiculada pela mídia sobre o que acontece no país é totalmente desvirtuada e dirigida, segundo seus interesses empresariais e familiares. Em relação às políticas públicas voltadas para o combate à fome e a produção de alimentos pela agricultura familiar, que engloba trabalhadores e trabalhadoras assentadas, quilombolas, ribeirinhos, indígenas e o povo marginalizado há décadas nos nove estados nordestinos e o norte de Minas Gerais, que formam o semiárido. No final do ano passado a FAO, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, lançou pela primeira vez o relatório sobre Segurança Alimentar e Nutricional inteiramente sobre um país, no caso, o Brasil. O documento começou a circular este ano, e têm versões em português, espanhol e inglês. Internamente a notícia veiculada rapidamente dava conta que o Brasil tinha saído do Mapa da Fome.

    A FAO monitora mais de 180 países nos quesitos sobre insegurança alimentar. E o Brasil, desconhecido de grande parte da população, é tratado como um caso de relevância internacional, que passou a ser um exemplo e copiado por muitos outros países por suas políticas adotadas no combate à fome e a produção de alimentos pela agricultura familiar. Como esclareceu o representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic:

    Prioridade para segurança alimentar é política

    “- A conjuntura do Brasil é caracterizada pela consolidação e institucionalização de políticas bem sucedidas de combate à fome e de promoção da segurança alimentar e nutricional (SAN), norteados pelo Direito à Alimentação Adequada, da ONU. O Brasil cumpriu e ultrapassou os Objetivos do Milênio no que diz respeito à redução da pobreza e da fome”.

    A questão não é técnica e sim política, como define a própria Lei 11.346/2006, que é a Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional, onde está definido o significado de tudo isso:

    “- É a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras da saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam social, econômica e ambientalmente sustentáveis. Não é um conceito técnico, é um conceito político, construído com intensa participação social”, escreve o dirigente da FAO no Brasil.

    Brasil referência internacional

    Por que o caso brasileiro se destaca, pergunta Alan Bojanic?

    Por vários motivos: combate à fome como prioridade de Estado, sistema de governança da SAN, perspectiva do Direito Humano à Alimentação Adequada, processo participativo e intersetorial, políticas públicas articuladas e programas bem desenhados, monitoramento da SAN e convergência com a discussão internacional.

    As ações funcionam em rede, tanto os programas sociais como o Bolsa Família, que em 2013 alcançou R$25 bilhões e atendeu 13,8 milhões de pessoas, mas todas as outras ações de apoio à agricultura familiar, como o PRONAF e os Programas de Aquisição de Alimentos e da Merenda Escolar, que no total somaram R$78 bilhões em 2013. Segue outro trecho do relatório Segurança Alimentar e Nutricional – Um Retrato Multidimensional, da FAO:

    “- O Brasil já é hoje uma referência internacional de combate à fome. As experiências exitosas como transferência de renda, compras diretas para aquisição de alimentos, capacitação técnica de pequenos agricultores, entre outras, estão sendo transferidas para outros países. Os gastos sociais aumentaram mais de 128% entre 2000 e 2012 e a parcela no PIB aumentou 31%. O Bolsa Família que atingiu R$25 bilhões em 2013 e atendeu 13,8 milhões de famílias, sendo que o depósito é feito em nome da mãe preferencialmente e exige que as crianças permaneçam na escola e visitem os serviços de saúde.”

    Estrutura fundiária concentrada

    As famílias em situação de extrema pobreza, que foram o foco do programa Brasil Sem Miséria, lançado em 2011, e tornaram possível que estas famílias recebam um mínimo de renda per capita de US$1,25 por dia, segundo o relatório, retirou desta situação 22 milhões de brasileiros. Os investimentos em políticas que apoiam os agricultores familiares aumentaram 10 vezes em 10 anos, caso do PAA chegou a R$1,3 bi em 2013 e o PNAE atingiu 43 milhões de estudantes, no mesmo ano. Outra política pública ressaltada pela FAO: o acesso à terra, com a distribuição de 50 milhões de hectares a mais de 600 mil famílias nos último 10 anos, contando até 2012. Os números totais hoje em dia chegam a quase um milhão de famílias assentadas e 80 milhões de hectares.

    Por fim, o Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, realizado em conjunto com a sociedade civil, está vinculado ao orçamento federal e um sistema bem estruturado de monitoramento multidimensional de segurança alimentar e nutricional. O Brasil é um país mundialmente importante na produção agrícola e diversidade de alimentos. Por outro lado, aspectos como a estrutura fundiária concentrada e a sustentabilidade do sistema adotado e o equilíbrio entre produção de commodities direcionadas para o mercado internacional e de alimentos para o consumo interno têm reflexos importantes na Segurança Alimentar e Nutricional da população e alguns grupos específicos.

    Consumo excessivo de agrotóxicos e transição agroecológica

    O relatório cita o fato do país ser líder na produção de laranja, cana e café, ocupar a segunda posição em soja, feijão e carne bovina, o terceiro em abacaxi e milho, o quarto na produção de leite de vaca e o quinto em limão e banana.

    “- Ao mesmo tempo ainda existe uma parte da população em situação de insegurança alimentar, o que mostra que a quantidade de produção de alimentos de um país não se configura como um fator determinante no combate à fome. O mesmo ocorre nos Estados Unidos, também entre os maiores produtores de alimentos, onde quase 15% da população estão em situação de insegurança alimentar, sendo 5,7% em situação de insegurança alimentar grave”.

    O relatório também registra que apenas metade das terras indígenas no país estão regularizadas e que apenas 10% dos quilombos identificados pela Fundação Palmares possuem título de terra. E faz o alerta para o consumo excessivo de agrotóxicos pela população brasileira.

    “- Um terço dos alimentos consumidos na mesa dos brasileiros é contaminado por agroquímicos, sendo que mais de um quarto com substâncias proibidas para consumo no Brasil.”

    Os avanços na democratização do acesso à terra em determinadas regiões e os modelos produtivos e de promoção da transição agroecológica, além da importância econômica da agricultura familiar, são questões que o Brasil precisa avançar, ainda conforme o relatório.

    Dinheiro do PRONAF continuará o mesmo

    Na semana passada a Confederação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (CONTAG) e seus quatro mil sindicatos espalhados no território brasileiro realizaram o 21º Grito da Terra com 80 mil pessoas mobilizadas. Os representantes da CONTAG se reuniram com a presidenta Dilma Rousseff e apresentaram uma pauta com 170 itens que foi respondida pelo governo federal. Neste encontro, o presidente da CONTAG, Alberto Broch disse à presidenta:

    “- Não tenha medo de mexer no cofre dos grandes empresários, das mineradoras, mas não mexa nas populações rurais. Não mexa na reforma agrária”.

    O Plano Safra da Agricultura Familiar será lançado no dia 15 de junho e deverá manter o patamar de R$25 bilhões para custeio e investimentos. O governo federal também se comprometeu a dirigir as compras públicas cada vez mais na direção da agricultura familiar. Também se comprometeu a entregar 10 mil moradias no Programa Minha Casa, Minha Vida Rural no próximo mês, uma da das reivindicações da CONTAG.

    Sobre a reforma agrária, a secretária executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Maria Fernanda Coelho esteve reunida no sábado, dia 23, em Recife, com os representantes da Federação dos Trabalhadores e trabalhadoras rurais – FETAPE – e anunciou que o governo federal vai assentar 120 mil famílias até 2018 – em condições qualificadas de luz, água, moradia, crédito e assistência técnica.

    100 mil mulheres em agosto na capital federal

    Em Recife ocorreu uma das maiores manifestações do Grito da Terra com cinco mil participantes. Eles caminharam até a sede do governo estadual, pois desde 2013 existe uma lei no estado que define ações em apoio ao povo do semiárido que até agora não receberam nenhuma resposta ou iniciativa do executivo. Os 179 sindicatos pernambucanos também reivindicam R$30 bilhões para o PRONAF e outros 20 bilhões para outros programas. Nas ruas da capital eles anunciaram o que a população brasileira precisa saber:

    “- Quem coloca alimento na mesa da cidade precisa de apoio da sociedade”.

    A FAO divulgou ainda nos últimos dias o relatório mundial sobre a fome, onde 805 milhões de pessoas passam por esse sacrifício todos os dias. No caso da África, um em cada quatro habitantes. Entretanto, mesmo sendo referência internacional o Brasil segue um desconhecido para os seus habitantes, porque aqui o único problema existente é a corrupção. E mais nada. Também não ficará sabendo que na última semana deste maio de 2015 acontece a Semana dos Alimentos Orgânicos com ações oficiais em 20 estados. Mas certamente vai ficar sabendo quem nos dias 11 e 12 de agosto 100 mil mulheres desfilarão pelas ruas de Brasília na 5ª Marcha das Margaridas. Essa vai ficar difícil de esconder.

     

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