Da Folha
Gilberto Dimenstein
A prisão em regime fechado de José Dirceu provocou uma reação forte do ministro José Eduardo Cardoso. Este disse que preferia morrer a ficar numa cadeia brasileira, tamanha a degradação dos direitos humanos nesses locais.
Pena que a situação dos presos só seja lembrada quando alguém que não é pobre, mas poderoso, é condenado a ficar atrás das grades. Há décadas grupos de direitos humanos se esforçam para mostrar a realidade de um ambiente que mais ajuda a criar delinquentes do que recuperá-los, onde seres humanos são tratados como animais. Saem de lá mais violentos e ameaçando a sociedade que, em tese, paga para que eles saiam melhores e sociáveis.
Podem bater à vontade, sei que é uma péssima hora para expor aqui essa posição.
Como a maioria dos brasileiros, estou satisfeito com os resultados do julgamento do mensalão. É um marco histórico no combate à ladroagem e ao péssimo costume dos políticos em confundir o público e o privado.
A sociedade está (e pode-se entender o motivo) com sede de vingança, tantos são os casos de corrupção impunes. Ocorre que justiça não é instrumento de vingança. Cadeia é um lugar para quem representa uma ameaça física à sociedade. O recomendável é criar penas duras que os réus do mensalão possam cumprir em regime aberto.
O leitor vai dizer que estou defendendo a impunidade. Errado. Primeiro, defendo, por princípio, que apenas os criminosos violentos ou aqueles que possam fugir do país sejam encarcerados.
Existe também uma questão pragmática. Os presídios já estão superlotados, gerando a cada dia mais degradação. Isso, em si, já é um crime praticado pelo aparelho estatal.
Estou feliz em ver tanta gente influente punida. Mas não entro nessa onda que vê a prisão como vingança. Por isso, o lugar de Dirceu é nada de cadeia.
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