Estados deveriam investir mais no interior

Comentário ao post “A reação do CFM contra a vinda dos médicos cubanos

Essa é a ponta de um problema bem maior: a concentração de investimentos e poder político na faixa litorânea do Brasil. Tivemos bandeirantes, tivemos Brasília, tivemos Zona Franca de Manaus, mas ainda estamos vivendo na borda oceânica. A maior parte da infraestrutura industrial está nos estados com saída para o mar, as rodovias e ferrovias direcionam nossas exportações para portos do Atlântico Sul e os grandes centros consumidores estão no Sudeste.

Mesmo nesses estados, a concentração de serviços e mão-de-obra se dá nas regiões metropolitanas, com muita ênfase nas capitais. A cidade de São Paulo tem 10 vezes a população de Guarulhos e de Campinas, 2ª e 3ª mais populosas do estado e 4 vezes a população do estado do Amazonas, o maior estado do país. Nossa urbanização trouxe uma população rural para algumas cidades, não para todas.

Não é só a questão da saúde pública. Temos dificuldade em criar mídias regionais independentes da matriz Rio-São Paulo. Dos estádios da Copa do Mundo, poucos serão viáveis economicamente pois os clubes do Sul-Sudeste detém a grande fatia do mercado da bola. O crescimento desordenado das capitais favorece a indústria da construção com remendos viários e superfaturamento, consumindo investimentos.

Cada estado deveria ter um programa para povoamento e investimento para o interior. Urbanismo planejado, zonas de incentivos fiscais, pólos educacionais, infraestrutura industrial e logística. Criaria, por consequência, novas elites políticas e uma descentralização do poder. E, com certeza, não só os médicos teriam incentivos para trabalhar no interior.

Luis Nassif

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