Fanatismo religioso, mal do mundo

Correio do Povo – Porto Alegre – 03/04/2011

Fanatismo religioso, mal do mundo

Jurandir Soares

O fanatismo religioso segue sendo o principal responsável pelas atrocidades cometidas no mundo. Já foi assim com o 11 de setembro nos EUA e foi da mesma forma nesta sexta-feira no Afeganistão. Assim como também o foi a 20 de março, quando o pastor protestante Wayne Sapp queimou um exemplar do Corão em uma igreja da Flórida. Foi o ato radical do pastor americano que levou a massa ignara da cidade de Mazara-I-Sharif, no Afeganistão, a atacar a representação da ONU e matar oito funcionários da organização. Sendo dois decapitados, segundo as informações. Ato inconcebível. Os funcionários da ONU estão lá para tentar ajudar o país e acabam sendo agredidos de forma covarde. O episódio é a prova maior de que não há o mínimo controle por parte das forças de segurança. Dizia-se que o Afeganistão sob o domínio do Talibã vivia nas trevas. Percebe-se que não é preciso o nefasto regime estar no poder para a população mostrar que ainda vive na Idade Média.

No Iraque, onde a representação da ONU também foi para os ares, vitimando o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, não passa uma semana sem que aconteça um atentado que mata 40 ou 50 pessoas. Brigas entre xiitas e sunitas. Com as guerras nesses dois países – Iraque e Afeganistão -, os EUA já gastaram 1 trilhão de dólares. E o resultado é este que se vê. Vão ter que deixar aqueles países sem ter conseguido estruturar segurança para os governos aliados que deixam no poder. Ou melhor, deixam no cargo, porque o poder eles não detêm.

MUDANÇA NA LÍBIA

Os EUA tiraram o corpo fora e passaram para a responsabilidade da Otan o comando das ações na Líbia. Na prática, não muda muito, porque os comandos e os maiores contingentes da organização, tanto em termos bélicos quanto humanos, são americanos. Então, serão esses que continuarão a desenvolver as ações, só que, não em nome dos EUA, mas da Aliança Atlântica. Envolto na contradição de ser o ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2009 e de ter autorizado uma nova guerra, o presidente Barack Obama foi à televisão para dizer que as forças americanas ajudaram a salvar vidas de civis do Leste da Líbia que iriam morrer em função dos ataques das forças de Kadhafi. É verdade, mas, em compensação, conforme denunciou a Igreja Católica em Trípoli, estão ajudando a matar os civis do Oeste, que são atacados pelas forças que são contra Kadhafi. Assim como também morrem civis nos bombardeios feitos contra aviões e tanques líbios. Embora o alvo seja militar, é muito difícil realizar um ataque sem efeito colateral.

Outro problema que desponta é saber quem irá governar a Líbia, após o afastamento de Kadhafi. Obama diz que os árabes devem seguir os exemplos de Brasil e Chile, que saíram de ditaduras para a democracia. A diferença é que brasileiros e chilenos já conheciam a democracia antes e trataram de reconquistá-la. Os árabes nunca conheceram democracia. A composição de seus países, de um modo geral, é feita por tribos ou facções religiosas, que costumam brigar entre si. Para manter a ordem, só um regime de força. Quando tentam impor democracia vira bagunça. Basta ver Iraque. Com a Líbia, possivelmente, não será diferente. Já há especulação de que as tribos vencedoras em Benghazi podem não ser aceitas pelas tribos de Trípoli. Conforme ressaltou o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, as intervenções estrangeiras só tendem a aumentar ainda mais as divisões internas dos países árabes. Assim é que a Líbia poderá ser mais um país que o Ocidente terá que ficar tutelando, como o Iraque e o Afeganistão, a um altíssimo custo, tanto em termos políticos e militares, quanto em vidas humanas.

PREOCUPAÇÃO EM ISRAEL

Israel está acompanhando de perto a crise na Síria e vê com apreensão uma possível queda do presidente Bashar Al-Assad. As autoridades israelenses temem que uma liderança mais conservadora assuma o poder, o que seria um risco para a segurança da fronteira no Norte de Israel. Os dois países, que já se enfrentaram três vezes, vivem uma espécie de guerra fria, já que a Síria mantém uma aliança com o Irã, e apoia o grupo Hezbollaz no Líbano. Da mesma forma, há grande preocupação com quem irá assumir o governo no Egito. Pois pode surgir um apoio maior para o grupo radical palestino Hamas. São as pedras do dominó do Oriente Médio que seguem balançando.

http://www.correiodopovo.com.br/Impresso/?Ano=116&Numero=185&Caderno=0&Editoria=112&Noticia=276089

Luis Nassif

3 Comentários

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  1. O maior perigo do fanatismo

    O maior perigo do fanatismo religioso é que ele faz a pessoa deixar de raciocinar, faz perder a sensibilidade e o livre arbítrio…isso tudo pra dar sequência a tradições, dogmas sem justiça e deixar que o padre, ou pastou ou qualquer líder pense e decida por ele. O resultado disso tudo somando a falta de cultura e conhecimento sobre as manipulações, mitos e abusos, faz com que fanáticos sejam amados e seguidos.

     

  2. Várias Frentes

    .

    Brasil caminha rapidamente a passos largos para um fanatismo religioso maior do que já existe.

    É só ver o Bolsonaro, que foi batizado nas águas do Jordão, prometendo mudar a embaixada brasileira em Israel, só que ele não é o Trump, e o Brasil com toda certeza não é os Estados Unidos.

    Já é possível sentir ” aquele cegueira idiota” baseada em bobagens.

    Eles os “fanáticos” sabem o que são estas bobagens.

     

     

  3. 24.08.2019
    BRASIL DAS DIRETAS-JÁ, PÁTRIA ULTRAJADA. O QUE O POVO VAI FAZER COM A COVARDIA E ALIENAÇÃO DAS FORÇAS ARMADAS? Os corruptos e incompetentes que sequestraram o Estado e a República brasileira a partir das primeiras eleições “democráticas” das Diretas-Já estão destruindo a nação brasileira. Todos os armamentos que o povo brasileiro comprou para as Forças Armadas, tais como fuzis, tanques, metralhadoras, aviões, jatos de guerra, etc., se viraram contra o povo com a finalidade de blindar os corruptos e os incompetentes. O Brasil tornou-se a vergonha, um pária entre as nações. Nem mesmo a falta de comida para os soldados deixam à míngua a covardia e a alienação das altas patentes das 3 Forças. Trilhões de reais roubados dos cofres públicos não foram devolvidos. A Lava-Jato foi uma grande farsa, onde foram colocados promotores e policiais federais jovens para prender enquanto as velhas raposas do Poder Judiciário mais corrupto do mundo tinham um único propósito, ou seja, soltar corruptos e providenciar centenários trânsitos em julgado. Vergonha, covardes! Ultraje, covardes! Afronta, covardes! Injúria, covardes! Desonra, covardes! Insulto, covardes! Ofensa ao povo pagador de impostos, covardes! Covardia contra o povo que paga o uniforme de vocês, covardes do inferno! LUÍS CARLOS BALREIRA. PRESIDENTE MUNDIAL DA LEGIÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA.

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