Fora de Pauta

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Redação

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  1. http://tv.i.uol.com.br/album/

    http://tv.i.uol.com.br/album/tony-ramos-personagens_f_024.jpg

    O AVENTUREIRO COMO MOTOR DO CRESCIMENTO – Ao lado de causas macro economicas que travam o crescimento do Pais há uma causa humana relevante. Não há no momento no Brasil empreendedores para os grandes projetos de infra estrutura de que tanto o Pais necessita. Toda a construção de um grande Pais só se faz com AVENTUREIROS, individuos que estão dispostos a arriscar tudo para levar a frente empreendimentos que o comum dos cidadãos jamais fariam. O comum das pessoas quer apenas uma vida confortavel e tranquila sem grandes sobressaltos. São poucos, muito poucos aqueles que portam essa chama interior, essa inquietação que faz vibrar a vontade, dispensa o sono e a tranquilidade,tem

    perfil pessoal, ambição, gosto pelo risco, se lançam a grandes jogadas onde podem perder tudo, ser preso, ser processado, execrado, passar da fortuna à miseria, ter que começar tudo de novo sem perder a vontade, quantos são assim na humanidade, em um Pais, em uma época?

    São aventureiros de carater e alma, que entram em negocios arriscados sem muitas informações, se metem em confusões, trombam com adversarios, são ameaçados e ameaçam, são chamados de bandidos e picaretas.

    Mas sem esses individuos pouca coisa se faz em um Pais. Alguem precisa iniciar os projetos, muitos falham, poucos vencem mas mesmo projetos que fracassam são sementes para outros, no caminho empregam gente e movem a economia

    O pior que pode acontecer em um Pais é eliminar todas as condições para que surjam aventureiros dispostos a tudo.

    Sem esse polinizador a planta não é fertilizada e não brota. Sem esse elemento nem grama nasce na terra.

    Na foto o ator Tony Ramos representando o mega aventureiro Percival Farquhar que construiu grande parte do que existia de infra estrutura no Brasil antes de 1914. Energia eletrica em S.Paulo, Rio, Bahia e Pernambuco, o porto de Belem, a

    telefonia  (Cia.Telefonica Brasileira), o gas do Rio de Janeiro e S.Paulo, as ferrovias do Sudeste do Brasil, a Vale do Rio Doce (Itabira Iron), a Acesita, o resort do Guarujá. Farquhar tinha como aliado Assis Chateaubriand a quem financiou em larga escala,  lidava diretamente com os Presidentes do Brasil, tinha tambem ferrovias em Cuba e na America Central,

    na Russia Imperial, nos EUA a linha de Pittsburgh a New York. Farquhar operava com capital de terceiros que captava em bolsas da Europa, Canada e EUA, dependendo do momento, porisso a Light era canadense, a Societé du Gaz de Rio de Janeiro era francesa, a Itabira Iron britanica, a Port du Para belga, os bondes da Bahia eram americanos.

    Com a Grande Guerra de 1914 foi a falencia, depois da Guerra se recuperou e quebrou de novo na crise de 1929, Sua grande realização historica foi a ferrovia Madeira Mamoré, tema da novela MAD MARIA onde Tony Ramos representa

    Farquhar, a ferrovia era parte do Tratado de Petropolis pelo qual o Brasil anexou o Estado do Acre, que era boliviano.

    No processo da ferrovia Farquhar criou a cidade de Porto Velho, hoje capital do Acre.

    O Brasil teve muitos Farquhar, homens que do nada construiram grandes empreendimentos, todos, 100% tiveram momentos e situações que hoje os levariam aos calabouços de forçs-tarefas.  A onda de repressão a supostos crimes empresariais hoje na moda no Brasil como subproduto de uma campanha contra o espirito empreendedor vinda de movimentos sociais nascidos no mundo anglo-americano mas ausente na India e na China que porisso crescem a altas taxas, lá o empreendedor é estimulado e festejado e não vilependiado como no Brasil, Argentina e Venezuela. Essa campanha sem tregua que se apresenta disfarçada em leis anti-corrupção, contra lavagem de dinheiro, conseguiram aquilo que Marx e Lenine não conseguiram, acabar com o capitalismo por sua desmoralização e criminalização,  atingem o

     o aventureiro no berço, ele nem nasce. Com isso faltam empreendedores e o Pais afunda na mediocridade, na

    paz dos cemiterios, nada se faz e nada se projeta, os cartorios de foruns vão criar a riqueza que fará o Pais se desenvolver, é o que muita gente bem intencionada pensa porque sonham com empreendedores celestiais que só existem

    na imaginação dos puros no Reino dos Ceus.

    Sem soldados não se faz guerra, sem aventureiros a economia não se desenvolve, que o digam os Estados Unidos quando estavam em construção, sem sabios não se faz ciencia, sem pensadores não se faz literatura.

    A vida tem certas verdades que mulhares de anos de Historia ensinaram mas muitos teimam achar que não é assim.

     

     

    1. É André

      Mesmo não concordando, e não vou aqui após três dias discorrer sobre, me desculpe, mas ao mesmo tempo parabenizando-o pela coragem do artigo. Fiquei, sério, aguardando ser elevado a post como sempre ocorre com os seus bem escritos e às vezes instigantes como é esse o caso, e se assim procedesse a equipe do GGN iria causar um tiroteio.

      Bem gastei esse último final de semana pensando nesse teu escrito e recorri a releitura de meus livros teosóficos, principalmente na eterna luta do bem e do mal e quando o ser humano em sua busca de superação consegue inverter aquilo que foi pensado como mal em bem. Mas vamos em frente. Mesmo não concordando tenho de admitir: Você é um “craque”. Dez estrelas!

       

  2. Educação: o que Roberto Marinho queria para o Rio

     

    é o que o Alckmin quer para São Paulo.

    Marinho a Brizola: “construir escolas, está bem… Mas não precisa disso tudo, faça umas escolinhas.

    erthal

    Luis Augusto Erthal é um teimoso. Insiste em ser jornalista, insiste em ser brizolista, insiste em editar livros e insiste em promover a cultura de sua terra, Niterói, onde me encontro exilado já faz tempo. Faz pior, insiste em ser meu amigo há mais de 30 anos, desde a finada Última Hora. E insiste, juntando toda a teimosia, em publicar jornais, um deles o que me envia, sobre os 30 anos do Programa Especial de Educação, que o povo conhece como Cieps, ou Brizolões.

    Tem mais coisas, mas começo pelo depoimento pessoal que dá, no qual eu tenho culpa, porque “matriculei-o” por dois anos nos Cieps, em horário integral. Mas como jornalista, capaz de trazer detalhes, propostas, conquistas e dificuldades do mais ambicioso projeto educacional que este país já viveu. Ia dizer já viu, mas não o posso fazer porque não viu, pois essa revolução educacional, que mobilizou milhares de professores e centenas de milhares de crianças, jovens e adultos, numa área construída maior do que Brasília, na sua inauguração, foi criminosamente boicotada pela mídia.

    Uma grande e generosa aventura, que jamais sairá de nossos corações, de nossas vidas e de nossos sonhos, que deixo que ele conte, porque o faz melhor que eu.

    ciep2

    “Governador, faça umas escolinhas…”

    Roberto Marinho tentou fazer Brizola abortar o projeto desde o início

    Luiz Augusto Erthal

    Não poderia publicar uma matéria sobre os Cieps sem dar um depoimento pessoal, por mais que me doam algumas das lembranças hoje sopesadas na distância desses 30 anos. Tive o privilégio de ver esse programa nascer e acompanhar cada passo da sua implantação. Talvez seja o jornalista que mais colocou os pés dentro dessas escolas, em muitas delas quando ainda se encontravam na fundação.

    Estive no Palácio Guanabara, como jornalista e assessor de imprensa, nos dois governos Brizola (1983-1987 e 1991-1995). Cheguei em 1984 para participar de um projeto jornalístico, cujo objetivo era criar um caderno noticioso dentro do Diário Oficial do Estado, o D.O. Notícias, como ficou conhecido, uma estratégia para tentar enfrentar o cerco da mídia contra o governo. Fui designado pelo editor, Fernando Brito, mais tarde assessor-chefe de imprensa do governador, para cobrir as áreas de educação e esportes.

    Passávamos os dias como combatentes às vésperas de uma grande batalha naqueles primeiros meses. Brizola conquistara o governo fluminense superando grandes obstáculos, desde atentados à sua vida até a fraude da Proconsult, uma tentativa desesperada de impedir sua chegada ao governo fluminense.

    Havia uma enorme expectativa em torno dele desde a posse no Palácio Guanabara, que mais pareceu a queda da Bastilha, com o povo ocupando de forma descontrolada aquele símbolo de poder.  Afinal, nos estertores da ditadura, cada naco de poder reconquistado pelo povo era valioso. Vigiado de perto pelos militares, que permaneciam ainda no controle, bombardeado pela mídia conservadora e sufocado economicamente, Brizola tinha pouco espaço de manobra. Até que algo aconteceu.

    “Agora esse governo começou!”, lembro bem da exultação do Brito ao voltarmos da apresentação do projeto dos Cieps, com a presença de Brizola, Darcy Ribeiro e Oscar Niemeyer, no Salão Verde do Palácio Guanabara. Uma revolução havia sido colocada em marcha. Estava claro para todos nós.

    Brizola não tinha condições políticas de retomar naquele momento, como nunca mais teve, a reforma agrária e as outras reformas de base preconizadas por ele e por Jango em 64. No entanto, cria como ninguém no poder transformador da educação. Órfão de pai, que morreu emboscado ao retornar da última revolução farroupilha, em 1922, ano do seu nascimento, Brizola e seus irmãos foram alfabetizados pela mãe em Carazinho, interior do Rio Grande do Sul. Calçou os primeiros sapatos e usou a primeira escova de dentes aos 12 anos, na casa de um reverendo metodista, cuja família o adotou. Pode, então, estudar até formar-se em engenheiro. Fora salvo pela educação.

    Quando governador do Rio Grande do Sul (1958-1962), construiu nada medos do que 6.300 escolas. “Nenhum município sem escola”, era o lema. Mas a realidade do Rio de Janeiro nos anos 80 era bem diferente. Ao retornarem do exílio, após 15 anos, Brizola e Darcy se depararam com a obra macabra da ditadura: o inchaço das grandes cidades, a favelização, a desestruturação familiar e o surgimento do crime organizado, que separavam, como bem sabemos hoje, nossos jovens de seu futuro. Aquelas escolinhas alfabetizadoras e formadoras de mão-de-obra técnica e rural do Rio Grande do Sul não resolveriam o problema do Rio de Janeiro pós-golpe.

    A solução: uma escola integral em turno único, ofertando educação, cultura e cidadania; mantendo os jovens durante todo o dia longe das ruas e da sedução do crime organizado; dando alimentação, assistência médica, esportes e muito mais. Tudo isso, porém, tinha um custo e exigiria a ruptura de um velho paradigma da política brasileira – de que os recursos públicos sejam colocados à disposição das nossas elites e não do povo. A inobservância desse princípio levou o presidente Getúlio Vargas ao desespero e suicídio; o presidente João Goulart à morte no exílio e a presidente Dilma, agora, a um completo isolamento político, culpados, todos eles, por fazerem transferência direta dos recursos públicos para o povo e não para as elites.

    Logo após o lançamento do programa dos Cieps, Brizola ainda tentou estoicamente obter o apoio do então presidente das Organizações Globo, Roberto Marinho. Sabia o quanto ele seria capaz de influenciar, para o bem ou para o mal. Apresentou-lhe pessoalmente o projeto e nos relatou depois:

    “Ele olhou, olhou, olhou e não disse uma palavra. Em uma segunda oportunidade em que nos encontramos, eu cobrei: ‘Então, doutor Roberto, o que achou do nosso projeto’. Então ele disse: ‘Olha, governador, se o senhor quer construir escolas, está muito bem. Mas não precisa disso tudo. Faça umas escolinhas… Pode até fazê-las bonitinhas, tipo uns chalezinhos…’.” Depois disso não houve mais diálogo entre eles.

    Os Cieps começaram a brotar do chão com a arquitetura inconfundível de Oscar Niemeyer. Eu fazia sobrevoos de helicóptero para fotografar as obras e, vistas do alto, indisfarçáveis, pareciam pragas que irrompiam da terra árida dos subúrbios e das cidades da Baixada Fluminense. Era a praga rogada pelo povo esquecido que, enfim, tomava sua forma visível e ameaçadora, pois apontava para uma nova ordem.

    “As gerações formadas pelos Cieps farão por este País aquilo que nós não pudemos ou não tivemos a coragem de fazer”, afirmava Brizola. Esta, e só esta, é a razão do ódio e do horror que essas escolas incutem até hoje em nossas elites.

    Eles ainda estão aí. Descaracterizados, desconstruídos, desativados, degradados. Mas cada um desses 508 Cieps ainda traz consigo a semente da grande revolução sonhada por Brizola e Darcy. São quinhentas “toras guarda-fogo” feitas de concreto armado, uma imagem dos pampas gaúchos com que Brizola gostava de ilustrar o futuro do nosso povo:

    “Às vezes a fogueira do gaúcho parece ter-se apagado à noite, mas existe sempre a tora guarda-fogo, que esconde aquela centelha interior. Pela manhã, basta assoprá-la para a chama ressurgir.”

     

     

  3. TSUNAMI MARROM

    ‘Impacto de lama no mar seria como dizimar Pantanal’, diz biólogo

    Luís Barrucho – @luisbarrucho | BBC Brasil em Londres | 21 novembro 2015

    (AFP)

    Onda de lama de rejeitos atingiriam 10 mil km² em região conhecida como Giro de Vitória, importante celeiro de nutrientes para animais marinhos

    A chegada da onda de lama, resultado do rompimento de uma barragem em Mariana (MG) há duas semanas, ao Oceano Atlântico ─ prevista para ocorrer neste domingo ─ teria um impacto ambiental equivalente à contaminação de uma floresta tropical do tamanho do Pantanal brasileiro.

    A afirmação é do biólogo André Ruschi, diretor da escola Estação Biologia Marinha Augusto Ruschi, em Aracruz, Santa Cruz, no Espírito Santo.

    De acordo com Ruschi, os 62 bilhões de litros de rejeitos do beneficiamento do minério de ferro ─ o equivalente a 25 mil piscinas olímpicas ─ despejados ao longo de 500 km da bacia do rio Doce atingiriam cerca de 10 mil km² numa região conhecida como Giro de Vitória, importante celeiro de nutrientes para animais marinhos, como a tartaruga-de-couro (ameaçada de extinção), o golfinho pontoporia e as baleias jubartes.

    A foz do rio Doce está localizada no distrito de Regência, na cidade de Linhares, litoral norte do Espírito Santo.

    Ele estima que a descarga tóxica contaminaria principalmente três Unidades de Conservação marinhas ─ Comboios, Costa das Algas e Santa Cruz, que juntas somam 200.000 hectares (2.000 km²) no oceano.

    Ruschi lembra, contudo, que como o ecossistema marinho é mais vulnerável do que o terrestre, o impacto no mar seria proporcional à contaminação de uma área continental dez vezes maior ─ ou 20.000.000 hectares (200.000 km²) ─ de floresta tropical primária.

    “Seria como dizimar, de uma só vez, todo o Pantanal”, afirma Ruschi à BBC Brasil. O Pantanal se estende por 250.000 km² pelo Brasil, Bolívia e Paraguai.

    (WikiCommons)

    Ameaçada de extinção, tartaruga-de-couro pode ser afetada por mancha de lama

    “O ecossistema marinho é muito mais eficiente na biossíntese do que o terrestre. Cerca de dois terços de toda a biomassa do planeta é produzida em apenas 5% ou 6% dos oceanos. Trata-se da borda dos continentes ou de regiões com menos de 200 metros de profundidade, onde as algas podem receber luz e fazer fotossíntese”, explica.

    Ruschi acredita que, se nada for feito, o prejuízo ambiental do ‘tsunami marrom’ pode demorar 100 anos para ser revertido.

    “Precisamos impedir a todo custo que essa lama chegue ao mar. Caso contrário, pode se tornar um desastre de proporções mundiais, com consequências difíceis de imaginar. É um risco que não podemos correr. E o preço que pagaremos por ele será enorme”, alerta.

    “O fluxo de nutrientes de toda a cadeia alimentar de 1/3 da região sudeste e o eixo de 1/2 do Oceano Atlântico Sul está comprometido e pouco funcional por no mínimo 100 anos”, afirma.

    (Reuters)

    Segundo Ruschi, prejuízo ambiental causado por ‘tsunami marrom’ pode demorar 100 anos para ser revertido

    Há cerca de duas semanas, toneladas de lama vazaram no rompimento de uma barragem da empresa Samarco em Mariana (MG), no maior desastre ambiental da indústria da mineração brasileira.

    A Samarco, fruto da sociedade entre a brasileira Vale e a anglo-australiana BHP Billiton, é responsável pela exploração de minério de ferro no município.

    Até agora, o ‘tsunami marrom’ destruiu vilarejos, como o distrito de Bento Rodrigues, deixando pelo menos 11 mortos ─ sendo sete já identificados ─ e 12 desaparecidos.

    Na quinta-feira, a onda de lama chegou à cidade de Colatina, no Espírito Santo, distante 400 km de Mariana. O abastecimento foi interrompido e os moradores estão recebendo água em caminhões-pipa.

    A previsão, segundo o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), que monitora a evolução da mancha de lama, é de que o contato do material contaminado com o mar, no litoral do Estado, ocorra no domingo, 22.

    O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) confirmou o prognóstico à BBC Brasil. Inicialmente, o órgão havia previsto que a lama contaminada atingiria o mar na sexta-feira.

    (AFP)

    Biólogo ressalvou que contaminação não seria imediata

    Ruschi prevê que a lama poderia ser levada para uma área maior do que o Giro de Vitória, afetando o banco de Abrolhos (em cujo extremo norte se localiza o arquipélago de mesmo nome) e a Cordilheira submarina, uma cadeia de montanhas submersas originadas do afastamento das placas tectônicas.

    “É este Giro de Vitória (área de ressurgência de nutrientes) que nutre toda a região (cordilheira Vitória Trindade e banco de Abrolhos) por efeito das variações estacionais e climáticas que influenciam essa dispersão”, explica.

    Segundo o biólogo, a longo prazo, os efeitos ambientais poderiam ser sentidos em até 20 milhões de km² no oceano, o equivalente a cinco vezes o tamanho da Floresta Amazônica.

    “A lama que chega carregada pelas correntes vai se depositar inicialmente numa área menor, mas como o tempo ─ devido a chuvas, por exemplo ─ pode afetar áreas maiores”, explica Ruschi.

    “Estamos falando do eixo de funcionamento de todo o Atlântico Sul. Essa é a região de maior biodiversidade marinha do mundo. É um sistema especial, único, importante e fundamental”, acrescenta ele.

    Ruschi ressalva, porém, que a contaminação não se daria de forma imediata.

    “Isso depende da caracaterização química desses resíduos industriais minerais e de outros poluentes que essa lama vem trazendo na calha do rio Doce”, diz ele.

    Na quinta-feira, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirmou que a mancha de lama proveniente do rompimento da barragem em Mariana deve se espalhar por uma extensão de 9 km quando chegar ao mar. A estimativa foi baseada em um estudo feito pelo grupo de pesquisa do oceanógrafo Paulo Rosman, da UFRJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).

    Teixeira descartou qualquer impacto ambiental no arquipélago de Abrolhos (250 km ao norte da foz do rio Doce) e nos manguezais da região de Vitória (120 km ao sul).

    Segundo a ministra, foi concluída a escavação de um canal na região para tentar desviar a lama da área de desova de tartarugas de couro, espécie ameaçada. Desde o último sábado, funcionários do projeto Tamar vêm recolhendo ovos de tartaruga-de-couro na região.

    O rejeito de mineração de ferro é composto por terra, areia, água e resíduos de ferro, alumínio e manganês. Ainda não se sabe se a composição é tóxica para humanos, mas, de acordo com especialistas, ela funcionaria como uma “esponja”, absorvendo outros poluentes para dentro do rio.

    (AFP)

    Segundo Ruschi, descarga tóxica poderia provocar aumento na temperatura da Terra

    Ruschi também diz que a chegada da lama ao mar poderia, em última instância, elevar a temperatura da Terra.

    Isso porque, segundo ele, a foz do rio Doce concentra 83% das algas calcárias da costa brasileira, um dos principais ‘fixadores’ de gás carbônico da atmosfera.

    “Como os sedimentos tendem a cobrir as algas, impedindo a luz e a troca de gases, esses animais tendem a desaparecer da área. Quanto mais ampla for a dispersão, maior o impacto, pois pelas correntes tudo vai acabar na região da Cordilheiras e do banco de Abrolhos”, explica.

    “Quando não existia esse banco de algas, há 100 milhões de anos, a temperatura da Terra era 10 graus Celsius maior, assim como a concentração de CO2. Naquela ocasião, esse gás era emitido pelos vulcões. Desde então, a atividade dos vulcões diminuiu significativamente, mas o CO2 passou a ser emitido por outras fontes, como as indústrias”.

    “Por isso, o impacto desse material (lama tóxica) pode induzir a reprodução do clima daquele período”.

    (Reuters)

    Samarco, responsável pela barragem que rompeu, já foi multada em R$ 250 milhões pelo Ibama

    Na quinta-feira, a Justiça Federal do Espírito Santo determinou que a Samarco apresentasse e adotasse em 24 horas medidas para barrar a chegada ao litoral capixaba da lama oriunda do rompimento da barragem em Mariana. Se não cumprir a decisão, a mineradora será multada em R$ 10 milhões por dia.

    A empresa já havia sido multada em R$ 250 milhões pelo Ibama na semana passada. Caso a lama chegue ao mar, o órgão prevê novas multas, cada uma no valor máximo de R$ 50 milhões.

    Também na semana passada, a Justiça de Minas Gerais determinou o bloqueio de R$ 350 milhões na conta da Samarco. O montante deverá ser revertido para reparação dos danos às vítimas do desastre, que já produziu mais de 500 desabrigados.

    Procurada pela BBC Brasil, a Samarco informou que está tomando “providências para mitigar as consequências geradas com o avanço da mancha pelo Rio Doce, no Espírito Santo”. Diz ainda ter iniciado “a coleta de amostras de água nos trechos impactados”.

    “Nove mil metros de barreiras de contenção offshore e Sea Fence começaram a ser instaladas 18/11, na foz do Rio Doce, no Espírito Santo. Outra ação em andamento é o resgate de espécies de ictiofauna (peixes), principalmente aquelas endêmicas e ameaçadas de extinção, nas regiões de Baixo Guandu, Colatina e Linhares – Regência, seguindo as diretrizes técnicas do Ibama e Iema”, disse a empresa, em nota.

    FONTE

    http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/11/151120_impacto_lama_mariana_oceano_lgb

  4. BOA IDEIA E AÇÃO

    Estudante cria projeto que reutiliza rejeitos na construção civil em MG

    Ideia é usar o material testado em telhas e tijolos e fazer casas populares.
    Jovem diz que imóveis feitos com o material ficam até 45% mais baratos.

     

    Jéssica BalbinoDo G1 Sul de Minas

    FACEBOOKEstudante ganhou prêmio após criar projeto que reutilzia rejeitos na construção civil (Foto: Jéssica Balbino/ G1)Estudante ganhou prêmio após criar projeto que reutilzia rejeitos na construção civil (Foto: Jéssica Balbino/ G1)

    Desde criança, Gizelle Kersul Capaz, que hoje tem 21 anos, sonhava em ser engenheira civil e por meio da profissão, transformar a vida de outras pessoas. Na última semana ela viu esse desejo ganhar corpo por meio do 23º Prêmio SME (Sociedade Mineira de Engenheiros), de Ciência, Tecnologia e Inovação, em que ela conquistou o primeiro lugar com um projeto que reutiliza os rejeitos do quartzito na construção civil.

    O projeto abrange os aspectos econômico, ambiental e social. Além de reaproveitar o rejeito, para construir a casa popular, que é meu grande objetivo, teremos esses valores embutidos”Gizelle Kersul Capaz
    estudante premiada

    Com o projeto de iniciação científica orientado pelo professor José Gabriel Maluf Soler, a estudante do 8º de engenharia civil na Pontifícia Universidade Católica (PUC), em Poços de Caldas (MG), ganhou R$ 10 mil e o conhecimento necessário para o tornar viável. Ela conta que durante nove meses, dedicou-se a pesquisar a utilização do minério quartzito, encontrado no Sul de Minas em cidades como São Tomé das Letras (MG) e Três Corações(MG), diretamente na construção civil.

    “Quando eu era criança, viajava muito para São Tomé das Letras com meus pais e sempre me interessei pelo tema. Meu pai é consultor ambiental e sempre me mostrou a utilização dos rejeitos como uma opção. Então, entendi que o quartzito poderia ser usado na construção civil e mais, na construção de casas populares, tornando-as mais sustentáveis e também economizando  no valor final”, comentou.

    Telhas foram criadas com rejeitos de quartizto e podem ser usadas em obras (Foto: Jéssica Balbino/ G1)Telhas foram criadas com rejeitos de quartizto
    (Foto: Jéssica Balbino/ G1)

    De acordo com o professor que a orientou, a reutilização do quartzito, além de diminuir o impacto ambiental, é economicamente viável. Durante a execução do projeto, ele orientou a estudante a criar tijolos e telhas feitos a partir do minério. “Quando ela trouxe o material, observamos que parecia muito com a pedra brita, vendo que ele pode substituir pedras, telhas e dá, inclusive, para fazer divisórias de ambiente. Nós fizemos os testes em relação à resistência, porosidade, entre outros”, disse Soler.

    As pesquisas feitas pela estudante, que concorreu com outros 49 trabalhos de universidades de todo o estado, mostram que com a utilização do quartzito, que atualmente é descartado pelas mineradoras, pode-se reduzir em até 45% o custo de construção de uma casa popular. “O projeto abrange os aspectos econômico, ambiental e social. Além de reaproveitar o rejeito, para construir a casa popular, que é meu grande objetivo, teremos esses valores embutidos”, acrescentou a aluna.

    O próximo passo, segundo Gizelle, é encontrar um investidor que possa viabilizar a construção de um protótipo de casa popular feita com os rejeitos. Em seguida, esta casa será analisada, estudada e caso seja viável, o projeto será realizado e até mesmo expandido. “Minha ideia inicial é fazer o protótipo em São Tomé das Letras, que é onde já existe o rejeito. Caso dê certo, podemos levar para outros lugares”, destacou.

    Durante 9 meses a estudante pesquisou o quartizto (Foto: Jéssica Balbino/ G1)Durante 9 meses a estudante pesquisou o quartizto (Foto: Jéssica Balbino/ G1)

     

     

     

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