Índia preocupada com inflação alta e baixo crescimento

Do Valor

Índia vive dilema de inflação em alta e crescimento em baixa

A Índia prevê que o seu crescimento econômico no ano fiscal que se encerra em março será de somente 5%. Se confirmada a estimativa do departamento oficial de estatísticas divulgada ontem, será a pior expansão dos últimos dez anos para a terceira maior economia da Ásia. Na semana passada, o banco central já havia cortado a sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) de 5,8% para 5,5%.

Para a principal entidade empresarial do país, o ritmo da economia é muito fraco e pode levar a um aumento do desemprego.

No ano fiscal anterior houve uma alta de 6,2% – mesmo essa taxa de crescimento é considerada insuficiente para garantir a criação dos empregos necessários para atender à população jovem em expansão. Após conseguir altas do PIB de até 10% na última década, a economia do país vem perdendo ritmo há vários trimestres, em meio a inflação alta, desaceleração nas exportações e nos gastos dos consumidores e atrasos nas reformas econômicas que afugentaram investimentos.

A Índia enfrenta uma inflação de mais de 7%, uma das maiores entre as economias emergentes, o que impõe limites à margem de manobra do banco central para cortar a taxa de juros e estimular o crescimento. Depois de mantê-la inalterada desde abril, com medo de dar mais fôlego à inflação, o BC na semana passada fez um corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros, baixando-a para 7,75%.

Alguns analistas afirmam que as perspectivas negativas para a economia e para a demanda do consumidor são motivos suficientes para provocar mais ação do banco central. “Sem levar em conta os investimentos congelados, a forte desaceleração claramente aponta para uma prolongada anemia da demanda do consumo, o que deve manter o núcleo da inflação sob controle”, afirmou Upasana Bhardwaj, economista do ING India. Bhardwaj prevê que o BC indiano irá cortar até 0,75 ponto percentual dos juros ao longo deste ano.

No entanto, Duvvuri Subbarao, o presidente do Banco da Reserva da Índia (o BC do país), não acenou nessa direção, destacando as pressões inflacionárias e o grande déficit em conta corrente. “Nós demos grande atenção ao plano de consolidação fiscal apresentado pelo ministro das Finanças”, disse. “Também estamos esperando pelo Orçamento para termos uma melhor compreensão de como a consolidação fiscal será feita.”

O governo está tentando diminuir os déficits orçamentário e comercial para evitar um rebaixamento do rating pelas empresas de classificação de risco. O saldo negativo da conta corrente ficou em US$ 22,3 bilhões no trimestre encerrado em 30 de setembro.

O ministro das Finanças, Palaniappan Chidambaram, que irá apresentar a proposta orçamentária no dia 28, prometeu conter o déficit fiscal em 5,3% do PIB no exercício 2012-2013 e reduzi-lo a 4,8% no próximo período.

Em comunicado divulgado na quarta-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) previu um crescimento de 6% para o PIB da Índia em 2013-2014. O Fundo destacou a queda nos investimentos privados e em infraestrutura e disse que os juros não devem ser mexidos até que a inflação esteja contida. O FMI prevê ainda que o déficit fiscal deverá superar a meta, ficando em 5,6% do PIB neste ano fiscal.


Luis Nassif

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