Mercado publicitário está preocupado com os rumos da Abril

Do Brasil 247

Abril sangra no mercado por falta de transparência

Mercado publicitário atordoado com iminência de encerramento de diversos títulos do Grupo Abril; o que acontecerá com contratos de antecipação de anúncios?; longa reunião entre presidentes Giancarlo Civita e Fabio Barbosa, do Grupo Abril, e diretores de redação e editores das principais revistas da casa; ontem, patrão e seu principal executivo participaram pessoalmente da reunião de pauta da revista Veja; presença é inédita na história da publicação; cogitada desocupação do Novo Edifício Abril, de US$ 1 milhão por mês de aluguel

247 – A crise no Grupo Abril tornou-se oficial, como já adiantava o mercado publicitário. Na tarde da segunda-feira 10, o presidente do Conselho de Administração, Giancarlo Civita, e o presidente do Grupo Abril, Fábio Barbosa, convocaram quase três dezenas de diretores de redação e editores para uma reunião que durou cerca de quatro horas. Pauta: cortes de custos, fechamentos de títulos e demissões de profissionais. Horas antes, Gianca e Barbosa participaram pessoalmente da reunião de pauta da revista Veja, numa fato inédito na história da revista fundada em 1968. A presença deles entre os jornalistas foi interpretada como a tomada do controle de decisões editoriais por parte dos acionistas. A rota de choque com o governo da presidente Dilma Rousseff poderá ser corrigida, mas a artilharia sobre alvos como o ex-presidente Lula e o ex-ministro José Dirceu tende a continuar.

Na longa reunião com os editores, Barbosa foi quem mais falou. Objetivamente, porém, disse pouco. Ele admitiu que a direção da editora detectou uma série de cargos sobrepostos, com núcleos editoriais pequenos nos quais um diretor de área tem funções semelhantes a de um diretor de redação. Esses cargos, adiantou, serão cortados.

A respeito do fechamento de títulos – a Abril edita atualmente 52 revistas, muitas delas deficitárias –, Barbosa foi lacônico: “Estamos reavaliando todo o nosso portfolio”. Ele evitou informar sobre o destino da revista Playboy, uma dos ícones da editora, cuja circulação caiu 38% recentemente.

Entre jornalistas da Abril circula a informação de que o Novo Edifício Abril será desocupado pela editora, ou compartilhado. Nesse contexto, as redações das revistas Veja e Exame seriam transferidas para um imóvel da Abril na avenida Luís Carlos Berrini. O Nea, como o atua edifício ocupado pela Abril é chamado, tem um aluguel mensal de cerca de US$ 1 milhão.

O mercado publicitário está atordoado com a condução que a cúpula da Abril está executando sobre a crise da editora. Não há informações oficiais sobre o fechamento de títulos, mas fortes rumores convergem para a “descontinuidade” de até duas dezenas ou mais das 52 revistas publicadas atualmente pela editora. Muitas agências se acostumaram a comprar pacotes antecipados de anúncios, realizando programações anuais em troca de descontos. Se revistas forem fechadas, como ficam esses contratos, perguntam-se diretores de mídia. Até o momento, a Abril não informou oficialmente as agências sobre seus planos.

Outra preocupação é a dos assinantes. Esse grupo será contemplado de que maneira no caso de revistas serem fechadas? A Abril devolverá o dinheiro pago pelos exemplares que não serão remetidos?

Luis Nassif

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