O Hackday no Fórum de Cultura Digital

Por foo

Nassif,

Olha o caderno Folhateen dando um banho de jornalismo no restante da Folha:

Da Folha

Jovens clonam sites do governo para tornar acessível informação de interesse público

Uma das atividades em destaque no 2º Fórum de Cultura Digital, realizado na semana passada, em São Paulo, foi o mutirão tecnológico chamado “Transparência Hackday”. Formado por jovens de todo o país, grupo se reúne de tempos em tempos para hackear dados do governo. Parece se tratar de uma atividade criminosa, mas não é.

Nesses encontros, o grupo formado por ativistas on-line de todo o país trabalham horas a fio, em alguns casos durante dias seguidos, para clonar sites e desenvolver aplicativos com um único objetivo: dar transparência a processos políticos e tornar acessível informação de interesse público.

Obar”O barato está no desafio de criar e desenvolver pequenos aplicativos baseados em tecnologias abertas, em informações governamentais e dados públicos”, explica Daniela Silva, uma das coordenadoras da rede. Em geral, clonam conteúdos publicados pelos governos na internet, preferencialmente em formato bruto que possa ser remixado.

Com apenas um ano de existência, o grupo já coleciona uma série de hackeadas bem sucedidas. O primeiro alvo foi o “Blog do Planalto”, clonado durante um fim de semana de outubro de 2009, um mês após entrar no ar o site do governo. “Diferença da versão clonada é que permitia comentários dos internautas”, observa Daniela.

O sucesso da experiência empolgou a turma de “hackers do bem”, como são conhecidos. De lá pra cá não pararam mais. Já hackeraram o serviço de reclamações da prefeitura para construção de um ranking de problemas da cidade e também invadiram o site da Câmara Municipal para vigiar prestação de contas de vereadores.

Desta vez, no 2º Fórum de Cultura Digital, a tribo de hackers trabalhou na construção coletiva de um portal com dados públicos relacionados à cultura no Brasil. “A ideia é reunir informações de forma extremamente detalhada que permita diferentes tipos de pesquisa a partir de cruzamento de dados e análises comparativas”, explica Diego Rabatone, outro membro do grupo. “No caso desse portal, internautas poderão colaborar fornecendo informações sobre contextos locais, por exemplo”.

CIBERATIVISMO

Usar a tecnologia para promover transformação social. É esse o objetivo de um movimento que vem ganhando força em redes sociais. Entre outros nomes, é chamado de ciberativismo. Em rede e de maneira colaborativa, jovens trabalham para tornar mais claras à sociedade informações relacionadas às mais diversas questões, de gastos de deputados a buracos nas ruas da cidade.

Foi no Twitter que Emerson Vinicius, 18, descobriu a turma de jovens do “Transparência Hackday”. De cara, gostou da ideia e logo entrou para o bando. Apesar da pouca idade, Vinicius já trabalha com desenvolvimento de web, criando sites e aplicativos para internet. Com sua experiência, desenvolveu um aplicativo chamado Projeto de Lei. Segundo ele, uma espécie de robô virtual que entra no site da Câmara dos Deputados, hackeia todos os projetos de lei apresentados e os joga no Twitter.

A empreitada foi realizada durante aproximadamente 24 horas em um evento do “Transparência Hackday”, realizada em paralelo à última Virada Cultural, em São Paulo. Apesar do todo o trabalho que teve, Vinicius diz que não tem muito interesse por política. “Foi pura diversão”.

O fôlego dos ativistas on-line impressiona. Mal terminava o Fórum de Cultura Digital, e alguns membros já desembarcavam em outros países para participar de eventos similares. Caso dos coordenadores Daniela Silva, que aterrissou essa semana em Varsóvia para o “Transparency Camp”, e Pedro Markum, que seguiu para o Chile para participar do “Personal Democracy Forum”.

O próximo encontro em São Paulo também não tarda a acontecer. No próximo dia 4 de dezembro, a Maratona Hacker Internacional deve reunir ciberativistas e “hackers do bem” de todas as partes do mundo. Governos que se cuidem.

Luis Nassif

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