O impacto da robótica no mercado de trabalho

DO CIO

Revolução corporativa: robôs podem substituir profissionais, diz MIT

Segundo especialistas, mudanças já podem ser sentidas e, em dez anos, muitas posições de trabalho ocupadas por humanos poderão ser delegadas a robôs

Da Redação * Publicada em 03 de novembro de 2011 às 00h04

As máquinas substituirão humanos em profissões das mais diversas, de modo que a economia global será afetada dramaticamente, afirmaram especialistas da indústria e economistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) durante um simpósio sobre robótica, realizado nesta segunda-feira (31/10). Mais do que isso, destacaram, a transição já começou.

“O que finalmente estamos vendo é que nossos ajudantes digitais não só nos alcançaram, como estão nos ultrapassando”, aponta Andrew McAfee, pesquisador do MIT e coautor do livro Race Against the Machine (Corrida Contas a Máquina). “Em alguns quesitos, elas já são superiores.”

McAfee destaca, entre outros pontos, que o supercomputador Watson, da IBM, recentemente venceu desafiantes humanos no Jeopardy – concurso televisivo de perguntas e respostas – que o carro desenvolvido pela Google já anda pelas ruas da Califórnia sem precisar de motorista, e que as forças armadas têm utilizado robôs tanto para batalhas no solo quanto no ar.

“Nós pensávamos que os humanos tinham atingido um alto nível nesses setores”, diz. “Mas, de repente, olhamos em volta e percebemos que os computadores estavam se dando bem em áreas em que, supostamente, não deveriam. Veremos muitas máquinas exercendo atividades em profissões hoje dominadas pelas pessoas.”

Ainda assim, ele acredita que não há motivo para desesperar-se. Os robôs não serão chefes ou diretores. Não comandarão reuniões ou departamentos. Certamente, porém, substituirão funcionários em centrais de atendimento, elaborarão análises financeiras e ocuparão vagas em que a criatividade ou o improviso não são virtudes tão necessárias.

“Há uma mudança na forma como as atividades estão sendo realizadas”, afirma Erik Brynjolfsson, diretor do departamento de negócios digitais do MIT. “Em breve, o número de pessoas contratadas na H&R Block – companhia americana que calcula os impostos devidos de seus clientes – será menor, já que softwares farão seu papel.”

Substituições
Não só as profissões que exigem muita criatividade estarão a salvo, dizem os especialistas. Garçons e pessoas que passeiam com cães dificilmente serão substituídos, assim como médicos e profissionais que trabalham com alta tecnologia.

“Pensem em áreas ligadas a administração”, diz Brynjolfsson. “Atividades em que se exige a cópia de dados e alguns cálculos serão cada vez mais exercidas por computadores. Não só nos Estados Unidos – por conta do tamanho de seu mercado – mas em todos os países as posições intermediárias estão em risco.”

A McAfee ressalta, porém, que não se deve acreditar que as máquinas tomarão os espaços dos humanos, deixando-os sem nada para fazer. “A tecnologia não elimina trabalhos de uma vez. Ela pode ajudar em áreas como a da saúde, mas a distribuição dificilmente será equitativa”, alerta. “Não devemos nos preocupar com o fim das profissões, mas talvez as consequencias não nos agradarão. Precisamos observar com atenção todo esse contexto.”

“Há dez anos, quando telefonava para minha companhia de TV a cabo, dificilmente seria atendido por um computador e, daqui uma década, os vejo pilotando carrinhos de golfe. Penso os veículos em aeroportos, como aqueles pequenos caminhões, serão autônomos.”

O especialista, porém, não vislumbra um local de trabalho sem a presença de pessoas. “Isso, por enquanto, é pura ficção científica. A tecnologia não é ruim para a economia, pois nos torna mais produtivos. O problema é que não há como prever que ela afetará todos da mesma forma. O trabalhador médio será passado para trás por ela.”

Quanto a isso, os economistas concordam: trata-se de um desafio que demandará muitas discussões e planejamento.

Sharon Gaudin – CW US

Luis Nassif

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