O Irã, antes da revolução dos aiatolás

Por alfredo sternheim

O pior é que, até hoje, se tem uma idéia errada do Irã antes da revolução dos aiatolás. Passei 15 dias naquela nação em 1975 e, ao contrário do que sugere o início do filme ARgo e outros meios de comunicação, havia ampla liberdade de expressão e credo. Havia evolução . O Irã era a nação com maior número de bolsistas estudantes no exterior, com o compromisso de volta para trabalhar no pais. As manifestações artísticas, como um concerto de orquestra regida por Von Karajan eo festival internacional de cinema do qual participei com o meu filme “Lucíola” (com cenas de nudez e erotismo) eram acessíveis ao grande público. Só uma cota mínima de assentos dos grandes cinemas (de 800 à 1500 lugares) eram para convidados que, se não confirmasse rpesença até 5 horas antes da projeção, teriam os ingressos vendidos ao povo. Lá também asisti “Zabriskie Pont” (então proibido no Brasil), com a presença do cineasta Antonioni e de centenas de jovens. As mulheres, no reinado da moderna imperatriz Farah, estavam se libertando dos dogmas religiosos e repressivos, não eram obrigadas a usar o chador. E as mais jovens frequentavam bares, até bebiam cerveja. Havia , sim certa corrupçãop no governo, por causa de familiares do Xá. Mas a revolução dos aiatolás foi brutal, cruel, matou gente sem julgamento e o Irã retrocedeu nos costumes, na falta de liberdade. Voltaram os julgamentos onde adulteras e homossexuais estão sujeitos a serem apedrejados. Como me disse um iraniano, não é pena de morte. Mas, se uma pedra atingir a cabeça… Lamentável sina de uma bela nação onde seu principal lider diz que o Holocausto foi uma invenção midiática. Então, tá… Esse aniversário me entristece.  Fico pensando na bela dona de uma loja de roupas femininas ocidentais que se vestia de forma moderna, fumava e bebia cerveja e vinho. Um encanto. O que será que aconteceu com ela e com o jovem assessor do festival, alegre e gay assumido naquela nação em que os homens (então) se beijam e andavam de mãos dadas?

Luis Nassif

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