O pessimismo sobre a revisão do julgamento da AP 470

Comentário ao post “É hora de rever abusos do primeiro julgamento da AP 470

Não tenho mais nenhuma esperança. Assolam-me dúvidas até se os dois últimos indicados vão ter a coragem de enfrentar os antigos que condenaram e a contínua pressão da mídia e de certa parcela da população. Infelizmente a injustiça se perpetrará.

Meu pessimismo vem da profunda decepção que tive não só com o resultado, mas com a absurda atuação de alguns ministros, a começar por esse inominável Luiz Fux,a Carmem Lúcia e aquela egressa da Justiça Trabalhista, Rosa Weber. 

Nunca imaginei que o ministro Barbosa iria atuar como promotor, não como magistrado. Espantei-me com o grau de ignorância dos membros da Corte acerca de certos assuntos, a começar pelos ritos da gestão do Banco do Brasil, o discernimento acerca do que é ou não é recursos públicos e o funcionamento das agendas de propaganda. 

Causou-me profunda angústia os espasmos de retórica e adjetivação exaradas por Celso de Mello, postura incabível num julgamento. Em especial de natureza penal. Avaliei como pretenciosa sua condenação da práxis política e, por consequência, do próprio Poder Legislativo. 

Decepcionei-me com o ministro Gilmar Mendes face sua inflexão no que concerne ao garantirismo sempre esboçado em outras ocasiões. Falou mais alto o seu inegável partidarismo e a antipatia nunca negada pelo PT. Traiu suas próprias convicções nesse mister.

Deplorei de forma e na dimensão nunca imaginada as atitudes torpes do ministro Ayres de Brito, a meu ver o de comportamento mais desprezível dentre todos os membros do STF. Sua sabujice e malemolência moral dava-me engulhos. Aliás, até hoje não suporto nem ouvir a voz de tal figura. 

É essa experiência que me destitui de toda e qualquer nesga de esperança acerca de uma desejável revisão das penas. Mesmo os embargos trazendo sobejas provas de erros e equívocos cometidos no julgamento, alguns gritantes, serão inúteis: prevalecerá a subserviência às chantagens advindas da opinião publicada  e de certos nichos ideológicos. 

Entretanto, a última palavra caberá aos condenados que se reconhecerem injustiçados. Não a palavra, aliás,  mas o gesto final de indignação e suprema coragem de reagir a uma ignomínia. Atitude extrema que retirará o “doce” da bôca dos infames que já organizam júbilos pela humilhação dos seus prováveis encarceramentos. 

Precisa explicitar que ação será essa?

Luis Nassif

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