O trabalho escravo na China

Trabalho escravo na China:

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No que diz respeito à migração dos trabalhadores, de fato a China está experimentando a maior migração em busca de trabalho que a humanidade já conheceu. O Brasil experimentou processo migratório parecido, nos anos cinquenta, guardadas as devidas proporções populacionais. As consequências são parecidas: fome, miséria, exploração do capital pelo trabalho. No Brasil, como se sabe, não havia infraestrutura adequada, nos grandes centros industriais, no bom português: não havia moradia, saneamento básico, sistema de saúde e escolas suficientes para todo mundo. O poder estatal brasileiro foi ausente, no tocante, e, em grande parte, ainda é, o que ampliou sobremaneira os problemas decorrentes da migração desordenada de trabalhadores rurais para a área urbana.

Exatamente, como está ocorrendo na China, mas, com um agravante: a quase permissividade do poder estatal chinês no que diz respeito ao trabalho escravo, que, aliás, também lhe interessa, pois serve às empresas multinacionais estatais, em especial na construção civil, com forte atuação no continente africano. Curiosamente, operários africanos têm se recusado a trabalhar para os chineses, por conta do regime escravocrata que impõem, daí, ser necessário às empresas chinesas levarem seus trabalhadores para lá atuar.    

NopoNo próprio território chinês (já dizia o velho Marx que o regime capitalista exploratório é dialético) o sistema de trabalho escravo começa a dar sinais de esgotamento, isto é, ainda que os sindicatos sejam legalmente proibidos, movimentos coletivos vêm se ampliando na clandestinidade – correndo o risco de seus integrantes serem levados a campos de concentração –, sem contar que os próprios trabalhadores se rebelam contra a exploração escravocrata, como bem relatado no documentário “China Blue”, recentemente exibido na Mostra Internacional de Cinema, em São Paulo. A trama envolve emocionante história de duas jovens trabalhadoras chinesas, contratadas por uma empresa de confecções que vendia produtos para grande rede de supermercados europeia.

A certa altura, no documentário, ficamos na dúvida, sobre quem é o “vilão da história”: se o patrão chinês que impõe às trabalhadoras (numa fábrica em que a maioria é formada por mulheres) regime de trabalho análogo à de escravo – com “vistas grossas” do estado –, ou se é a empresa europeia que compra dali seus produtos. Mesmo sem apoio de sindicatos, as trabalhadoras reagem e exigem seus direitos. O fato é emocionante e causa até certa nostalgia a nós brasileiros em saber que, embora, reconheça-se, nunca tivemos efetiva cultura de reivindicação laboral coletiva (por questões culturais e, também, porque Getúlio tratou logo de eliminar o forte movimento sindical, especialmente o paulistano, do início do Século XX, prendendo e “eliminando” seus líderes), o arremedo que surgiu nos anos setenta ajudou a derrubar o regime ditatorial e gerou um Presidente da República. Imaginem se tivéssemos, realmente, uma cultura reivindicatória*, o que não poderíamos ter construído em termos de patamares civilizatórios aos trabalhadores (e nós estamos discutindo a diferença de “R$ 15,00 para o salário mínimo…).

*É fato, já dizia o velho Paulo Freyre, que o colonizador português foi extremamente competente em nos impor cultura de subserviência, sem par no mundo (nem os conquistadores espanhóis, tradicionais na colonização truculenta, tiveram tamanha competência).

OBS: indiquei, em quatro partes, o documentário “China Blue”, num pequeno texto, em outro sítio. Quem tiver interesse em pesquisar acesse este link: Relações de trabalho na China, onde, inclusive, comento sobre o “controle” sindical nos EUA (ao contrário, do que apregoam seus fãs neoliberais brasileiros, o sistema trabalhista norte-americano entrou em colapso faz tempo).

Luis Nassif

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