Supremo pode, em tese, rever Lei da Anistia, afirma Barroso

Por Marco Antonio L.

Do iG

‘Em tese’, Supremo pode rever Lei de Anistia, diz Barroso

Em sua primeira entrevista após a nomeação, novo ministro do STF critica a morosidade da Justiça e diz que a estratificação de classes é evidente no direito penal

O novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou nesta sexta-feira que, “em tese”, o Supremo poderia rever sua posição sobre a Lei de Anistia com uma nova composição do tribunal. “A transição do regime militar para uma democracia no Brasil foi feita com menos sobressaltos e menos dificuldades institucionais que na Argentina”, comentou, durante a primeira entrevista após a nomeação para o cargo.

Em abril de 2009, o STF decidiu que os crimes cometidos por agentes de governo e militantes de organizações de esquerda durante o período da ditadura são inimputáveis, ou seja, não são passíveis de punição por conta da Lei de Anistia de 1979. Integrantes da Comissão da Verdade pressionam o STF a rever a posição.

O ministro disse também que a morosidade e a massificação estão entre os maiores defeitos da Justiça. “Quase qualquer advogado mencionaria morosidade e possivelmente um nível de massificação que impede ou dificulta decisões um pouco mais artesanais. A massificação diminuiu o tempo que o juiz pode dedicar a cada processo”, afirmou Barroso, durante entrevista, ao ser questionado sobre o tema.

Com relação à justiça penal, ele acrescentou que, “mais do que em outras áreas, a estratificação de classes é evidente”. Segundo ele, nessa área, os principais problemas são “a porta de entrada, a polícia, e a porta de saída, o sistema carcerário”. “O sistema penitenciário, a despeito dos esforços feitos, constitui um universo de degradação humana”, afirmou, acrescentando que, no Brasil, o sistema penitenciário não realiza um dos seus papéis mais importantes, que é a ressocialização. “Quem entra no sistema, de forma geral, sai muito pior.”

Para Barroso, as polícias precisam ganhar “status e dignidade” para atuar de forma mais eficiente e menos violenta. “A polícia que bate ou é violenta ou é por falta de recursos para investigar. A polícia que vive de quebra de sigilo é porque não tem outros elementos”, analisou.

Barroso também sinalizou ser contrário à redução da maioridade penal, pois acredita que o sistema carcerário já está muito sobrecarregado para suportar novas demandas.

A portaria com a nomeação de Luís Roberto Barroso para o cargo de ministro do Supremo foi publicada naedição de hoje do Diário Oficial da União. Ele deve tomar posse no dia 26. Na quarta-feira (5), Barroso teve o nome aprovado no plenário do Senado, com 59 votos favoráveis e 6 contrários, depois de passar por sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Luis Nassif

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