Sensação e percepção real e virtual – um embate sensível, mental e viajante por aqui

Por Matê da Luz

Já tomei pancada por aqui ao comentar sobre a pequeninice da vida online que, quando global, adianta assuntos, aproxima pessoas e informa mas, quando observada na rotina propriamente dita, acaba se tornando um potencializador de babaquices distintas e ordinárias.

Tudo depende de um exclusivo fator, que é o fator humano. Isso, o humano que opera e participa e compartilha e interage. Hoje, há estudos antroposóficos que apontam momentos que a pessoa está vivendo em sua intimidade embasada na análise de suas postagens e interações nas redes sociais. E não é que eles pegam um post-textão e soltam um “ahá, é isso, ele tá triste”. Não, cara pálida – o nosso comportamento online já é um comportamento que fornece dados que vão além da superfície – esta que, ao meu ver, é o que achamos estar compartilhando nos onlines da vida.

“Ah, Matê, que careta!” Não, não é caretice: é análise e opinião.

Ontem, por exemplo, escutei de um amigo que um dos principais fatores de felicidade individual está relacionado à questão do pertencimento. O fazer parte, quando embasado por escolhas, tem papel fundamental na realização pessoal, de modo a promover estímulos, fomentar interesse e, inclusive, permear o altruísmo, aquilo que provoca em nós uma vontade de fazer o que tem que ser feito sem a expectativa superfaturada, chegando quase no ponto de não esperar nada em troca, quase, porque esperar em troca é humano, natural, não vamos chegar neste ponto aqui, neste plano, nesta Terra, fique tranquilo…

E o que tudo isso tem a ver com a questão inicial da ainda discussão acerca do uso da internet como modo exclusivo de relacionamento interpessoal?

Que, gente, o pertencimento online é, por premissa, virtual e, portanto, questionável em termos de realidade.

Aquele grupo de culinária só tem gosto quando se prova a comida; o grupo de meninas debatendo soluções para o machismo no transporte público só se faz relevante quando sai da telinha e vai pra rua. Isso pra mim é fato, que me tragam informações que provem o contrário – do português NADA SUPRIME O CONVÍVIO HUMANO.

Por mais importante que sejam os grupos de discussão e de apoio, é no plano real que a vida acontece e, sim, querido cara pálida, acho que a febre de redes sociais vem causando um abismo perigoso entre o real e o virtual – e sei que minha opinião é quase que absolutamente contrária ao status quo que diz que o online aproxima estes dois pólos. mas também sei que tem muita gente experimentando sensações não agradáveis por disassociação do real-virtual e, de novo, a responsabilidade é do fator humano.

E eu, humana que sou, venho escrevendo aqui neste espaço pra compartilhar pensamentos (alguns novos, outros da velhotinha que vive em mim), pra trocar informações e, claro, pra pertencer. Neste e em outros posts opiniáticos e cheios de emoção, em textos que servem pra desabafar e, quem sabe, tocar e transformar. 

Mariana A. Nassif

1 Comentário

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  1. Sei lá, Matê da Luz… talvez

    Sei lá, Matê da Luz… talvez “virtual” não se oponha a “real”. Talvez “virtual” se oponha a “presencial”, fisicamente presencial, e o que se oponha a “real” seja “irreal”, imaginário, fantasioso. Assim seria possível dizer que algo é, ao mesmo tempo, virtual E real. Mas também que algo é, ao mesmo tempo, presencial E irreal. Claro que seria mais comum a ocorrência das duplas “virtual + irreal” e “presencial + real”, mas será que isso é regra?

    Agora pertencimento é mais necessário para a nossa sobrevivência que água e comida, até mais que o ar, se a gente pensar em humanidade (e não apenas no ser biológico no qual nos baseamos nós, humanos). Sem pertencimento a gente não aprende nem a falar, simbolizar. Como o Kaspar Hauser, a gente pode ter todo o resto, comida, água e ar, que sem pertencimento a gente não realiza humanidade nenhuma na gente, acho, se restringe a ser bicho. Será?

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