O drama de “Belchior”

Enviado por Morallis

O drama de Belchior: Procurado pela polícia e hospedado de favor na casa de fãs

Reproduzo aqui artigo do site “Diálogos políticos“, publicado em janeiro de 2014.

Capítulo 1

“No trevo, a 100 por hora”

Edna Prometheu é o pseudônimo da produtora cultural Edna Assunção de Araújo, de 46 anos. Morena, de cabelos encaracolados e baixa estatura, não é uma mulher de beleza estonteante. Militante de organizações de extrema-esquerda, é definida por seus amigos como “idealista utópica”. No começo de 2005, ela estava em São Paulo, no ateliê do artista plástico cearense Aldemir Martins, já morto, quando entrou pela porta o músico Belchior. O cantor de “Paralelas” também pinta quadros e frequenta o ambiente artístico. Edna queria organizar uma exposição de Aldemir no Ceará. Belchior disse que tinha amigos por lá, poderia ajudar. Trocaram telefones.

Os dois acabaram organizando juntos a exposição em Fortaleza, naquele mesmo ano. Na volta, Edna ligou para um amigo e contou a novidade: “Estamos namorando”. A partir daí, a vida plácida de Belchior derrapou no trevo a 100 por hora, como diz a letra de “Paralelas”. Para ficar com Edna, ele abandonou a então mulher, Ângela, com quem estava casado havia 35 anos, mãe de dois dos quatro filhos que tem. Afastou-se dos amigos e foi gradativamente deixando de fazer shows, até sumir sem dar explicações, em 2009. “Essa figura nefasta está fazendo uma lavagem cerebral nele”, afirma Jackson Martins, ex-empresário de Belchior. “Depois dela, sua vida só andou para trás”, diz o artista plástico cearense Tota, amigo de Belchior.

 Bruno Alencastro/Ag. RBS)

A FELICIDADE É UMA ARMA QUENTE
Belchior com a mulher, a produtora cultural Edna Prometheu. “Eles juntaram suas utopias”, diz o amigo José Roberto Aguilar (Foto: Bruno Alencastro/Ag. RBS)

 

O desaparecimento de Belchior, há cinco anos, surpreendeu a todos, família e amigos. Ninguém poderia esperar tal atitude. Ele deixou para trás a agenda de shows e todo o patrimônio, incluindo roupas, documentos, quadros, automóveis e apartamento. O sumiço transformou Belchior em figura cult. A pergunta “onde está Belchior?” ecoou na internet e teve até repercussão internacional. Surgiram blogs sobre o tema. Campanhas nas redes sociais pediram  a volta do músico. E apareceram montagens cômicas – “memes” – em que Belchior aparece em locais inusitados como a ilha do seriado Lost. Suas músicas no YouTube, que antes tinham 5 mil acessos diários, hoje batem 500 mil.

O sucesso no mundo virtual não trouxe nenhum benefício para o Belchior de carne e osso. Aos 67 anos, ele vive escondido com Edna em Porto Alegre. Não pode sair em público, pois é procurado pela polícia. Pesam contra Belchior dois mandados de prisão pelo não pagamento de pensões alimentícias. Uma devida à ex-mulher Ângela, com quem tem dois filhos já maiores de idade, e outra à mãe de uma filha de 19 anos que teve fora do casamento. Além das pensões, Belchior abandonou todos os demais compromissos e é cobrado na Justiça em processos que correm à revelia. O ex-secretário particular de Belchior, Célio Silva, ganhou um processo trabalhista contra ele no valor de R$ 1 milhão. Não há mais como recorrer. As contas de Belchior estão bloqueadas, e os imóveis que tinha comprometidos. Sem dinheiro, ele já se abrigou numa instituição de caridade no Rio Grande do Sul e morou de favor na casa de fãs que nem conhecia.

O mais intrigante na espantosa história de Belchior é que ele aparentemente não agiu movido por depressão, dívidas ou golpe publicitário, como se pensou no princípio. A influência da mulher é apontada pela maioria dos amigos como o motivo do seu comportamento. Ainda assim, não há unanimidade. “Edna não conseguiria sozinha virar a cabeça de alguém inteligente como Belchior. São dois sonhadores, juntaram suas utopias. Deixaram de acreditar neste mundo materialista, objetivo e mesquinho e partiram para um caminho de desapego”, diz o artista plástico José Roberto Aguilar, de 72 anos, amigo do casal.

Belchior nasceu numa família simples no interior do Ceará. Foi o mais bem-sucedido entre 23 irmãos. Estudou medicina na capital. Abandonou o curso depois de quatro anos, para ingressar na carreira artística. Estourou nos festivais na década de 1970 e compôs músicas com letras poderosas, como “A palo seco”. Seus sucessos foram gravados por Elis Regina, Jair Rodrigues e Roberto Carlos. Belchior é um artista com vasta cultura, domina cinco idiomas, conhece filosofia e gosta de física quântica. Até os anos 2000, lançava em média um disco por ano. “Ele era uma máquina, chegava a fazer três shows por noite. Era uma pessoa completamente dedicada à carreira”, diz o parceiro e ex-sócio Jorge Mello.

Tudo isso ficou para trás. O sumiço de Belchior lembra o caso do escritor russo Liev Tolstói. Aos 82 anos, ele abandonou tudo para viver como camponês. Tolstói teve um fim trágico – morreu de pneumonia depois de viajar na terceira classe de um trem durante o inverno soviético. Belchior, quanto mais se afasta da vida em sociedade, mais se afunda em dificuldades mundanas.

Capítulo 2
“Onde nada é eterno”
Depois que conheceu Edna, Belchior percorreu uma trajetória descendente em que, aos poucos, se despojou de todos os bens e obrigações. No final de 2006, ainda com a carreira aquecida, pediu que o empresário Jackson Martins parasse de agendar novos shows. Pretendia passar um tempo se dedicando à pintura e à tradução do poema Divina comédia, de Dante Alighieri, para uma linguagem popular. No início do ano seguinte, deixou o apartamento em que vivia com Ângela, mas continuou morando em São Paulo com Edna, num flat alugado. Desde então, a família diz não ter mais notícias dele. Belchior não era um marido muito presente, ficava até dois meses sem aparecer em casa. Teve duas filhas fora do casamento. Uma delas com uma fã que morava em São Carlos, no interior de São Paulo, com quem saiu uma única vez. A outra era fruto de um caso com uma estudante de psicologia no Ceará. Belchior pagava pensão alimentícia para a primeira. A família da segunda menina, hoje com 16 anos, não o acionou na Justiça.

As complicações começaram a aparecer em 2008. Ângela cobrava na Justiça uma pensão mensal de R$ 7 mil. Belchior se recusou a pagar. Na época, deixou de pagar também a outra pensão. Seus amigos notaram uma diferença de comportamento. “Ele parecia estranho. Me ligou perguntando sobre amigos que não vemos há 30 anos, num tom de voz que não era o seu”, diz Jorge Mello. Em outubro daquele ano, abandonou um carro no estacionamento do aeroporto de Congonhas, em São Paulo.

Belchior continuou em São Paulo até março de 2009, quando deixou o flat sem quitar os últimos meses de aluguel. Na garagem, ele largou um segundo carro, e em seu apartamento ficaram roupas, rascunhos de música, cartões de crédito e o passaporte. Belchior também abandonou tudo na casa alugada onde funcionava seu escritório: coleção de quadros, discos, documentos e o computador onde estava parte da tradução da Divina comédia, projeto que lhe consumira três anos. Seu secretário, Célio Silva, continuou abrindo o escritório, na esperança de que retornasse.

 Ricardo Jaeger/ÉPOCA)

RASTROS
Acima, a instituição em Cachoeirinha, Rio Grande do Sul, que abrigou Belchior. Abaixo, o quarto no sítio do advogado Jorge Cabral onde ele ficou hospedado (Foto: Ricardo Jaeger/ÉPOCA)

Belchior viajara com Edna para o Uruguai, onde descansava num vilarejo. Foi processado por Célio e por todos os credores que ficaram em São Paulo. Não se defendeu. Foi representado por defensores públicos até nos processos de pensão alimentícia. Como consequência, suas contas foram bloqueadas, e apareceram dois mandados de prisão contra ele, já que não pagar pensão é um crime passível de cadeia. “Como não tive contato com ele, a defesa ficou restrita a questões formais”, diz a defensora Claudia Tannuri, escolhida para defendê-lo no processo movido pela ex-mulher Ângela. Belchior nem sequer se importou com o destino de seus pertences. As roupas que estavam no flat foram doadas à caridade. A filha mais velha recolheu os documentos. Os carros foram levados para depósitos públicos. A dívida com os estacionamentos já ultrapassava seu valor. O proprietário do imóvel onde funcionava o escritório lacrou o lugar e recolheu os pertences. Seus quadros se perderam com a umidade.

Como na música “Divina comédia humana”, “em que nada é eterno”, Belchior e Edna perambularam durante todo esse período de hotel em hotel – várias vezes, sem pagar a conta. Amigos culpam Edna pela iniciativa. O primeiro hotel em que isso aconteceu foi o Gran Marquise, em Fortaleza. Os dois ficaram hospedados ali ainda em 2006. Saíram sem pagar dois meses de estadia, no valor de R$ 8 mil. Depois, repetiram a prática em pelo menos quatro locais. No Icaraí Praia Hotel, em Niterói, deixaram uma conta de R$ 4 mil. “Alguns funcionários tiveram de arcar com parte da dívida, já que permitiram que ele ficasse hospedado mais de uma semana sem pagar a conta”, diz o atual gerente, Germano Lopes. No Royal Jardins Boutique, em São Paulo, a conta pendurada foi de R$ 12 mil. “Eles deixaram um cheque caução, mas não tinha fundos”, diz Elly Shimasaki, gerente na ocasião.

O caso mais recente foi no hotel Cassino, na cidade de Artigas, no Uruguai, onde o casal se hospedou entre julho de 2011 e novembro de 2012. Os últimos meses ficaram sem pagamento, restando uma dívida de R$ 35 mil. Lá, Belchior deixou para trás roupas e um laptop. 

“É uma lástima que um artista brasileiro dessa importância tenha agido assim”, diz o gerente uruguaio Ricardo Rodrigues. O hotel entrou com uma queixa criminal contra o casal.

Capítulo 3
“Sou apenas um rapaz latino-americano sem dinheiro no banco”
Nos últimos anos, Belchior se manteve à distância de qualquer atividade remunerada. Em 2009, quando o desaparecimento ganhou repercussão nacional, a montadora General Motors ofereceu um cachê milionário para ele aparecer num comercial. Belchior deveria dizer que, com o novo carro da GM, até ele voltava. Belchior recusou o convite e ficou bastante chateado com o teor da proposta. O empresário Jackson Martins diz que recebe constantes pedidos para shows, mas não consegue localizá-lo desde 2007. “Pago as dívidas dele se ele voltar”, diz. Outro empresário que trabalhou com Belchior por quase 30 anos, Hélio Rodrigues, diz que o desaparecimento fez aumentar o interesse do público. “Depois do escândalo, ele consegue lotar qualquer casa de espetáculo. Com dois shows em São Paulo, eliminaria as dívidas”, diz.

Hoje, a maior pendência de Belchior é o processo trabalhista ganho pelo secretário Célio, no valor de R$ 1 milhão. A causa está julgada. Um apartamento de propriedade do músico em São Paulo está em execução. A dívida da pensão para a ex-mulher Ângela soma cerca de R$ 300 mil. Mas cresce a cada dia, já que Belchior continua obrigado a pagar R$ 7 mil por mês. “O sumiço só agravou a situação dele. Se não tem dinheiro, deveria enfrentar juridicamente o processo, argumentando que não pode pagar”, diz Paulo Sato, advogado de Ângela. A pensão atrasada da filha que mora em São Carlos gira em torno de R$ 90 mil. As dívidas com hotéis cobradas na Justiça somam R$ 47 mil. Não são impagáveis, desde que Belchior volte a se apresentar.

A derradeira fonte de renda de Belchior eram os direitos autorais de suas músicas. Segundo o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), nos últimos cinco anos foram depositados R$ 367 mil referentes à execução pública de suas obras. Parte do dinheiro ficou retida quando as contas bancárias foram bloqueadas. Desde então, Belchior não contou com nenhum outro tipo de renda.

Capítulo 4
“Saia do meu caminho, eu prefiro andar sozinho”
Em janeiro deste ano, Edna e Belchior procuraram a Defensoria Pública em Porto Alegre. A história ganhou ingredientes ainda mais estranhos. Os dois alegavam que o bloqueio das contas e os mandados de prisão impediam que ele trabalhasse e voltasse a ganhar dinheiro para pagar as dívidas. Belchior aparentemente estava disposto a voltar. Mas o comportamento do casal era confuso. Edna falava desbragadamente, enquanto Belchior ficava quase sempre calado. “Durante um mês, me informei sobre os processos que tramitam em São Paulo. Fizemos um pedido judicial para a suspensão da execução, até que ele conseguisse se restabelecer. Nesse meio-tempo, Belchior sumiu”, diz a defensora pública Luciana Kern, que o atendeu.

Nesse mesmo período, Edna ligou para o jornalista gaúcho Juremir Machado, que não conhecia. Disse que Belchior estava escondido na cidade e precisava de ajuda. Ela queria que Juremir os levasse à sede regional da TV Record para fazer uma denúncia delirante. Juremir notou algo de incomum no casal. Eles se escondiam atrás de pilastras e ficavam olhando a movimentação nas ruas antes de entrar em algum lugar, como se fossem seguidos. Na retransmissora da TV, Edna afirmou ter um dossiê contra a TV Globo. O programa Fantásticonoticiara o desaparecimento de Belchior em 2009 e a fuga do hotel uruguaio, em 2012. “Ela dizia que Belchior era difamado pela Globo e queria justiça. Falou até que havia uma tentativa de matá-lo”, diz a jornalista Vânia Lain, que recebeu os dois. Eles disseram que voltariam na semana seguinte trazendo os documentos, mas desapareceram.

 Reprodução e arq. pessoal )

CANTOR EM FUGA
À esq., com o advogado Jorge Cabral, que hospedou Belchior em seu sítio em Guaíba, Rio Grande do Sul. Acima, à direita, na União Brasileira de Compositores, abaixo, em um hotel no Uruguai, de onde saiu sem pagar a conta (Foto: Reprodução e arq. pessoal)

Em Porto Alegre, Belchior e Edna ficaram inicialmente hospedados num hotel simples no centro, pago com ajuda dos funcionários do Tribunal de Justiça, primeira porta em que o casal bateu quando chegou à capital gaúcha. Depois, foram abrigados no Centro Infantojuvenil Luiz Itamar, instituição de caridade na região metropolitana. Dali, foram levados ao advogado Aramis Nacif, ex-desembargador do Estado, que poderia ajudar Belchior com os processos. “Ele dizia que um agente apareceria, mas nunca apareceu”, diz Nacif. Durante um mês, o casal ficou abrigado na casa de praia do filho dele. “Eles não tinham dinheiro algum. Edna apresentava um sentimento de perseguição muito grande, parecia ter algum distúrbio psicológico”, diz. Foi nesse momento que Belchior conheceu o advogado Jorge Cabral, na casa de quem se hospedou por quatro meses.

Cabral tomou um susto ao perceber que um músico importante como Belchior estava ali. E os convidou para ir a um sítio de sua propriedade, em Guaíba, local mais agradável. Belchior e Edna continuavam sem dinheiro. Nesse período, o advogado levou mantimentos, roupas, itens de higiene pessoal e até tintura para Belchior pintar os bigodes de preto.

No sítio de Cabral, Belchior não bebia nem comia carne vermelha. Passava os dias tomando chá, caminhando e cuidando das ovelhas. Fazia muitas anotações em papéis, que escondia numa pasta. Durante esse período, gastou duas canetas inteiras. Leu cerca de 40 livros. Não apresentava sinais de depressão. Parecia, segundo Cabral, alheio aos problemas que o cercavam. “Eu imaginava que ele era apenas um compositor nordestino, mas encontrei um artista plástico, um pensador, um filósofo”, diz Cabral. Ele pretende escrever um livro sobre a experiência.

Belchior só não gostava de falar sobre sua situação. Recusava-se a tocar violão e cantar. Edna impedia que ele fosse fotografado. O casal também não tomava nenhuma providência para resolver os problemas jurídicos. “A gente esperava que a situação se resolvesse, mas não acontecia nada. E aquilo não condizia com um homem lúcido, com memória fantástica, que fala várias línguas e tem uma quantidade enorme de músicas gravadas”, diz Jorge Cabral.
“Esse tempo que ele falou que daria na carreira já está longo demais. Só queremos notícias dele”, diz a irmã, Ângela Belchior. Belchior não apareceu nem no enterro da mãe, que morreu em 2011. Por telefone, a ex-mulher Ângela soa reticente. Não gosta de falar sobre um assunto tão delicado com a imprensa. Ela conta que, desde 2007, Belchior não entra em contato nem com os filhos. “Não entendo. Os empresários dele não entendem”, diz.

Em julho deste ano, Cabral pediu que o casal saísse, dado que Belchior e Edna não davam sinal de acabar com aquela situação de total dependência. Ele os deixou na porta da sede regional da União Brasileira de Compositores, com R$ 50 no bolso. Na União, Belchior tentou desbloquear o pagamento de seus direitos autorais, comprometido pelos processos na Justiça. Não conseguiu.

Belchior foi visto pela última vez na entrada do prédio, um edifício moderno num bairro de classe média de Porto Alegre, em frente a uma avenida bastante movimentada. Carregava uma pequena mala nas mãos e material de pintura debaixo do braço. Belchior – na belíssima letra de “Comentário a respeito de John”, ele cantava “eu prefiro andar sozinho” – estava, como sempre, ao lado de Edna.  

Redação

31 Comentários

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  1. É um caso interessante, mas a notícia é de 2013!

    É um caso interessante, principalmente por um cantor de música que tem suas raízes no Nordeste vir se refugiar em Porto Alegre, poderia virar pescador numa praia deserta no Nordeste, aí só pescava e comia, um sandália de dedo, duas os três bermudas e camisetas e ficaria feliz!

    As histórias que correm aqui pelo sul são fantásticas.

  2. Beochior Seixas

    Muito triste. Pela narrativa, a moça tem problemas psicológicos e envolveu Belchior na mesma patologia. Esse comportamento desviante me lembrou Raul Seixas, em relação ao álcool e ao éter. Se houver show dele eu vou nem que seja na Conchichina e seja muito caro. Uma mulher pode levantar ou derrubar um homem. V. Yoko Ono.

    1. Meu caro, não dá  pra comprar

      Meu caro, não dá  pra comprar uma versão de algo que não conhecemos. Muito menos culpar a mulher por isso. Afinal, não foi ela quem largou tantos compromissos. “Uma mulher pode levantar ou derrubar um homem.  V. Yoko Ono.” Além de misógina, a frase traz uma ambiguidade aí, afinal Yoko Ono levantou John Lennon, segundo ele mesmo reconheceu.

       

      1. Como assim?
        Era só o que faltava!

        Faço uma escolha na vida e alego que foi “alguém” que me fez fazer?

        Dá para concordar com isso, Jair?

  3. O Sindico e o Rapaz Latino

    Tim Maia também nao se defendia nos varios processos que sofreu e se perdeu.

    Se deixar com eles, eles levam ate os bodes.

    Amigo, eu me desesperava…

  4. Belchior

    Olá Nassif e blogueiros,

    É triste não entender.

    Cidadão inteligente demais para este século medíocre? Poeta inspirado mas errado demais ao ponto de abandonar laços amorosos com ex esposa e filhos? É muito estranho falar em desapego e ver a ação de abandono da vida, como se fosse um auto exílio imposto a si mesmo…

    Me entristece muito pois suas letras e músicas me embalaram (com razão) antes que ele ganhasse fama…Acho que agora esta triste história vai criar mais uma …poesia do Belchior.

    abraços,

  5. Grato, Morallis. Belchior, um dos grandes

    “um dos grandes”, palavras com que se refere a Sergei Esenin, cujo adeus Belchior musicou: O poeta russo o escrevera em sangue dos pulsos na parede de um quarto de hotel. http://allpoetry.com/-Goodbye,-my-friend,-goodbye–  Medo:  palavra muito presente em suas músicas. A solidão das capitais, a solidão em família (sim, temas recorrentes em poetas, mas muitíssimo presente em suas letras). Tristeza ( “Na Hora do Almoço”, com que ganhou um festival). 

     

     

     

    1. cd “Baihuno” e http://samlib.ru/w/wagapow_a/yesen.shtml

      CD “Baihuno” onde consta que “Até mais ver” é “Adap. de poema de Serguei Iesslenin” (sic). Claro que traduzido por ele. Faz tempo, num especial da Globo sobre música e poetas russos, ele cantou, a meu ver – ou ouvido… –  ainda melhor do que na gravação no cd: se me lembro, como se fosse hoje, é somente porque foi muito marcante, nunca tinha nem ouvido falar em Esenin, ou Yessenin, ou Yesenin, ou Iesenin, ou Iessenin.

      http://samlib.ru/w/wagapow_a/yesen.shtml

      1. um sinal ou outra viagem

        Note-se um detalhe, a letra “l “no meio do sobrenome do poeta, e… outro sobrenome… que surge. Um “l ” escrito só e somente assim nos créditos postos na contracapa do CD, vasculhei a web e não há tal letra… (seria mais um sinal de Belchior ? um dos grandes ).

        1. “E esse jeito de deixar sempre de lado a certeza

          E arriscar tudo de novo com paixão

          Andar caminho errado pela simples alegria de ser / Meu bem, vem viver comigo, vem correr perigo , vem morrer comigo / Talvez eu morra jovem, alguma curva no caminho, / algum punhal de amor traído, completara o meu destino. / Meu bem, vem viver comigo, vem correr perigo / Vem morrer comigo, meu bem, meu bem, meu bem / Que outros cantores chamam baby –  (Coração Selvagem)

  6. É complicado.
    As vezes

    É complicado.

    As vezes conhecemos o artista, mas não a pessoa.

    Quem conhece de perto e era próximo deve saber de algo mais, mas talvez não diria…

  7. ALUCINAÇÃO

    ALUCINAÇÃO

    Belchior  Eu não estou interessadoEm nenhuma teoriaEm nenhuma fantasiaNem no algo maisNem em tinta pro meu rostoOu oba oba, ou melodiaPara acompanhar bocejosSonhos matinais Eu não estou interessadoEm nenhuma teoriaNem nessas coisas do orienteRomances astraisA minha alucinaçãoÉ suportar o dia-a-diaE meu delírioÉ a experiênciaCom coisas reais Um preto, um pobreUma estudanteUma mulher sozinhaBlue jeans e motocicletasPessoas cinzas normaisGarotas dentro da noiteRevólver: cheira cachorroOs humilhados do parqueCom os seus jornais Carneiros, mesa, trabalhoMeu corpo que cai do oitavo andarE a solidão das pessoasDessas capitaisA violência da noiteO movimento do tráfegoUm rapaz delicado e alegreQue canta e requebraÉ demais! Cravos, espinhas no rostoRock, Hot Dog”Play it cool, Baby”Doze Jovens ColoridosDois PoliciaisCumprindo o seu duro deverE defendendo o seu amorE nossa vidaCumprindo o seu duro deverE defendendo o seu amorE nossa vida Mas eu não estou interessadoEm nenhuma teoriaEm nenhuma fantasiaNem no algo maisLonge o profeta do terrorQue a laranja mecânica anunciaAmar e mudar as coisasMe interessa maisAmar e mudar as coisasAmar e mudar as coisasMe interessa mais  

  8. Sem julgamentos

    A história vale por si só, como um conto de desgarramento radical que não se explica de modo algum pelo óbvio.

    Último “beat” do crepúsculo de uma era? Rimbaud às avessas e à direita… ou melhor, à esquerda? Tolstoi dos trópicos? Último porra-louca a chegar a pé de Woodstock?

    Ele sabe que, se voltar e tentar virar um “homem responsável”, mesmo que só para pagar as dívidas, com o cinturão cheio de ouro midiático, terá traído o que começou, e vai morrer de gangrena espiritual em um hospital do glamour (que não vai ser de Marselha). Claro, hoje em dia a maioria das histórias acaba em farsa… Há uma probabilidade.

    Mas… e se essa não acabar nunca? E se ela ficar nos trilhos do trem em algum lugar da Sibéria?

    (P.S.- No final dos anos 90, vez ou outra eu encontrava o Belchior na hoje defunta Livraria Brasileira, um sebo sensacional na Av. Rio Branco, no centro do Rio. Por aquela época, era como se o tempo dele, do grande sucesso, do show business, já tivesse passado, e ele tivesse se tornado apenas um “homem de letras”).

  9. Os amigos precisam continuar tentando ajudá-lo.

    Afinal ninguém está livre de problemas na vida.

    Se servir de apoio, saiba que assim que ele voltar o público estará esperando pelas inesquecíveis canções.

     

  10. Quando li lá no blog do Morallis, senti um misto de pena com

    certa incompreensão, porque é dfícil processar essa escolha do Belchior, em um mundo capitalista como este em que estamos inseridos da cabeça até os dedos dos pés.

    Fiquei pensando que pelo que de bom ele produziu e me encantou durante tanto tempo, gostaria de poder ajudá-lo de algum modo.

    Penso que essa matéria já está fazendo isso.

    Do ponto de vista de escolha de vida, tem ele toda a liberdade para fazer dela o que desejar. Talvez não com sofrimento, todavia. E parece que tem sofrido por não poder acertar seus compromissos e dívidas.

     

    Cantar é com ele. Compor também.

    Desde ontem passei a reescutar meus LPs dele. Parecia que isso me ajudaria a compreender o que lhe aconteceu. 

    Não sei.

     

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=ltCHLhtGOZ4%5D

     

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=c1Ozf8qoBKk%5D

     

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=Wk9JsWYIlWE%5D

     

     

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=yeNPo8cdj_8%5D

     

     

     

    1. Belchior

      Fecho com voce, Odonir! Tambem, so que ha meses, tenho “relido” as composicoes de Belchior e, assustadoramente, “pensado comigo” que “a vida e muito diferente. Quer dizer, a vida e muito pior”.

  11. para viver neste mundo sem

    para viver neste mundo sem pagar as contas só mesmo fundando uma seita e arrumando um número razoável de seguidores. Pq querer ser um fora do sistema ou um delirante rapidamente se esgota na falta de opção. Que ele consiga achar alguém q o ajude a desatar esse nó

  12. O que há de novo?

    Essse texto é do ano passado ou retrazado.

    Tudo bem, nunca é demais replicar, até para ver se alguem tem noticias frescas sobre o paradeiro do artista.

    Mas avisem ne! Fui lendo um parágrafo aqui pulando outro e me recordando que nada foi acrescentado de novo.

    É um puta texto, tocante e coisa e tal, mas dá um toque da próxima vez, se não a coisa desanda.

     

    1. Não há nada de

      Não há nada de novo!

      Exatamente por isso que postei..ele permanece desaparecido!

      Sacou?Legal postar algo sobre o “Amarildo” tambem, mesmo

      se tratando  de situações diferentes.Enfim é legal perceber que

      nem todos tinham conhecimento dos “meandros” que envolvem

       o caso..desaparecer simplesmente é causa de sofrimento para

      fãs ..imagine familiares?Gente que some tem que ser lembrada.

      O blog tem função de utilidade pública tambem.Procura-se

      Belchior! Se desandar a gente “encana”.

      Me perdi..viva as reflexões!

      1. Parabéns, Morallis !!! Mil parabéns e reconhecimento

        Te parabenizei (e agradeci) pelo post, pela tua colaboração. (Veja mais abaixo). Graças a você ! Só sabia pequena parte do que é narrado, por Porto Alegre, onde vou de vez em quando ou por alguém que me email alguma coisa de lá (Pena que haja quem não reconheça). Novos parabéns !

        1. (tolices minhas ao me referir a coisas estranhissimas nos Posts)

          Pena também são dessas coisas estranhissimas: é que levei 1 estrelinha – sim, as estrelinhas variam muito conforme faixas de horário – nem sei , nem fui ver como estão agora). Mas não entendi (não entendo um bocado de coisas, tem gente que pensa que sou conhecedor disso ou daquilo – cultura, música, p. ex. e uma pontinha de política (tá certo, por aqui, faço alguma pose, em parte como charada, em parte pra brincalhãs cutucadas ). Faltam humor, humor negro, azul, amarelo, branco – ah, o humor delicioso dos judeus consigo próprios !

  13. Até para rejeitar totalmente o capitalismo. . .

    Até para rejeitar o capitalismo é preciso de dinheiro, náo dá para comer sem dinheiro, nem  dormir em hotel, nem comprar roupas, etc. Não que eu ache certo o que Belchior e sua nova companheira estão fazendo, mas se querem viver sem o vil metal, e rejeitar totalmente a civilização capitalista, seria melhor viverem entre os índios.

  14. Belchior sempre me pareceu

    Belchior sempre me pareceu uma espécie de gênio da música popular brasileira pela qualidade, inquestionável de suas canções, que caíram no gosto de todos os brasileiros como inesquecíveis, e sempre atuais. 

    O que dizer sobre essas colocações, que devem ser verdadeiras, mas a gente nunca há de saber, ao certo, as razões de tanto mstério, porque a vida é um mistério, e todo homem é singular, carrega consigo suas verdades, suas angústias, enfim, são tantas as perguntas a se fazer sobre essa conduta de Belchior. Aproximando-se dos 70 anos, quem sabe ele não esteja vivendo durante esse tempo algum distúrbio de ordem psíquica, ou até mental. Somente ele poderia dar as respostas, porque é tudo muito complicado, como o cara não ter grana, dando calotes por onde passa, quando tem chances de ganhar com comerciais, ou voltando a cantar para os fãs. Complicado! 

  15. Belchior

    Que história fantástica de vida tem esse cara!

    Como nossa música já foi rica! E hoje, tirando rarissimas exceções, vivemos essa realidade indigente…

    Um ídolo da minha adolescência, como Chico, Alceu, João Bosco, Gil, Gal (onde anda Gal?), Bethania e Paulinho da Viola.

  16. Sem suavizações politicamente corretas

    A impressão que tenho é de que muita gente está romanceando os fatos. Ele está sendo irresponsável e egoísta sim, pois mesmo que não quisesse rever a ex-mulher ele tinha o dever de ao menos manter contato com as filhas. Se essa mulher o estimula a agir assim, ela está sendo mais irresponsável ainda. É muito fácil dizer que eles “resolveram se desapegar e viver segundo as próprias utopias” às custas dos outros. Se a vontade dele era essa, ele poderia fazer voto de pobreza, entregar tudo aos filhos e virar hippie com ela em São Tomé das Letras. Seria muito mais coerente.

     

    E em tempo: muitos questionam até que ponto Yoko Ono influenciou John Lennon positivamente. Não só ela o induziu a se interessar por filosofias questionáveis como o fez acreditar que podia transformá-la em cantora. E principalmente, manipulou-o a tal ponto que até prejudicou o relacionamento dele com seu filho Julian.

  17. Belchior

    A última postagem nesse blog é de Julho de 2015. Como muitos outros tenho uma curiosidade imensa de saber sobre a atual situação do Belchior. Está em Porto Alegre ? Faz o que ?? Alguma notícia ?

     

     

  18. Deixem belchior em paz

    Meus caros,

    “Olha…eu gostaria de ter uma mensagem muito concreta, assim muito direta, que pudesse salvar as pessoas… pudesse encaminhá- las. Mas eu mesmo não tenho essa mensagem sequer pra mim. De tal forma que eu não… eu acho que…não devem me seguir porque eu também estou perdido né… cada um deve ou fazer ou encontrar o seu caminho, e sobretudo o seguinte, não façam como eu, inventem!

    Ou melhor,  façam como eu inventem.”

    Belchior.

    Esta é a resposta de Belchior para vocês.

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