Os desafios políticos para 2014 e 2015

 

Vamos a uma atualização do nosso Jogo das Guerras Políticas.
 
O objetivo é monitorar as condições do tempo na democracia brasileira, levando em conta os principais atores que emergiram nos últimos tempos: Executivo, Congresso, STF (Supremo Tribunal Federal) e PGR (Procuradoria Geral da República).
 
Desde o impeachment de Collor, a velha mídia sempre buscou o protagonismo político. A partir de 2005 houve uma radicalização maior, ao assumir de fato o papel de carro-chefe da oposição. Com o julgamento do “mensalão” emergiram dois novos atores, o STF e a PGR.
 
Entendendo o fluxograma
 
O ponto central de vulnerabilidade do modelo seria o fator “Clamor da Mídia” adquirir tal dimensão que inluenciasse o Congresso e o STF, permitindo o chamado golpe branco – pelo Congresso, similar ao que levou ao impeachment de Collor; ou pelo STF, a exemplo do que ocorreu recentemente em republiquetas latino-americanas.
 
Há dois fatores atuando simultneamente sobre o estado de espírito do público midiático: o político e o econômico.
 
 
O lado politico
 
Do lado político, a arma mais eficaz é o fator “Escandalização”. Do lado econômico, o fator de maior turbulência é a “Inflação”.
 
O uso abusivo do escândalo como material jornalístico produziu a chamada fadiga de material. Daí esse interregno atual, que deverá ser rompido à medida em que se aproxime  o ano eleitoral de 2014.
 
Permanecem no ar combustíveis que ganharão maior ou poder de fogo dependendo do quadro econômico. O principal deles são os megafinanciamentos do BNDES. A indicação do novo vice-presidente do BNDES por Dilma Rousseff visou monitorar os passos do presidente Luciano Coutinho, identificando financiamentos vulneráveis e buscando soluções de mercado antes que explodam – como a Marfrig – em ano eleitoral.
 
O fator “Guerra Fria” perdeu a eficácia devido ao próprio estilo de governo de Dilma e à enorme indigência intelectual do discurso retrógrado.
 
O lado econômico
 
Há um conjunto de bombas de efeito retardado, que deverão começar a ser desarmadas apenas a partir de 2014. A principal é a vulnerabilidade das contas externas. De qualquer modo, há reservas cambiais em valor suficiente para permitir a travessia até as eleições.
 
A inflação não deverá se constituir em problema. Nos próximos meses deverão refluir alguns preços relevantes. O crescimento deverá ser retomado, ainda que de maneira discreta. Em todo caso, nada que leve a um aumento significativo do desemprego.
 
Inflação e emprego sob controle, numa ponta, ausência de oposição competitiva, na outra, não ajudarão a melhorar a gestão pública. Permanecerá a centralização administrativa dos projetos e as medidas pontuais da Fazenda de alívio gradativo a setores da economia.
 
O fator Congresso
 
Com a adesão final do PSD ao governo, com o PSDB sem conseguir definir uma agenda, e com Eduardo Campos sem conseguir definir seus palanques, amplia-se o favoritismo político de Dilma para 2014 e, consequentemente, há um aumento do poder de atração da base de apoio.
 
O fator Justiça
 
Com o fator “Clamor da Mídia” contido, reduz-se o potencial desestabilizador do STF. Sem os holofotes, Celso de Mello voltou a ser moderado, Marco Aurélio a ser prudente, Lewandowski manteve-se sábio e as Ministras preservaram a discrição. Neste momento, os feitos de Joaquim Barbosa, Gilmar Mendes e Luiz Fux, devem-se à natureza individual de cada um, sem nenhum fator que provoque a sinergia entre os estilos.
 
Quanto ao Procurador Geral da República, em poucos meses estará fora do cargo, mais ignorado – por ser menos deslumbrado – que o ex-Ministro Ayres Britto.
 
Olho em 2015
 
O grande desafio, agora, é tentar prever 2015.
 
Se a presidente Dilma Rousseff fosse um “cadiquinho” (como se diz em Minas) só menos auto-confiante, seria melhor para ela e para o país. A esta altura, estaria indicando uma equipe para preparar a estratégia de 2015, quando o país encarará sua hora de verdade com o câmbio e o upgrade do modelo de gestão atual.
 
 
 
Luis Nassif

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